Confesso que o Mastodon nunca foi uma das minhas bandas favoritas, mesmo sendo um dos maiores destaques do Metal desde os anos 2000, que foi quando comecei a gostar do estilo. Quando recebi a notícia de que faria uma resenha de um álbum deles, senti uma responsabilidade enorme, pois, quando não se é fã, qualquer opinião pode ser considerada polêmica dentro do estilo. Portanto, ter a oportunidade de falar sobre o último lançamento de estúdio da banda, Emperor of Sand, foi um grande desafio e também, sobretudo, uma grande lição musical para mim.

As primeiras composições para o álbum nasceram, na verdade, de uma tragédia. A mãe do guitarrista Bill Kelliher ficou doente e infelizmente faleceu de câncer de cérebro em 2016. Essa perda acabou entrando para o último trabalho do Mastodon, que acabou tendo um tom mais sombrio do que seus antecessores, “The Hunter” (2011) e “Once More ‘Round The Sun” (2014) , mesmo se assemelhando muito a eles.
O baterista Brann Dailor define a história do álbum da seguinte maneira: “Um sultão no deserto dá uma sentença de morte a um determinado cara. Ele está fugindo disso. Ele se perde, e o sol está apagando toda a sua energia por conta da radiação. Então, ele está tentando se comunicar por telepatia com essas tribos africanas e norte americanas para que façam chover e acabar com isso.”
Logo de cara, já é possível encontrar algumas faixas consideradas ao estilo de “hinos” em Emperor of Sand. A faixa de abertura, “Sultan’s Course”, mostra em sua essência a proposta da banda no álbum, sendo mais pesada e agradando aos ouvidos do fã mais clássico.
“Show Yourself” segue a linha da primeira faixa, trazendo a sonoridade marcante do Mastodon. Já “Precious Stones” é um tanto mais técnica, com um ótimo duelo de guitarras, trazendo um refrão marcante e um recheio de Groove na bateria.
“Steambreather” é um dos grandes destaques do álbum. Os vocais cristalinos de tenor do baterista Brann Dailor são grande destaque na última, mostrando sua evolução desde que começou a cantar em Crack the Skye.
O contraste entre a introdução acústica e a sequência pesada e melódica é o que marca “Roots Remain”, que traz o tom mais famoso da banda. O ponto forte da canção é um solo de guitarra, seguido por um toque de piano que a finaliza de maneira formidável.
Em “Word to the Wise”, o destaque vai novamente para a bateria, que segue a linha das primeiras faixas. Os riffs pesados e característicos se repetem em “Ancient Kingdom”, com um refrão melódico e agressivo cantado por Troy Sanders, cujos vocais também são uma marca registrada no som do Mastodon. Sua estrondosa performance vocal ancora a banda e provém um contraste aos vocais de Hinds e Dailor.
“Clandestiny” se destaca por riffs mais agudos e refrão menos agressivo e arrastado. A guitarra ganha grande destaque ao final, trazendo bastante harmonia a canção e tornando a faixa um dos destaques do álbum. Já “Andromeda”, possui uma harmonia diferente, mais melódica, porém não menos pesada, sendo audível a introdução de pedais duplos em sua composição.
Na sequência, “Scorpion Breath” vem com um dedilhado mais rápido, ganhando peso, com um pouco mais de velocidade que as anteriores. Nesta faixa, os vocais são bem arrastados e vão crescendo de acordo com a melodia, destacando a bateria novamente.
Fechando o álbum, “Jaguar God” vem com uma atmosfera progressiva e parcialmente acústica. A faixa mais longa do álbum possui um tom mais melancólico, com vocais bem cadenciados que ganham peso ao decorrer da música. A faixa vai evoluindo e transitando em seu estilo para algo mais agressivo e rápido ao decorrer de sua execução, atingindo um ápice na metade da música e voltando para algo mais tranquilo em seu encerramento, que é marcado por um majestoso solo de guitarra.
“Emperor of Sand” vem para confirmar a majestosa posição do Mastodon no cenário mundial, trazendo a essência pesada e multifacetada do grupo. O Metal precisava desse álbum, que foi, com certeza, um dos grandes destaques do ano de 2017.
Formação:
Brann Dailor (bateria, baixo, vocais);
Brent Hinds (guitarra, vocais);
Bill Kelliher (guitarra);
Troy Sanders (baixo, vocais).
Faixas:
01. Sultan’s Curse
02. Show Yourself
03. Precious Stones
04. Steambreather
05. Roots Remain
06. Word to the Wise
07. Ancient Kingdom
08. Clandestiny
09. Andromeda
10. Scorpion Breath
11. Jaguar God
Nota: 9