Olá caros headbangers, bem vindos ao mais novo quadro da Roadie Metal chamado “A História Por Trás da Canção”. A partir de hoje, todas as segundas-feiras eu (Renan Soares) falarei aqui sobre alguma música específica dentro do Rock/Metal e toda sua história por trás da sua temática, seja ela envolvendo realmente alguma história específica a qual o artista em questão se inspirou, ou até mesmo questões curiosas de bastidores que acabaram influenciando diretamente na produção.
E antes de iniciarmos o episódio de estreia, queria falar um pouco sobre o que me motivou a iniciar esse quadro, que tem um pouco a ver com a música que falarei hoje (a qual você já sabe qual é, pois está no título da matéria). E isso se deve ao fato de eu ter percebido o como é comum para a gente ouvirmos determinada música e não nos ligarmos no que a letra passa (e eu me incluo nisso), e com isso, a gente deixa de apreciar uma parte importante da obra.
Isso já ocorreu comigo em diversas músicas, mas a que falarei hoje, que se trata da faixa “Grave of the Fireflies”, da banda inglesa The Raven Age, foi o caso mais impactante, e vocês vão entender o porquê.
Bom, para os que não conhecem, o The Raven Age é a banda a qual o guitarrista George Harris, filho do baixista Steve Harris do Iron Maiden, faz parte, grupo esse que conheci no inicio desse ano após ouvir os dois álbuns que eles tem lançado até o momento, tendo me encantado principalmente pelo seu segundo, intitulado “Conspirancy”, lançado em 2019.
Esse álbum em questão é encerrado pela música que falaremos hoje, a “Grave of the Fireflies”, que de início eu ouvia de forma completamente despretensiosa, sem parar pra ler a letra, apenas curtindo a pegada e a melodia da música.
Até que, no meio desse mês de novembro, a banda lançou um lyric vídeo referente a música em questão, onde lá eu pude finalmente entender toda a temática da faixa em questão. E devo confessar a vocês, tendo finalmente compreendido a letra, a mesma chegou até a me emocionar, fazendo com que eu visse a canção com outros olhos a partir dali.
Agora finalmente chegando ao ponto, a música em questão foi inspirada no filme de animação de mesmo nome (no Brasil é chamado de ‘O Túmulo dos Vagalumes’), lançado em 1988 pelo famoso Studio Ghibli (o mesmo que produziu outros clássicos da animação japonesa como ‘A Viagem de Chihiro’, ‘Meu Amigo Totoro’, ‘O Serviço de Entregas da Kiki’, e outros).
Diferente da maioria dos filmes do Studio Ghibli, onde normalmente é apresentado toques fantasiosos em sua história, “O Túmulo dos Vagalumes” apresenta uma temática emocionalmente pesada e bastante realista, sendo considerado um dos filmes mais tristes do mundo.
O enredo da animação gira em torno de dois irmãos que precisam lutar pela sobrevivência em meio ao Japão devastado pelos diversos ataques aéreos americanos ocasionados pelos conflitos ocorridos no final da Segunda Guerra Mundial, tendo eles perdido a mãe em meio a um dos bombardeios na cidade de Kobe, além de enfrentarem a incerteza sobre o paradeiro do pai, que foi convocado para lutar na guerra.
O filme é mais um daqueles que fala da Segunda Guerra, que foi um dos períodos mais sombrios da história da humanidade, mostrando os fatos da perspectiva dos inocentes, na perspectiva daqueles que nem sequer foram lutar na guerra, mas pagaram o pato por um conflito que não era deles. No caso do “Túmulo dos Vagalumes” isso é ainda mais forte por mostrar todos esses horrores a partir da vivência de duas crianças que tiveram que perder a inocência tão cedo em meio a uma situação tão extrema.
E voltando a falar da música do The Raven Age, a mesma consegue resumir a história do filme em oito minutos de execução, se utilizando, inclusive, de frases bem fortes e cheia de referências a obra do Studio Ghibli, e o lyric vídeo deixa isso ainda mais óbvio.
Inclusive, encerro esse texto propondo esse desafio para vocês (motivo o qual estou evitando dar qualquer spoiler sobre a obra): vejam o lyric vídeo abaixo, e depois vejam a animação (e preparem as lágrimas, já aviso de antemão haha). Após isso, revejam o lyric, e saquem todas as referências do filme na letra.