Um dos maiores e mais subestimados baixistas da história do Rock, o britânico é o responsável por algumas obras primas do estilo. Nascido John Richard Deacon, em 19 de agosto de 1951, em Leicester, Inglaterra, foi o último a ser efetivado no Queen, e o mais jovem também, aos 19 anos de idade, em fevereiro de 1971, depois de conhecer Roger Taylor e Brian May numa discoteca.
Filho de Arthur Henry e Lilian Molly Deacon, tendo uma irmã 5 anos mais nova, chamada Julie, John Deacon logo se interessaria por eletrônica, lendo revistas sobre o assunto e até construindo pequenos dispositivos, como a modificação de um toca-fitas para gravar músicas diretamente do rádio, isso ainda bem jovem, nos anos 60.
Começou a tocar guitarra base em sua primeira banda que se chamava The Opposition, em 1965, aos 14 anos de idade. A banda tocava covers dos sucessos da época e ele só se transferiu para o contra-baixo no ano seguinte, após a saída do baixista, que fora demitido. Além de tocar, Deacon era o arquivista do grupo, juntando recortes de jornais que citavam a banda. Permaneceu na banda por cerca de 4 anos, tendo inclusive gravado um compacto (hoje chamado de EP) com 3 músicas. Deixou a banda, que depois passou a se chamar The Art, em 1969. O motivo foi sua admissão para estudar no Chelsea College, que agora é parte do King’s College London. Ali, ele obteve um diploma em eletrônica, em 1971, época em que conheceu Roger Taylor e Brian May, numa discoteca.
O mais interessante é que ele chegou a ver uma apresentação do embrionário Queen, em outubro de 1970 e não chegou a se impressionar com o que viu. No final daquele ano, fez uma única apresentação no Chelsea College, com uma banda que se apresentou com seu nome.
Como foi sua entrada no Queen?
Um amigo lhe disse que o Queen havia perdido seu baixista e o apresentou a Taylor e May. Alguns dias depois, em uma sala de aulas no Imperial College London, ele fez o teste e por ser quieto, ter habilidades elétricas e claro, pelo seu talento musical, foi escolhido para integrar a banda. Reza a lenda, que John Deacon foi o sétimo baixista a fazer o teste, mas fontes mais recentes afirmam que foi o quarto, depois de Mike Grose, Barry Mitchell e Doug Bogie. Seu primeiro show como baixista do Queen foi em junho daquele ano no College of Estate Management em Kensington.
Sobre a sua entrada no Queen, relembra John Deacon: “Antes de tudo, eu conheci Roger e Brian em uma discoteca. Eu ouvi falar que eles estavam procurando por um baixista, então eu conversei com eles – e realmente tinham feito até audições algumas semanas antes, mas não conseguiram encontrar ninguém que parecia se adequar. Freddie já estava em cena até então, por isso a minha entrada foi a formação final do Queen como somos hoje”.
Por sua personalidade quieta e branda, John Deacon era apagador de chamas, quando os demais entravam em conflitos
Uma curiosidade sobre aqueles primeiros anos se referiu aos créditos de Deacon nos álbuns do Queen. No álbum de estreia “Queen”, lançado pela EMI, em 1973, seu nome aparece invertido nos créditos. Achava-se que Deacon John soaria mais interessante, porém, a partir do segundo álbum “Queen II” (1974) em diante já era identificado corretamente como John Deacon.
Deacon se destacou também nas composições, tendo escrito alguns dos maiores sucessos do Queen, e por que não dizer, do Rock. Sua primeira composição com a banda, a música “Misfire”, aparece no terceiro álbum “Sheer Heart Attack” (1974). Nesse álbum ele também co-escreveu “Stone Cold Crazy”, além de ter tocado algumas partes de guitarra devido a uma hospitalização de Brian May, por hepatite, durante as gravações. Já no quarto álbum da banda, “A Night at the Opera” (1975), Deacon emplacou seu primeiro grande sucesso, compondo a faixa “You’re My Best Friend”, dedicada à sua futura esposa Veronica.
Uma das paixões de Deacon na música era a Soul Music e isso influenciou todo o seu jeito de tocar. Várias músicas do Queen levam essa marca registrada de John Deacon e seu baixo marcante. Outro grande sucesso da banda, que deixa isso bem evidente é a clássica “Another One Bites the Dust”, do álbum “The Game” (1980). Por causa desta influência da Soul Music e o direcionamento musical pretendido por Deacon e Mercury, chegou a haver discussões acaloradas entre Deacon e May, por este insistir em gravar as partes de guitarra em suas composições por achar que May não conseguiria imprimir o estilo pretendido por ele.
John Deacon não se limitou a seu trabalho como baixista do Queen, tendo participado de diversos outros projetos, ao longo dos anos 80. Ele tocou no single “Picking Up Sound”, do Man Friday & Jive Junior, um supergrupo que também conta com Scott Gorham (Thin Lizzy), Simon Kirke e Mick Ralphs (Bad Company) e Martin Chambers (The |Pretenders) e tocou com The Immortals, que lançou a faixa “No Turning Back” como parte da trilha sonora do filme “Biggles: Adventures in Time” (1986). Deacon tocou baixo no single de Mercury com Montserrat Caballé “How Can I Go On”, do segundo álbum solo de Freddie Mercury “Barcelona” (1988) e também trabalhou com Elton John e Errol Brown (Hot Chocolate).
John Deacon ficou muito abalado com a morte de Freddie Mercury, a quem dizia ser insubstituível e que sem ele não seria possível continuar. Sua decisão de se aposentar da música foi corroborada após sua última apresentação com seus companheiros de banda e Elton John, nos vocais, na música “The show must go on”, na abertura do Bejart Ballet, em Paris, em 17 de janeiro de 1997. Deacon se recusou a participar dos futuros projetos do Queen, tanto com Paul Rodgers, quanto com Adam Lambert e não compareceu à cerimônia de indução do Queen ao Rock’n’Roll Hall of Fame, em 2001. Desde então, Deacon está apenas envolvido com o lado comercial do Queen, decidindo ficar sempre de fora dos holofotes. O filme biográfico, de grande sucesso, “Bohemian Rhapsody” (2018), onde ele é interpretado pelo ator nova-iorquino Joseph Mazzello e vencedor de 4 Oscars, teve sua aprovação.
Por suas habilidades musicais e de composição, John Deacon cedeu seu nome para uma espécie de libélula encontrada no Brasil, em 2013. Outras libélulas desta espécie receberam os nomes dos demais membros do Queen.
John Deacon é casado com Veronica Tetzlaff, desde 1975, tem 6 filhos e vive com a família em Putney, no sudoeste de Londres. Diz ele que suas maiores influências são Chic, Michael Jackson e Stevie Wonder e seus baixistas favoritos Chris Squire (Yes) e John Entwistle (The Who).
Por escrever músicas como “You’re my best friend”, “Another one bites the dust”, “I want to break free”, clássicos eternos do Rock, dentre outras músicas escritas por ele ou co-escritas pelo quarteto britânico, John Deacon tornou-se um dos maiores baixistas da história do Rock.