Gerald Caiafa nasceu em 1959. Cresceu escutando os discos de Buddy Holly e Little Richard de sua mãe e absorveu tudo que ouviu, trazendo muito da sonoridade dos anos 50 para a gênese de sua banda, formada em New Jersey, no ano de 1977, junto com o vocalista Glenn Danzig, o Misfits.

Em sua fase inicial, o Misfits teve uma carreira curta e uma discografia um pouco confusa, com o lançamento de muitos singles e EPs, além de discos, como “Static Age” que demoraram quase vinte anos para serem liberados, mas isso não teve reflexos sobre a influência que a banda gerou ou sua importância no cenário musical, sendo considerados os precursores do Horror Punk. Porém, com a saída de Glenn Danzig, em 1983, houve um período de inatividade forçada, por conta da disputa judicial pelo direito de utilizar o nome “Misfits”, que perdurou por treze anos, até que Jerry conquistasse a causa e reformasse a banda, com a presença de Michale Graves no vocal. Nesse intervalo, um dos projetos mais interessantes do baixista, sob o pseudônimo Mo the Great, foi a formação da banda Kryst the Conqueror, junto com seu irmão Doyle Wolfgang von Frankestein, que também era guitarrista do Misfits, e o vocalista Jeff Scott Soto, que foi revelado na banda de Yngwie Malmsteen, mas que à época já conduzia sua própria banda, o Talisman. O Kryst the Conqueror gerou um único EP “Deliver Us From Evil”, em 1990, e chegaram a gravar um álbum que nunca foi lançado, mas que está disponível no Youtube, e seu som era Heavy Metal tradicional, com muita inspiração em Iron Maiden, Judas Priest e NWOBHM de forma geral.

As influências musicais de Only vem de nomes como Queen, Led Zeppelin, Alice Cooper, Iggy Pop, Ramones, David Bowie, mas principalmente de Elvis Presley, de onde ele foi buscar a idéia para criar seu característico penteado, chamado de devilock, o qual também define como uma versão dark da mecha na testa do Superman. Em termos temáticos, ele bebe na fonte dos velhos filmes de horror e de ficção científica, mas ressaltando que tudo é feito evidenciando o aspecto de diversão contido nesse estilo, pois não quer passar mensagens que considere negativas, visto que possui uma formação católica sólida, por parte de sua avó materna, e acredita em valores como o sonho americano.

Vem daí a forte regra que ele estabelece de não haver álcool ou cigarros nas turnês da banda, permitindo-se apenas, quando está em casa, tomar uma taça de vinho ou uma cerveja. Em seus primeiros shows, ele utilizava um modelo Rickenbacker, mas, em 1987, desenhou e criou o Gothic Custom The Devastator, feito de grafite e sem potenciometros, alegando que são desnecessários, pois toca sempre no máximo, utilizando os dedos. Esse baixo foi desenvolvido na oficina de seu pai, que ele mantém até hoje e na qual trabalha, junto com seu filho e com Doyle. Nessa oficina, eles criam também as guitarras da banda, as peças de bateria e até os spikes de seus trajes de palco.

Only atribui a David Bowie o fato de nunca ter modificado seu visual. Em 1974, ele assistiu o show da turnê de “Diamond Dogs” e era fã da personalidade Ziggy Stardust do cantor. Quando Bowie partiu para a fase “Young Americans”, Only lamentou o fato e determinou-se a manter o seu próprio personagem, para não alienar seus fãs da mesma forma como aconteceu com ele. O baixista, porém, teve que incorporar também o vocalista, a partir de 2003, com o álbum “Project 1950”, depois que Michale Graves deixou a banda, decidindo-se a manter a formação do Misfits como um trio, mas, em 2006, ele integraria um novo projeto apenas nas quatro cordas, com a banda Osaka Popstar, junto do guitarrista Dez Cadena, do Black Flag e que também estava no Misfits, e do baterista Marky Ramone, lançando um único trabalho intitulado “Osaka Popstar and The American Legends of Punk”, com inspiração nos populares animes, como são chamadas as animações japonesas.

Desde que lançou o disco “The Devil´s Rain”, em 2011, parecia não haver grandes novidades em relação ao Misfits, mas  no ano passado foi divulgada a reunião quase completa da formação clássica, com Jerry, Doyle, Glenn e, na bateria, ninguém menos que Dave Lombardo (Slayer, Suicidal Tendencies), para a realização de alguns shows esporádicos. As apresentações, que contém cerca de trinta músicas do período mais clássico da banda, colocam Jerry Only no seu habitat, fechando um ciclo que precisava desse reencontro, e empunhando seu ameaçador Devastator, no volume máximo, para a alegria de sua legião de fãs, os Fiends!

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