Axes Connection : Na reta final para o lançamento do extraordinário álbum “A Glimpse of Illumination”

“Cortante como um Machado!”

Imagine juntar todos os elementos sonoros que sempre levou milhares a aderir ao rock e metal. Agora junte isto a detalhes rítmicos clássicos e uma grande dose de surpresas. O resultado final cairá como uma luva para a banda Axes Connection e seu feroz primeiro álbum, “A Glimpse of Illumination”, que segue nas retas finais para o lançamento.

Tenho que admitir logo de cara que este foi um álbum que precisei ouvir e “reouvir” com mais atenção do que de costume e isto muito longe da formula de álbuns apressados e mal compostos. Na verdade a banda nadou a favor da maré e trouxe tantas características diferentes que te levam a um profundo mergulho musical, indo de influências como Uriah Heep e Rush a Pantera e Pink Floyd. Somando o metal mais pesado aos agudos do hard rock, a banda impressiona pela facilidade em abranger tantas áreas a sua própria característica, o que torna o trabalho algo genial a esta altura onde pouca coisa realmente nos surpreende. Isto fica claro logo na primeira faixa “The Meaning Of Evil”, pesada e ao mesmo tempo controversa, com uma rítmica oscilante e ferozmente enigmática. O som adentra o álbum dignamente seguida pela jovial e eletrizante “Rearrange Yourself”, e é exatamente ai onde a coisa fica divertida pois você reconhecerá detalhes que as bandas mais novas do cenário tem tomado como temática principal: os vocais agudíssimos dissolvidos ao instrumental festivo e acelerado, algo que soa como uma banda principiante pela energia e ao mesmo tempo trazendo toda a experiência do vocalista Márcio Machado, o guitarrista Marcos Machado (ex-Distraught), o baixista Magoo Wise (ex-Wise, ex-Distraught, ex-Apocalypse) e o baterista Cristiano Hulk (ex-Vômitos e Náuseas, ex-Grosseria). E a ficha técnica evidência a carga profissional de quem entra pisando em solo firme.

Seguindo para a terceira faixa, “Wisdom Is The Key”, encontramos uma sonoridade com linhas fortes de baixo e viradas enfatizadas da bateria onde a guitarra ganha um papel empolgante, um prato cheio para a entonação mais uma vez diferenciada por Márcio. Fator que é radicalmente alterado na faixa a seguir, “Use The Reason”, um tanto mais agressiva e intimista. Este sem dúvida é um dos grandes trunfos da banda, a versatilidade, o que te fará sair do contexto no próximo som; “Prepare Your Soul” é como se falássemos de épocas diferentes de uma banda em única faixa, algo curioso!

Por outro lado “The Gates” e a faixa-título são as verdadeiras incógnitas deste trabalho, com backing vocais que remetem a consagradas bandas como o próprio Uriah Heep falado anteriormente, assim como Led Zeppelin e Deep Purple, algo que nos deixa na curiosidade pelo que virá em trabalhos futuros. Será esta a característica que predominará?

Certamente “Journey To Forever” intensificará esta questão, algo que lembra muito ao órgão Hammond, uma peça relevante ao som inovador de bandas como Procol Harum e as citadas anteriormente, traz um tom experimental talvez buscando exatamente seu melhor aspecto. A partir daí a banda ganha nova linha e o Heavy Metal Progressivo parece incorporar e no geral me remeteu a outro projeto bacana do Dario Mollo e Tony Martin, “The Third Cage”, justamente por trazer uma mescla tão grande de elementos sem medo de errar.

Chegando próximo ao fim com a nona faixa “Skyline” encontramos uma melodia beirando ao melancolismo e totalmente instrumental que lhe carregará entre trovões incrustados à pulsante “The True Connection”. Neste ponto você sente um sentimento inexplicável, algo que trará a mesma sensação ao fim de uma viagem, que implicaria algum fator que mudaria sua vida e ao mesmo tempo um misto de saudade e de conforto inexplicável, de algo que não se sabe o que é. Onde aos 5:16 min da música entra um cover de “She Sells Sanctuary” do The Cult que fecha esta maravilhosa viagem de uma maneira gratificante o tornando um trabalho magnífico.

A banda

Durante os anos 90 os irmãos Vitor e Marcos Machado compuseram algumas músicas para um novo projeto, que acabou deixado de lado com o convite para Marcos integrar a banda Distraught (Thrash Metal), onde permaneceu durante 15 anos e gravou quatro álbuns, o que os levou a turnês pelo Brasil, Argentina e Uruguai, além de shows ao lado do Megadeth, Destruction, entre outros. O projeto com o irmão Vitor (baterista) manteve-se ativo informalmente com participações ocasionais do terceiro irmão, o vocalista Márcio Machado.

Após a saída de Marcos da banda, Vitor o encorajou a levar o projeto em frente e entusiasmados os trabalhos foram retomados, mas bruscamente interrompidos um mês depois devido ao falecimento de Vitor. Neste ponto, Marcos decidiu levar o projeto a frente impulsionado a honrar a memória do irmão ao lado de Márcio Machado e de um amigo de longa data, o baixista Magoo Wise.

Baseados no projeto original ao lado de Vitor, a banda pode recriar as músicas e incluir outras novas agora sob o nome Axes Connection, uma referência direta ao sobrenome dos irmãos Machado (“Axe” em inglês).

Diante isso entendemos por completo toda a viagem durante o álbum que abrange temas altamente ligados a sua história, incluindo os aspectos sobre a perda, sobre a atitude positiva em relação à vida, sobre os conflitos internos e até mesmo sobre a perplexidade de se estar inserido no universo e dar uma nova chance a si mesmo enquanto há tempo.

Sobre a Capa

Inspirada nas capas que a Hipgnosis fez para bandas como Yes, Pink Floyd e Scorpions e desenhada de maneira muito representativa por Aldo Marcondes, atendendo ao desejo da banda a referência ao irmão Vitor, a capa traz todo o sentimento envolvido na união dos músicos e ao mesmo tempo em que, de certa forma, ele é incluído na luz ao centro.