Em entrevista para o jornal Argentino Clarin, o vocalista Brian Johnson disse que a volta da banda lembra a época do álbum Back in Black. “As novas músicas saíram com uma determinação semelhante, uma convicção que te leva a disser: ‘Vamos fazer isso bem, da melhor maneira”, disse.
Leia um trecho da entrevista abaixo:
“Não somos pessoas muitos espirituais, mas em alguns momentos percebíamos que Malcolm estava aqui também. Em alguns shows olhava por cima do ombro, porque estive com ele por 34 anos, a um metro de distância, piscando para mim e fazendo piadas. Agora espero que todos possam escutá-lo neste disco. Ele não pode gravá-lo, mas está presente em cada nota”.
Como foi a dinâmica no estúdio?
Primeiro nos juntamos com o produtor, Brendan O’Brien. Angus tinha músicas que havia feito com Malcolm e muitas ideias que nunca tiverem tempo de terminar. Nós as trabalhamos, os outros se juntaram, nos reunimos no estúdio, e os rapazes as tocaram para transmitir a ideia. Gravamos uma primeira versão, onde todos ficaram felizes com o andamento e o tom. Depois eu cantei sozinho, com todo o coração. Tento cantar sempre da mesma forma, é nisso que eu sou bom. Não sou bom em nenhuma outra coisa (risos).
Como trabalhou com a voz em Shot in the Dark?
Com o passar dos anos, sua voz fica mais suave, você coloca mais melodia na música. Acho que isso apareceu no álbum. Verá isso em outras músicas como Code Red; eu amo a base dela. Systems Down também é incrível, te dá vontade de detonar sempre. Quando entro no estúdio e tenho a letra na minha frente, tento senti-la, mergulhar nela e tornar ela única. Quando o disco estava pronto, me mandaram uma cópia e a primeira coisa que fiz quando terminei foi mandar um e-mail para a Sony Music e disser: “Me sinto mal pelo cara que terá que escolher o single (risos). É uma tarefa complicada, qualquer uma das 12 músicas poderia ser o single.
Você se lembra do último show em Kansas, fazem quatro anos, quanto teve que deixar a banda por causa da perda de audição?
Foi terrível o que aconteceu comigo. Foi como deixar uma família; não havia nada que eu pudesse fazer e simplesmente tive que ir para minha casa. Não tenho redes sociais, nem nada disso para saber os comentários. Voltei para casa e tomei muito whisky (risos). Depois chegaram as mensagens de apoio dos fans de todo o mundo (Argentina, Brasil, Espanha, de todo canto). Milhares de mensagens. Isso realmente me ajudou a superar aquele momento sombrio.
Como você lidou com isso?
Não tinha o que fazer. Os caras estavam no meio de uma grande turnê pelos Estados Unidos. Faltavam dois ou três meses para o final. Não é fácil decidir parar com uma coisa tão grande como o AC/DC. Então me disseram: “Brian, não queremos que fique surdo, então você precisa de um tempo”. Na recuperação tive a sorte de conhecer um médico que me disse: “Vou fazer com que possa cantar novamente no palco com esse novo aparelho”. Não podíamos falar nada, porque tínhamos um acordo para não falar, mas logo todo mundo vai saber. O aparelho no meu ouvido mudou minha vida, pois pude voltar a ouvir música. Foi como aprender a andar de novo.
FONTE: AC/DC Brasil