Parece que não acreditamos quando soubemos que uma pessoa morreu. A noticia corre com confusão na cabeça, porque para além de ser uma pessoa que morre nos causar lamento por nunca mais podermos estar com ela, esta pode ser um familiar, um amigo, um ídolo. Pior do que isso é quando a idade é incomum, como jovens que falecem por acidente, assassinatos. E ainda pior quando é por saúde. O conjunto de situações não naturais nos deixa mesmo perplexos. A vida é mesmo um imprevisível mistério.
André Matos despontou jovem no Viper, formado com Cassio Audi, Felipe Machado, os irmãos Passarello. Mas ele já era um pianista na infância e na adolescência chegou a ir com a mãe no primeiro Rock in Rio (1985). O primeiro trabalho deles foi a Demo The Killera Sword, e então ao conhecer Antônio Celso Barbieri tiveram um oportunidade e até mesmo ficaram conhecidos como “Menudos do Metal”. Mas foi com a sugestão da Rock Brigade, eles lançaram Soldiers of Sunrise, e algum tempo depois chegou a abrir para o Motorhead. Lançaram Theatre of Fate, Isso foi os anos 80.
Nos anos 90 Andre dedicou-se ao estudos de Regência na Universidade Santa Marcelina e Canto na USP. Nos mesmos anos 90 muita coisa acontece e até mesmo surge o convite para concorrer à substituto de Bruce Dickinson no Iron Maiden. Mas sua maior realização é na universidade, onde conhece Rafael Bittencourt que tem as mesmas idéias que ele.
ANGRA:
Metal e Erudito – O Nascimento do Metal Melódico Brasileiro
Mas é mesmo de total responsabilidade da Rock Brigade o avanço para a banda deles: O ANGRA. Eis que durante os anos 90. Já com fama fora do Brasil em alguns países, desde os tempos de Viper, o ANGRA vende 106 mil cópias do ANGELS CRY(1993) no JAPÃO criando uma nova fase de esplendor e uma nova oportunidade de carreira para André. Foi então que em 1994, estavam no palco do Monsters of Rock. E depois nasceu o HOLY LAND (1996)- Grande obra prima e o FIREWORKS (1998). – Foram mais de 1 milhão de CDs ao todo.
Ai lembrei que o Andre Matos falou que a música mais bonita que ele já gravou, foi: DEEP BLUE – do Holy Land.
Os anos 2000 chegaram diferentes. Depois de atritos e não concordâncias com o produtor Antônio Pirani, André criou o SHAMAN com os irmãos Mariutti e Ricardo Confessori. Foi em 2001 que mais ou menos me recordo, tê-lo visto no hotel durante a tournê do disco RITUAL, e o encontrei junto à namorada Penelope (a apresentadora de temas sexuais da MTV e filha de Marcelo Nova) junto ao grupo e ele era mesmo uma celebridade. Pequeno, educado, cheiroso e muito rápido. Me marcou muito estar diante de um dos meus ídolos e falar um pouco com eles e os caras. Depois vieram convites e parcerias como Sasha Paeth (o aclamado VIRGO) e Tobias Sammets (Avantasia) e vários outros…Até mesmo Sagrada Coração da Terra, do nosso mineiro Marcus Viana, que foi uma pessoa que me contou também coisas sobre André, tais como ele viver na Escandinávia e não gostar de redes sociais, bem antes da mídia divulgar isso. O disco foi o “A Leste do Sol, Oeste da Lua”.
Também virou tema de novela a música Fairy Tail, do disco Ritual. Todo mundo já ouviu isso, e ai ele realmente ficou conhecido até mesmo fora do meio Metal. A delicadeza do Metal Melódico atravessou as paredes do mundo da música pesada.
2003 chegou com o DVD Ritual Alive e depois em 2005 lançou o REASON, agradando parte dos fãs. E a partir daí a banda começa a ter problemas e em 2006 foi se dissolvendo, e ficando apenas Ricardo Confessori. Começam a surgir os projetos solos de André.
Os discos solo são: Time to be free, Mentalize, The turn of the lights.
André também participa de todos outros projetos como uma opera rock chamada Tommy, e aí sua vida pessoal começa a tornar tão importante quanto a profissional e sua nova família sueca (esposa e filho), também comecam a fazer parte da sua trajetória. Enquanto o mundo virtual crescia, André se distanciava dos meios modernos de comunicação. Tradicional e altamente discreto, André levou sua história com projetos, sonhos, tal como o projeto Symphonia, que infelizmente não foi para frente. Depois disso houve o aniversário do Viper e do CD Angels Cry (Angra).
E mais importante que isso, ele era mesmo diferente de tudo e todos, porque não buscava padrões de comportamento, padrões musicais e ainda assim tornou-se uma importante referência nacional e mundial do METAL brasileiro. Recentemente, André anunciou para o delírio dos fãs, shows de comemoração ao aniversário do Shaman, unindo alguns dos ex membros, fazendo um grande show no ano de 2018. Novos planos viriam para mais um aniversário em 2019.
Acho que a grande discussão das épocas de dissolução do Angra e Shaman, era a personalidade de André Matos, dono de suas vontades e com meios peculiares de imprimir sua opinião. Ele não pretendia agradar ninguém que não fosse ele mesmo. Não pretendia agradar nem gregos e troianos, mas respeitava suas vontades, e aquilo que acreditava, mesmo desagradando as opiniões alheias.
A perda de André Matos mexe na trama da música erudita, de rock e metal nacional. Sua música tocou corações de fãs e pessoas que encontraram no Metal Melódico um meio confortável de apreciar guitarras distorcidas, tenores clássicos e temas da natureza. O Metal Puro de Viper, com a excelência do Angra e o excêntrico Shaman nos levaram por caminhos inimagináveis do som “pesado”. Essas canções agora, além de lindas, vão nos trazer tristeza. Mas pode sim, incentivar novos “Andrés” a surgir e renovar a história das bandas que deram certo, dos cantores que se imortalizaram, das trilhas que jamais deixaram de tocar em nossos corações. Mas onde estão? Quem vai estar no seu lugar?
Vegetariano e protetor de animais, no alto da sua maturidade no mundo musical, abre projetos com a marca Yamaha. Virginiano, com apenas 47 anos André é acometido de um ataque cardíaco seguido de arritmias e convulsões, segundo vários depoimentos de amigos e sites de música. Por que? Não sabemos. Aspectos congênitos? Não sabemos. A vida é estranha.
André Matos – Nós não queremos despedir de você.