“The Metal Opera” é o primeiro trabalho do Avantasia, projeto criado pelo vocalista do Edguy, Tobias Sammet. Com a proposta de fazer uma “Ópera Metal”, Sammet reuniu grandes músicos do Metal mundial. O time de instrumentistas para o álbum contou com o guitarrista Henjo Richter (Gamma Ray), o baixista Markus Grosskopf (Helloween) e o baterista Alex Holzwarth (Rhapsody Of Fire), além do guitarrista e companheiro de Tobias no Edguy, Jens Ludwig, que participou em duas músicas.
O “elenco” de vocalistas é composto de vários nomes de peso, como Andre Matos (ex-Angra, ex-Shaman, carreira solo), Kai Hansen (Gamma Ray), Sharon Den Adel (Within Temptation) e David DeFeis (Virgin Steele), entre outros. Um convidado misterioso, creditado no encarte de “Metal Opera” como “Ernie”, também fez parte do grupo de vocalistas convidados.
O álbum abre com “Prelude”, que é um aquecimento para a faixa seguinte, “Reach Out For The Light”. A primeira tem um bom trabalho de orquestração, enquanto a segunda já traz o peso com a guitarra de Henjo Richter e a bateria de Alex Holzwarth. A dupla Tobias Sammet e Ernie funciona de forma incrível, principalmente o segundo, que já é um dos destaques do álbum, não só por “Reach Out For The Light”, mas no contexto geral do disco. O baixo de Markus Grosskopf aparece com força antes do solo, executado magistralmente pelo já citado Henjo Richter. Voltando ao “tal” Ernie, este foi um foi um pseudônimo usado na época da gravação por nada mais nada menos que Michael Kiske, já que o ex-vocalista do Helloween estava de volta ao Metal depois de sua saída da antiga banda em 1993.
A próxima faixa é “Serpents In Paradise”, que conta com a participação de David DeFeis. Tobias Sammet, como idealizador do projeto, acaba aparecendo mais, porém DeFeis também tem seus momentos de destaque. A música tem um refrão grudento e cheio de coros, que se tornou uma característica muito forte no Edguy e evidenciava ainda mais a capacidade de Sammet como compositor.
“Malleus Maleficarum” é uma introdução para outra das melhores do álbum. Ralf Zdiarstek faz uma breve participação. Assim como as músicas anteriores, “Breaking Away” tem outro dos refrãos mais marcantes que Tobias Sammet já compôs. Michael Kiske retorna atraindo para si todas as atenções. E como poderia ser diferente? O cara volta com tudo depois de muito tempo afastado do Metal.
Em seguida temos a bela balada “Farewell”. Tobias Sammet canta a música praticamente inteira, mas a (infelizmente) única participação de Sharon Den Adel é providencial. A voz do Within Temptation acrescenta lindas doses de melodia em uma belíssima faixa. Os refrãos do álbum seguem um melhor que o outro e o solo de Henjo Richter é espetacular, daqueles que você percebe o feeling do guitarrista. Michael Kiske aparece mais uma vez, mas sem tanto destaque quanto nas suas outras participações.
“The Glory Of Rome” traz o peso de volta e o retorno de Ralf Zdiarstek, que divide os vocais com Tobias Sammet, Oliver Hartmann (ex-At Vance) e Rob Rock (Impelliteri). Os instrumentistas convidados por Sammet mostram a que vieram, principalmente Markus Grosskopf, que dá toques muito interessantes com suas linhas de baixo.
“In Nomine Patris” é outra faixa instrumental que serve apenas para criar o clima da história contada em “The Metal Opera”. Em seguida temos “Avantasia”, que é mais uma música com o estilo próprio de composição de Sammet, com refrão carregado de coros. Tobias Sammet e Michael Kiske estão juntos novamente, com outra participação comedida de Kiske. Instrumentalmente, Henjo Richter e as orquestrações de Sammet dividem as atenções.
“A New Dimension” é mais uma introdução. Na sequência temos a segunda balada do álbum. Um bom dueto entre o brasileiro Andre Matos e Kai Hansen (Gamma Ray) com o som do piano ao fundo dá o tom de “Inside”. Mas no final, Tobias Sammet rouba a cena e a música segue em um ritmo mais lento.
A dobradinha final é a melhor parte de “The Metal Opera”. Ao som de teclado começa uma das músicas mais cultuadas pelos fãs do Avantasia. “Sign Of The Cross” realmente tem aquela aura de um clássico. Oliver Hartmann aparece de forma mais perceptível que em “Glory Of Rome”. Além dele, Rob Rock, Andre Matos e Kai Hansen são os outros vocalistas convidados. O trecho de Hansen nos remete um pouco à própria sonoridade do Gamma Ray. Alex Holzwarth é um excelente baterista e o solo de Jens Ludwig, companheiro de Tobias Sammet no Edguy, é um dos melhores do álbum.
Mas a cereja do bolo de “The Metal Opera” ficou guardada para a última música. A maravilhosa “The Tower” fecha o disco com a maior quantidade de vocalistas participantes (seis!) e pelo clima épico da faixa e suas mudanças de andamento ao longo de quase 10 minutos. A música começa ao som do piano e vai se tornando grandiosa ao longo da execução. Alex Holzwarth mostra seu melhor desempenho nesta última faixa. “The Tower” é muito empolgante, com a dupla de guitarras Henjo Richter e Jens Ludwig dosando muito bem melodia e peso. Michael Kiske também tem uma grande participação, sobretudo no refrão. Andre Matos e Tobias Sammet capricham na interpretação. Oliver Hartman e David DeFeis também têm papéis dignos, mas os efeitos na voz de Timo Tolkki (ex-Stratovarius) simulando a voz da torre que dá nome à faixa são uma gratíssima surpresa. No fim das contas, “The Tower” é, no mínimo, espetacular.
Em “The Metal Opera”, Tobias Sammet pôde trazer toda a sua capacidade de compositor que o consagrou no Edguy e teve muito mais espaço para experimentações, principalmente com as orquestrações. Com um time de primeira envolvido no projeto, tanto nos instrumentais quanto, e principalmente, nos vocais, não tinha como dar errado. “The Metal Opera” merece, e muito, integrar a lista de clássicos do Power Metal.
Formação:
Tobias Sammet (Edguy) (vocal, teclado, piano, orquestrações);
Henjo Richter (Gamma Ray) (guitarra);
Markus Grosskopf (Helloween) (baixo);
Alex Holzwarth (Rhapsody Of Fire) (bateria).
Convidados:
Jens Ludwig (Edguy) (guitarra adicional (faixas 12 e 13));
Norman Meiritz (violão (faixa 6));
Andre Matos (ex-Angra, Shaman, atual solo) (vocal (faixas 11-13));
Kai Hansen (Gamma Ray) (vocal (faixas 11 e 12));
Frank Tisher (piano (faixa 11));
Ernie/Michael Kiske (vocal (faixas 2, 5, 6, 9 e 13));
Timo Tolkki (ex-Stratovarius, ex-Revolution Renaissance, ex-Symphonia, atual solo) (vocal (faixa 13));
David DeFeis (Virgin Steele) (vocal (faixas 3 e 13));
Ralf Zdiarstek (vocal (faixas 4 e 7));
Sharon Den Adel (Within Temptation) (vocal (faixa 6));
Rob Rock (Impellitteri) (vocal (faixas 7 e 12));
Oliver Hartmann (ex-At Vance) (vocal (faixas 7, 12 e 13)).
Faixas:
01 – Prelude (instrumental)
02 – Reach Out For The Light
03 – Serpents In Paradise
04 – Malleus Maleficarum
05 – Breaking Away
06 – Farewell
07 – The Glory Of Rome
08 – In Nomine Patris (instrumental)
09 – Avantasia
10 – A New Dimension (instrumental)
11 – Inside
12 – Sign Of The Cross
13 – The Tower