O primeiro álbum autointitulado da banda mineira Barril de Pólvora, abriu caminhos em 2018 para uma aceitação que chegou até mesmo em outros países. Mas o quarteto formado por Flavio Drager (vocais), Emerson Martins (guitarras), Alexis Bomfim (bateria) e Saulo Santos (baixo) tinha muito mais a entregar ao seu público. Dessa forma, se iniciou o processo de composição do segundo CD lançado pela ROADIE METAL DIGITAL que se chamou “Catástrofe”, com a mesma receita de produção e parte musical amplamente melódica e pesada. Para detalhar mais sobre isso, convidamos os membros da banda para uma entrevista que você confere a seguir.

A banda prometeu um álbum com algumas distinções em relação ao primeiro e entregou. Com um álbum bem mais versátil, que foi o “Catástrofe”, vocês acreditam que chegaram a uma outra identidade, ou continuarão explorando mais sonoridades?

Saulo Santos: Nós continuaremos sim explorando mais sonoridades, pois essa é a essência do Barril, não ficar preso a um só estilo, e todos aqui estamos livres para apresentar as mais variadas ideias! E para o próximo álbum será da mesma forma, novidades a caminho!

Há uma presença mais forte do baixo no segundo disco. A música “Catástrofe”, por exemplo, recebeu um belo trato neste setor. Existiu uma dedicação extra da banda para essas partes saírem com bastante imponência?

Saulo: A presença mais evidente do baixo no segundo álbum deve-se a maior liberdade de criação, pois participei ativamente da criação de todas as músicas (quando cheguei na banda em 2016 as músicas do primeiro álbum já estavam praticamente prontas). Nos dois álbuns houve muita dedicação e certamente para o próximo também.

Atualmente, é comum bandas maquiarem o seu repertório ao vivo com samples, playbacks etc. para garantir um show sem falhas no palco. Obviamente, não é o caso da Barril de Pólvora, mas como vocês conseguem tocar ao vivo com a simetria e timbragem dos álbuns em estúdio em quase 100%?

Alexis Bomfim: Somos simplistas. Depois da experiência do primeiro álbum, decidimos gravar o segundo álbum utilizando o máximo de equipamentos próprios para que, quando fossemos executar ao vivo, a timbragem ficasse o mais próximo da do álbum de estúdio. Mas para funcionar bem ao vivo, há algumas coisas que sempre fazemos: o nosso técnico de som (Carlão) é o mesmo desde o primeiro álbum, o Saulo e o Emerson sempre levam o mesmo equipamento que foi utilizado na gravação em estúdio, e o bumbo e a caixa da bateria são ‘trigados’ com o som original do álbum. Sem contar com a dedicação de todos nos ensaios.

De todas as músicas do “Catástrofe”, “Fúria” é a que se distancia mais da proposta original da banda. Ela tem mais peso e velocidade do que as habituais composições do Barril de Pólvora. Como surgiu a ideia de colocá-la no álbum?

Emerson Martins: A princípio, ‘Fúria’ seria uma música somente instrumental, mas no decorrer da pré-produção do álbum a maioria da banda chegou à conclusão que a música merecia uma letra, o que todos acabaram gostando. Quanto a velocidade e o peso da música, que achamos que tem tudo a ver com o título, são nossas influências do metal pesado, Heavy/Thrash Metal. Com certeza, no próximo álbum essa pegada também vai estar presente entre nossas músicas.

No debut de 2018, algumas músicas como “Muito Papel pra Pouca Solução” foram compostas com crítica social em sua mensagem. O segundo álbum me parece um pouco mais metafórico, mas o existencialismo está presente em músicas como “Mente da Libertação”. Foi uma escolha ser menos explícito nas letras?

Flavio Drager: Na verdade, foi um processo natural refletindo nosso ‘modus operandi’, uma vez que nosso segundo álbum foi totalmente concebido pela atual formação. No debut, haviam muitos elementos resultantes da participação dos primeiros membros, ou seja, do Vinícius que ocupava a bateria e do Thiago que ocupava o baixo. O Emerson (fundador do Barril) foi o principal letrista em nosso primeiro álbum, mesmo assim, ‘Muito Papel pra pouca Solução’ foi escrita pelo Thiago, tanto letra quanto os riffs da ideia central seguindo seu estilo mais ‘questionador’, por assim dizer. Em nosso segundo álbum, ‘Catástrofe’, houve uma participação muito mais considerável por parte de todos os membros como letristas, a maioria das letras tem ‘pitaco’ de todos nós, o Emerson continua assinando a maior parte da autoria das letras, mas também tem letra que escrevi de forma individual. Eu e Alexis (‘Mente da Libertação’ e ‘Fúria’, respectivamente), denotando nossos ‘estilos’, imprimindo às músicas, esse caráter mais metafórico convidando nossos fãs a se identificarem com nossas letras de uma forma mais subjetiva e intimista, acreditamos que não seria uma nova receita, mas sim uma adição ao que já fazíamos nos preocupando sempre em entregar uma música de qualidade com letras escritas e cantadas em português, sem nenhuma forma caricata.

Voltando a falar sobre a cozinha, nota-se uma performance mais solta na bateria, que também configura uma das principais mudanças na banda, com pegadas mais fortes e frases mais longas. De onde saiu toda essa inspiração?

Alexis: Como ‘Catástrofe’ foi um álbum criado do zero, com a formação atual, há uma influência individual maior de todos os integrantes. Então as mudanças vieram de maneira muito natural e cada um pode trabalhar de forma que achasse mais confortável… e deu no que deu! Mas a bateria é o resultado do trabalho em conjunto. O processo de criação do ‘Barril’ é muito intenso e todos os integrantes são responsáveis pela produção musical.

Não poderia faltar o “blueszão” da Barril e, “Para o Mundo não Parar de Girar”, é quem faz as honras. Em um terceiro disco a banda continuará enveredando por este caminho?

Emerson: Com certeza, vai ter mais pitadinha de Blues misturada ao som pesado. As nossas influências vêm desde o Blues até o Metal, que é nosso carro chefe, porém gostamos de fazer essas reverências a outros estilos que gostamos.

Como foi trabalhar com a maior parte do pessoal que produziu o primeiro álbum?

Alexis: O processo de gravação de um álbum é um processo complexo, demorado e que envolve muitas pessoas. Como funcionou bem no primeiro álbum e o resultado, assim como a aceitação nos surpreendeu, não pensamos duas vezes em repetir a equipe. Todos os envolvidos no processo são amigos antigos e isso tornou a produção muito mais leve e divertida. Todas as sessões foram memoráveis, mas há uma pessoa na qual somos muito gratos, o nosso produtor: maestro Rodrigo Garcia. Com ele, a banda amadureceu muito e a sua presença é indispensável em todas as fases de gravação, mixagem e masterização.

Nesse caso, para o terceiro álbum a banda deverá chamar a mesma equipe para produzir, correto? Mas poderá haver outras possibilidades?

Alexis: Estamos colhendo ótimos frutos do último trabalho. O que nos orgulha e alegra muito. Talvez, para o terceiro, vamos acolher a sugestão do Rodrigo Garcia, que é fazer a gravação em estúdio de maneira ‘ao vivo’… todos tocando ao mesmo tempo. A idéia é captar um álbum com mais energia e naturalidade. Dessa maneira diminuiria a equipe de gravação e a captação ficaria nas mãos do André Cabelo (Estúdio Engenho – BH/MG) que foi o responsável pela mixagem e masterização dos dois álbuns do “Barril”. Mas até lá, temos muito trabalho pela frente!

Ficamos por aqui. Por favor, estejam à vontade pra falar com o fã da banda.

Flavio: Gostaria em nome do Barril de Pólvora agradecer a atenção de todos os nossos fãs e fazer nossas considerações finais: continuem ouvindo e consumindo música de qualidade, compartilhando para o maior número possível de pessoas convidando a todos para pensar, a cultura é nosso maior legado e em tempos difíceis e de idiotização das massas em que, infelizmente, a maioria prefere consumir ‘enlatados’, ficamos muito felizes em deixar nossa pequena e sincera contribuição para que a música chegue a todos da forma como ela realmente merece ser tratada, sempre com respeito e de forma honesta sempre incentivando desenvolver e evoluir o nosso lado intelectual de forma positiva. Forte abraço a todos! Explode Barril!

Saiba mais sobre a Barril de Pólvora em seu site oficial.

https://www.barrildepolvora.com

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