Olá caros headbangers, estamos iniciando mais um “A História Por Trás da Canção”, quadro esse que destrincha toda a temática por trás das músicas de Rock e Metal que tanto amamos.

E no texto de hoje, olha só quem apareceu aqui de novo… O nosso querido Sabaton, banda que com certeza tem muita coisa pra oferecer a esse quadro, graças as suas temáticas onde o grupo conta sobre episódios relevantes da história militar de todo o mundo.

Antes de qualquer coisa, imagino que quando se fala em guerra (principalmente a Segunda Guerra Mundial), imagino que a maioria de vocês já pensam em cenas de homens trocando tiros com metralhadoras e tacando granadas um no outro, certo?

Pois bem, hoje falaremos de uma história de guerra, mas em um contexto diferente. Parafraseando o próprio Sabaton, dessa vez falaremos de mulheres duronas em aviões de bombardeio. A música a qual falaremos hoje é a “Night Witches”, presente no álbum “Heroes”, de 2014.

A faixa em questão fala especificamente do 588º Regimento de Bombardeios Noturnos da União Soviética em meio a Segunda Guerra Mundial, regimento esse que ficou conhecido por ser composto completamente por mulheres, tendo as mesmas se destacado tanto, que rendeu o título de Heroína da União Soviética para 23 das combatentes.

E para explicar um pouco sobre a atuação delas durante a segunda guerra, comecemos do início. Após a Alemanha iniciar a invasão a União Soviética em 1941, o país comunista precisou se utilizar de todas as forças que tinham para combater os nazistas, que de início chegaram com tudo. Com isso, muitas mulheres acabaram sendo convocadas para a guerra, tendo boa parte servido em funções fora de combate.

Mas, graças ao prestígio que a pilota, e Heroína da União Soviética, Marina Raskova tinha no país, inclusive com o próprio Josef Stalin, ela conseguiu convencer os comandante a criar três regimentos regimentos formado apenas por mulheres, sendo esses do 586º. o 587º, e o 588º. Nos focaremos mais no último citado por ter sido o único dos três a se manter apenas com mulheres até o fim da Segunda Guerra.

Após convocação feita, centenas de mulheres e toda a União Soviética se voluntariaram para lutar em nome da Mãe Rússia, tendo elas entre as idades de 17 e 27 anos.

E mesmo a União Soviética sendo uma das poucas nações que também davam funções de combatentes as mulheres em seu exército, os soldadas tiveram que passar por muitos olhares de desconfiança dos homens, que viviam tirando sarro da “falta de feminidade” das mesmas, e as julgavam como incapazes de executarem os serviços braçais. Além disso, as mulheres tiveram a se adequar aos trajes masculinos, que ficavam muito folgados nelas, por ainda não haverem modelos femininos para os uniformes.

E só para completar, o equipamento que foi oferecido as combatentes do 588º regimento eram em sua grande maioria bastante ultrapassados para a época, a começar pelo avião biplano Polikarpov Po-2, que era um modelo da Primeira Guerra, feito com material altamente frágil e inflamável, além de muito lento, chegando no máximo a 120 km/h (enquanto os aviões alemães da Luftwaffe chegavam a 400 km/h). E em casos de emergências, as mesmas não tinha um paraquedas a sua disposição.

Mas, mesmo com todos esse fatores jogando contra elas, a mulheres do 588º surpreenderam positivamente não só os seus superiores, mas principalmente, os alemães. Por conta de toda a desvantagem que elas tinham por conta do modelo ultrapassado que era o Polikarpov Po-2, as combatentes passaram a operar a noite, com o intuito de atacar os nazistas enquanto eles dormir.

Com isso elas trabalhavam da seguinte forma: voavam três aviões, cada um deles com uma pilota e uma navegante, e as mesmas quando sobrevoavam um acampamento nazista desligavam o motor para conseguirem planar sobre o inimigo sem fazer barulho (a leveza do Polikarpov Po-2 facilitava nessa questão), e quando tivessem o alvo na mira, elas despejavam as bombas, e depois religavam os motores para saírem dali antes que os alemães pudessem reagir.

E aí que chegamos ao nome da música “Night Witches”, que traduzindo significa “bruxas da noite”. Esse foi o apelido dado pelos próprios alemães após descobrirem que os aviões que perturbavam o seu sono constantemente eram pilotados por mulheres soviéticas.

No total, as Bruxas da Noite cumpriram mais de 23 mil missões, despejando mais de 3 mil toneladas de bombas nos inimigos, rendendo o título de Heroínas da União Soviética para 23 combatentes, como mencionei no início do texto. E também, infelizmente, mais de 30 mulheres do regimento perderam suas vidas em combate.

Mas, mesmo após todo esse êxito, depois do fim da guerra a União Soviética as “agradeceu” dispensando de forma sumária do serviço militar, não permitindo que as mesmas voassem durante o desfile da vitória, chegando até censura-las de publicarem as suas memórias de guerra. Ou seja, mesmo elas tendo feito isso tudo pela nação, o próprio Governo parece que fez questão de jogar as Bruxas da Noite no esquecimento.

Com isso, após se aposentar do serviço militar, a comissária Yevdokiya Rachkevich, uma das comandante do 588º regimento, fez questão de ir atrás dos restos mortais de cada Bruxa da Noite derrubada em combate, para assim conseguir conservar a memória daquelas que morreram em nome da Mãe Rússia.

Bom, como sempre, isso que fiz aqui é um breve resumo de toda a história, caso queiram saber mais detalhes, indicarei dois vídeos aqui, um deles em português, feito pelo canal “Sala de Guerra”. E o outro em inglês (sem legendas) feito pelo próprio Sabaton no seu canal de História “Sabaton History”.

E por fim, segue logo abaixo um vídeo animado publicado pelo próprio Sabaton que fala um pouco da história das Bruxas da Noite de forma ilustrada, além de conter a própria faixa “Night Witches” na íntegra:

E não deixem de conferir a playlist do “A História Por Trás da Canção” no Spotify, que contêm essa e todas as outras músicas destrinchadas no quadro até agora:

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