Baixistas: Shane Embury (Napalm Death)

Shane Embury é uma espécie de formiga operária. Esse inglês, nascido em 1967, não para de trabalhar. Está sempre em atividade, sempre criando, sempre acrescentando o som de seu baixo em algum projeto de música agressiva.

E tem sido assim mesmo antes de que ele obtivesse o reconhecimento mundial através de sua principal banda, o Napalm Death, desde quando ele ainda gravava demo-tapes no primeiro conjunto do qual participou, Warhammer, onde era baterista, em 1985. Nessa mesma época, o Napalm Death também estava produzindo suas demos e só viria a lançar seu primeiro disco, o clássico “Scum”, em 1987. Quem conhece esse álbum, sabe que ele é uma espécie de split em que os dois lados são ocupados pela mesma banda, mas com formações diferentes. Shane já acompanhava o conjunto, como fã, e foi convidado para integrar o Napalm e gravar o que seria o lado B de “Scum”, já com Lee Dorrian no vocal e Bill Steer na guitarra, mas por se sentir inseguro, ele declinou do convite e hoje afirma que esse é o seu maior arrependimento. Caso tivesse tocado no disco, Shane seria o único membro da banda a estar em todos os lançamentos, mas ele só veio a entrar para integrar a turnê do álbum e, posteriormente, a gravação do segundo trabalho “From Slavement To Obliteration”. Nenhum dos músicos que estiveram em “Scum”, portanto, permanece na formação, desde que o baterista Mick Harris abandonou o posto em 1991.

Listar toda a folha de serviços de Shane ocuparia muito de nosso espaço, bastando apenas citar alguns nomes mais conhecidos com os quais ele colaborou, como Brujeria, Meathook Seed, Lock Up e Venomous Concept. Essa lista pode inadvertidamente levar a crer que o baixista atuaria, de forma estrita, na seara da música extrema. Isso, porém, seria um equívoco, pois embora reafirme sempre sua paixão pelo Grindcore, Shane está aberto para todos os tipos de música, seja Jazz, Industrial, Punk, Progressivo ou Ambient. Dentro do Rock, sua porta de entrada foram grupos como Sweet e Slade, que ouvia no rádio e, quando pôde começar a comprar seus próprios discos, estes seriam álbuns como “Rock Until You Drop” do Raven e demais clássicos, de bandas como AC/DC, Saxon, Dio, Black Sabbath e Judas Priest. Sabendo disso, já não nos soa tão estranho um de seus projetos mais inusitados, que é a banda Absolute Power, que conta inclusive com participação do vocalista Tim “Ripper” Owens, em uma linha de metal mais tradicional.

Shane compõe na guitarra e é, no Napalm Death, o principal compositor ao lado do guitarrista Mitch Harris, eventualmente, escrevendo algumas letras, que ficam mais a cargo do vocalista Barney Greenway. Por muito tempo, o Napalm Death viveu como uma espécie de comuna, onde quatro de seus integrantes dividiam a mesma casa, o que facilitava a interação criativa e a vazão de idéias de um músico que diz que está sempre elaborando riffs em sua cabeça, mesmo quando está andando pela cidade.

Admirador de baixistas como Geddy Lee, Les Claaypool, Steve Harris e, principalmente, Geezer Butler, Shane é autodidata no instrumento, declarando que não aprendeu a tocar de forma normal, tendo desenvolvido o seu próprio modo de desempenho. Para tirar o seu timbre personalizado, ele faz uso da combinação de um pedal de distorção junto com o seu Warwick e, no estúdio, trabalha junto com o produtor para ajustar o tom do instrumento de forma que ele tenha seu espaço na música, após concluídos os processos de gravação de bateria e ajustes do som da guitarra.

Ao vivo, fora o cuidado de fazer a troca de suas cordas a cada cinco shows, em razão de ficarem sujas rapidamente por causa do suor, ele não faz nenhum tipo de preparação especial, deixando tudo a cargo da adrenalina. É uma estratégia adequada para quem já chegou a realizar uma turnê tendo que subir no palco três vezes por noite, com o Lock Up, o Brujeria e o Napalm, para detonar com músicas como “Suffer The Children” e “When All Is Said And Done”, suas preferidas atualmente.

Residindo em Brimingham, junto com a esposa e a filha, Shane ainda consegue encontrar tempo para, junto com o amigo Mick Kenney, da banda Anaal Nathrakh, dirigir o pequeno selo independente Feto Records, especializado em Death Black e Grindcore. Como nunca se viu fazendo nada que não fosse a música, ele se considera felizardo pelo que tem conquistado. Sua filosofia é de que ele é bom nisso e não é bom em mais nada e, portanto, precisa sempre trabalhar duro.

Não há dúvida de que você o faz, Shane.

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