É carne crua, sangrando, transbordando solidão”: este é o refrão da faixa de abertura do disco Carne Crua (1994). Este trecho já diz bem o que a banda estava propondo: ousadia e agressividade.

Carne Crua (1994) é o nono álbum de estúdio da banda brasileira de Rock chamada Barão Vermelho. Hoje, dia 17 de agosto, o disco completa 26 anos de seu lançamento e apresenta um som bem intenso e ousado, fazendo com que o Barão retornasse à sua veia Rock and Roll apresentando ousadia no trabalho. Aliás, a ousadia da banda já começa na capa: um peixe dentro de um liquidificador.

Diferente de outros discos, aqui apostaram num Hard Rock mais agressivo e bem intenso, começando já pela faixa de abertura que conta com o mesmo nome do disco. Mas, além dela, há outras músicas aqui cheias de agressividade, bons arranjos e muito protesto.

Seja na intensidade de Carne Crua, na emoção de Meus Bons Amigos, no protesto de Sem Dó ou no sarcasmo de Pergunte ao Tio Zé, neste álbum a banda conseguiu colocar aquela vibe Rock and Roll dentro do trabalho com maestria. Aliás, os riffs de guitarra de Carne Crua e o trabalho do baixo de Sem Dó e Pergunte ao Tio Zé são sensacionais.

O álbum foi produzido por Ezequiel Neves, pela própria banda e por Paulo Junqueiro; o lançamento foi feito pela gravadora Warner.

Dois fatores ajudaram muito para que o Barão Vermelho conseguisse lançar um álbum mais agressivo: o surgimento e grande sucesso do Grunge no início da década de 1990 nos EUA (que provou que o Rock Alternativo e mais agressivo poderia ser comercial) e o surgimento de bandas com uma sonoridade agressiva aqui no Brasil: bandas como Planet Hemp e Raimundos, por exemplo.

https://www.youtube.com/watch?v=QTXOvuNPEfY

O Barão Vermelho sempre apresentou uma veia Rock and Roll bem intensa em seus discos, isto desde o primeiro trabalho. Porém, a má qualidade de gravação e a insistência em evitar peso nas músicas fez com que, não só os discos do Barão Vermelho, mas o de várias outras bandas de Rock dos anos 80, tivessem sua qualidade comprometida. Não à toa que os trabalhos ao vivo das bandas desta década soavam muito mais intensos e pesados do que os discos de estúdio. Com passar dos discos, a sonoridade da banda começou a suavizar um pouco, flertando mais com o Pop Rock em alguns momentos. Sendo assim, em 1994 o Barão trouxe como proposta uma sonoridade bem agressiva, de volta às raízes e com ótimos arranjos instrumentais.

Houve uma distribuição bem falha por parte da Warner na época, o que fez com que a banda acabasse não vendendo muito este disco. Aliás, a relação entre a banda e a gravadora não vinha muito bem de uns anos até ali e só melhorou após o grande sucesso de Álbum (1996), o disco seguinte da banda que contou com um repertório cover muito bem executado e selecionado, tornando-se o disco de estúdio mais vendido da banda e um grande sucesso de vendas para a gravadora.

Mesmo com a pouca divulgação, as faixas Meus Bons Amigos e Guarda Essa Canção tocaram bastante nas rádios na época.

É um bom disco e, para quem curte um bom Rock and Roll, bons riffs de guitarra e um trabalho bem honesto, vale a pena conferir o Carne Crua (1994).

A formação do Barão Vermelho no álbum contou com: Frejat nas guitarras e nos vocais, Fernando Magalhães na guitarra, Rodrigo Santos no baixo e nos vocais, Guto Goffi na bateria e Peninha na percussão; o músico Maurício Barros, ex-integrante da banda na época, gravou os teclados.

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