É de se esperar que uma banda como o Bayside Kings possua sua devida notoriedade com os ouvintes do gênero e muitos outros , é um grupo que sabe como tocar o público com letras elaboradas precisamente. Nesta entrevista temos as respostas de Milton Aguiar, sobre essa percepção da música no Brasil, planos diante a pandemia e muito mais. Confira;
Pedro Hewitt – Satisfação demais em poder entrevista um dos importantes da nova safra do Hardcore nacional. Como vocês estão?
Milton Aguiar – Salveeee, obrigado demais pelo convite para bater este papo e valeu pelo título. Nós estamos bem dentro das possibilidades do momento, se cuidando, tanto mentalmente como fisicamente e de passo a passo construindo nossas paradas com muita segurança e foco no objetivo.
Pedro Hewitt – Qual dos integrantes teve a ideia do nome pra banda? Nos conte mais sobre o significado.
Milton Aguiar – Esse lance do nome é engraçado demais. A gente queria um nome para a banda que lembrasse algo de praia, porque nós aqui tinhamos o senso de localismo muito forte e tinhamos uma lista com uns 100 nomes, este foi o “menos pior”. Gostaria de ter uma história louca para o nome, mas na verdade esta era a mais certa da lista, lembro que tava entre BAYSIDE KINGS e WARDOGS. Lembrando que o nome não significa que somos reis de porra nenhuma, é só um nome, mas hoje acreditamos que ele tem um peso que é a constituição de tudo que já fizemos nesta década vivos.
Pedro Hewitt – Qual é a melhor e a pior parte de ter uma banda do gênero de vocês num país como o Brasil?
Milton Aguiar – Viver de hardcore punk no Brasil é utópico, então se alguém ta querendo ter uma banda assim achando que vai virar rockstar, repense. A melhor parte de ter banda, é construir algo, arte, entrelaçando entretenimento e política. Conhecer pessoas por todos os lugares do mundo e conseguir com isto estreitar relacionamentos, estar em lugares os quais nunca estive e viver novas realidades e culturas. A pior coisa é estar na mesma linha do tempo de um regime totalitário e ver isto sendo replicado por pessoas que virarão desconhecidos pelas suas ignorâncias.
Pedro Hewitt – O Bayside Kings surgiu em 2010, uma época boa ou ruim para iniciar os trabalhos de Hardcore melódico? Consideram um movimento ainda relevante como era antes?
Milton Aguiar – O BSK em uma visão minha mais romântica, ele apareceu quando eu tinha desistido de tudo, de ter banda, de estar conectado com a cultura do hardcore punk, quando em menos de 20 minutos após esta decisão, eu fui “resgatado” por um grande amigo, o Choco, que deu a idéia do BSK. Não acredito que somos uma banda de hardcore melódico, pelo fato de mesclar melódica e peso, jogamos misturando elementos destes extremos, tornando o que chamamos carinhosamente de “melodicamente agressivo”. Consideramos relevante sim ter uma banda hoje em dia, enquanto tivermos inconformidades e coisas para dialogar, aprender, lutar e transformar, ainda terá Bayside Kings.
Pedro Hewitt – Estamos vivendo uma situação muito complicada que não sabemos aonde vai parar, mesmo com a vacinação correndo, temos um problema de um vírus maior; o (des)presidente. Musicalmente vocês são antifas, plenos e decididos em qual lado estão defendendo, mas uma pena ver tantas bandas mostrando seu lado mais obscuro e sem razão alguma. O que podem falar a respeito?
Milton Aguiar – Difícil julgar o próximo, mas acreditamos que tudo que está acontecendo, só está aflorando a constituição das pessoas e externando isto. Infelizmente, tem muita gente que está envelhecendo de um jeito ruim, intolerante e com pré-conceitos em ações. Como também tem muita gente replicando discursos sem pensar por si mesma. Então tem que existir mais diálogo, educação e quem esta na linha de frente e cada um de nós, lembrarmos que temos, nome, rosto, voz e existimos, temos que fazer valer quando dermos com face com essas paradas que vão contra qualquer preceito de humanidade.
Pedro Hewitt – Levando em conta a situação anterior; estamos com a onda de pessoas dentro do nosso cenário com a cabeça se achando os superiores, os que sabem de tudo, os doutores em tretas. Qual a opinião de vocês sobre esse cenário underground atualmente? Vocês acham que precisa melhorar alguma coisa, mesmo levando em conta os pontos mais positivos?
Milton Aguiar – Qualquer pessoa que leva a vida em uma escala vertical se superioridade, quando temos contato com ela, colocamos de lado. Eu, Milton, tenho muitas críticas dentro da nossa comunidade do hardcore punk, no qual eu acredito que falta muita conversa para nos atualizarmos com o mundo e os modos operandi em tudo que envolve as nossas ações. Pensar global e agir local.
Pedro Hewitt – Com a pandemia existente, a área cultural ficou extremamente prejudicada, já é difícil para nós do Underground, imagina agora. Paralisação dos setores, pausa de ensaio do dia pra noite, restrições e lives estão tentando nos deixar confortável no momento. Como lidaram e lidam com isso?
Milton Aguiar – Para nós, foi uma época de resgate de sentimentos do começo e como criar oportunidades sem se colocar em risco, então nós aprendemos a produzir a distância, tiramos tempo para estudarmos nossas habilidades para melhorar performance, aprender novas skills, condicionar corpo e mente, tentar ficar vivo, lamentar a saudades dos nossos amigos, amigas e familiares que infelizmente não estão mais aqui durante esse momento.
Possuímos também uma sala de estúdio locada somente para nós o que nos ajuda muito a produzir pessoalmente quando da sem contato com terceiros e escolhemos alguns momentos confortáveis para executar lives e seguimos assim, fazendo o que dá, quando dá, com segurança e muito planejamento.
Pedro Hewitt – Sobre o Noise Knob, como se deu a parceria e execução de todo o trampo?
Milton Aguiar – Acredito que todo o line up do evento foi selecionado a dedo pelos feitos e forma de trabalho nos últimos anos, casado com a temática do NK. Queremos deixar aqui nossos parabéns registrados, pois no dia do trabalho, toda a equipe do NK, profissionalismo puro e recepção ímpar como todo mundo deveria fazer, parabéns aos envolvidos!
Pedro Hewitt – ”Música nova em português”, um informativo muito atrativo para os fãs de vocês que esteve incluso no Noise Knob. Qual a importância do português hoje em dia no Underground?
Milton Aguiar – Com tudo que estamos passando, principalmente se falando de Brasil sociopolítico, é importante demais deixar a mensagem #livreparatodos, linear e sem interrupções. E com o lançamento do nosso primeiro single “EXISTÊNCIA”, estamos bem felizes com o feedback de toda comunidade e acreditamos que é um começo que será totalmente crescente para quem estiver conosco. Um detalhe, escolhemos o NK para ser o primeiro lugar a termos uma apresentação ao vivo e em português deste som.
Pedro Hewitt – Planos pós pandemia? O que podemos esperar da banda?
Milton Aguiar – Os planos já estão sendo executados, estamos trabalhando o #livreparatodos, nosso novo álbum com músicas em português. Estamos preparando todo material que vai além de apenas música para todo mundo que caminha com a gente e para as pessoas que estão conhecendo a banda neste momento e estamos ´prontos para cair na estrada quando for seguro para geral. Então temos este belo storyteller do álbum que com certeza vai dar o que falar junto com músicas do nosso melhor momento como banda.
Pedro Hewitt – O espaço é totalmente de vocês. Estamos ás ordens. Grande abraço
Milton Aguiar – Obrigado a todos pelo suporte por chegar até aqui, você que estiver lendo isto, você é a diferença, é quem mantém a chama acesa e para quem está nos conhecendo agora, sejam bem vindos e bem vindos, cuidem-se, pois logo menos está chegando a hora de estarmos todos juntos, tudo nosso e nada deles, só força para todos e fora Bolsonaro.
Abraço
MILTON AGUIAR
BAYSIDE KINGS
(13)991960880
Fotos por; Facebook, divulgação.
Para mais informações, shows e merchandise: https://www.facebook.com/baysidekings/
Fonte: Detector de Metal
“Essa nota é originada de colaboração externa à Roadie Metal, sem vínculo com a linha editorial do site”