No primeiro álbum de sua carreira, o baixista cria uma linha melódica que entra, de imediato, no catálogo de fraseados que devem ser estudados e praticados pelos interessados no instrumento. “Metal Invaders” é daquelas músicas onde o baixo chama para si a responsabilidade pela personalidade da canção. Certo que o disco que a contém, “Walls of Jericho” não foi a estreia do Helloween, antecedida por um EP, mas como ambos os registros são do mesmo ano, 1985, separados apenas pelo período gestacional de nove meses, acabamos por considerá-los como um único e conciso retrato, simbolos que são da fase de Kai Hansen nos vocais do grupo alemão.

O baixista da banda, Markus Grosskopf, foi e continua sendo o único titular desta vaga durante toda a história do Helloween e seu aniversário de 20 anos aconteceu no intervalo entre os dois discos acima. Somatizando as influências de Iron Maiden, Judas Priest e Rainbow, Markus e seus companheiros foram alguns dos arquitetos que definiram as regras do que viria a ser conhecido como Power Metal. Suas linhas são criativas e acrescentam elementos de dinamismo às composições, embora a presença de seu nome nos créditos não seja tão constante.

Suas quatro cordas, porém, vão para mais além do que apresenta o catálogo da banda que fundou. Markus colaborou em alguns álbuns do Avantasia e fez seu próprio trabalho solo, intitulado Shock Machine, que lançou um disco autointitulado em 1999 e no qual tocou guitarra em algumas faixas, além do baixo. Sua contribuição paralela mais festejada, no entanto, é o disco “Hellbassbeaters”, de 2008, da banda Bassinvaders.

Chamar de banda é um pouco de amplitude de conceito, porque na realidade o núcleo do grupo são, além de Markus, os baixistas Schmier (Destruction), Peter “Peavy” Wagner (Rage) e Tom Angelripper (Sodom), todos conterrâneos da Alemanha e que dividem as participações no disco com bateristas e vocalistas diversos, mas também com um quem-é-quem dos sons graves no Rock pesado, onde se destacam artistas como Rudy Sarzo, Billy Sheehan, D.D. Verni (Overkill), Joey Vera (Armored Saint), Lee Rocker (Stray Cats), Jens Becker (Grave Digger), Peter Baltes (Accept) e vários outros. Não há a presença de guitarristas no trabalho, sendo todos os arranjos realizados com sons de baixo com afinações ou efeitos diversos. Apesar de bem sucedido no projeto, Markus lamenta por não ter conseguido  a presença de alguns convidados, como Nikki Sixx e, principalmente, Steve Harris, cujas participações não foram viabilizadas por suas assessorias.

Se houve carência nessa etapa da realização, o resultado almejado não sofreu revezes, pois era intenção de Grosskopf que o disco não soasse como algo feito exclusivamente para o deleite de baixistas, e sim que fosse música real, com amplo alcance, coisa que pode ser conferida com a audição do mesmo.

Markus iniciou no baixo aos 15 anos de idade, tocando Punk Rock. Sua técnica avançada acabou por exigir que ele se aventurasse em estruturas sonoras mais desafiantes, onde pôde explorar tappings, slaps e a alternância  não só entre quatro ou cinco cordas, mas também entre palheta e pizzicato, sendo aquela reservada para as linhas mais simples e o dedos utilizados para as mais complexas. Solos também são um recurso de seu domínio e seu timbre vem dos amplificadores Ampeg e dos Fender Precision. Sendo um autêntico entusiasta dos sons graves, ele já manifestou que encontra empolgação tanto nas conduções mais firmes e retilíneas de um Cliff Williams (AC/DC), quanto nos malabarismos de Geddy Lee (Rush). O que importa é que o baixo cumpra o seu papel de solidez, de coração da música, por onde os demais instrumentistas podem circular para a elaboração de canções vibrantes. Ao olharmos para o corpo, nós não vemos o coração, mas não questionamos o seu papel e importância. Com seu talento e sua performance, Markus Grosskopf é o coração do Helloween!

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