James Whild Lea, ou simplesmente Jim Lea, nasceu em 1949, em Staffordshire, na Inglaterra, poucos anos após o final da Segunda Guerra Mundial. Ganhou notoriedade na vida artísitica como baixista da banda Slade e, embora as figuras espalhafatosas de Noddy Holder e Dave Hill chamassem mais atenção, não se engane: Lea era o verdadeiro coração da banda.
O Slade foi um grupo de bastante relevância no período da segunda metade dos anos sessenta até o final dos anos 70, com canções simples e divertidas, falando de amor e da boa vida, influenciando uma centena de nomes de sucesso como Kiss, Ramones, Cheap Trick, Quiet Riot, Oasis,… As letras do guitarrista e vocalista Noddy Holder flutuavam em cima das melodias concebidas por Jim Lea, e os dois juntos foram responsáveis por praticamente todos os grandes sucessos do grupo. Músicas como “Cum On Feel The Noize”, “Everyday”, “Far Far Away”, “My Oh My”, “Coz I Luv You”, “How Does It Feel” e tantas outras são criações dessa união.
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Jim era o músico mais completo do quarteto e começou seus estudos pelo violino, influenciado pelo jazzista francês Stéphane Grappelli. Posteriormente foi se aventurando no piano, na guitarra e, curiosamente, no contrabaixo por último, sendo que esse foi o instrumento que mais empunhou durante sua carreira, embora não seja raro, em algumas canções do Slade, ele deixar as quatro cordas de lado em favor de algum de seus outros instrumentos. Seu modelo de baixo preferido era o Gibson EB-3, mas também costumava utilizar os Fender Precision e JazzBass, além do Rickenbacker, e sua técnica consistia no uso da palheta e no preenchimento das canções com linhas bem melódicas e variadas.
Além da atuação em cima dos palcos, Lea também laborou como produtor, sendo o disco “Play Dirty”, da Girlschool, um de seus trabalhos mais notórios nessa área, realizado junto com o parceiro Noddy Holder e onde eles inseriram duas músicas de sua autoria no repertório da banda de metal feminina.
Após deixar o Slade, em 1992, Lea dedicou-se a estudar psicoterapia e, em 2007, lançou seu primeiro disco solo, nominado “Therapy”, fruto de seus estudos. De personalidade introspectiva, Lea garante que o Slade não volta, por dois motivos simples: o primeiro seria a necessidade de baixar o tom das músicas, para que Noddy conseguisse cantar, e o baixista entende que isso não seria correto; o segundo, seria o fato de que, após 25 anos afastados dos palcos, o retorno tenderia a ser complicado em termos de desempenho. Lea, inclusive, faz uma comparação com os Rolling Stones, que, ao contrário do Slade, envelheceu em cima dos palcos e, portanto, a sensação de passagem de tempo, sob a perspectiva do público, foi mais suave para eles do que aconteceria com uma banda que afastou-se do cenário por tanto tempo, como o Slade.
Em 2014, Lea revelou que passou os dois anos e meio anteriores lidando com a descoberta de um câncer de próstata. No momento em que divulgou isso, Lea já estava na fase final do tratamento e respondia bem ao mesmo. Ótima notícia para seus fãs! O Slade cumpriu seu papel e realmente não precisa voltar, mas o sujeito que nos concedeu tantas grandes e memoráveis canções ainda precisa ficar mais tempo entre nós e, quiçá, gravar mais álbuns solos, para o usufruto de sua criatividade e de seu senso melódico privilegiados.