Em 23 de julho de 2003, o ARCH ENEMY lançava o seu quinto full-lenght, o segundo com a vocalista Angela Gossow, que se consolidaria de uma vez como a maior frontwoman do Metal extremo da história. E este disco é, para este que vos escreve, o melhor de toda a carreira da banda, ainda que o disco anterior, “Wages of Sin” seja um massacre sonoro.
E a banda vinha colhendo os louros do último disco, com Angela sendo bem aceita e angariando novos fãs (entre eles, este que assina esta matéria). Então, o ARCH ENEMY se juntou mais uma vez ao produtor Andy Sneap e todos foram para o “Backstage Studios“, na cidade de Derbyshire, na Inglaterra e saíram de lá com esta pérola.
São 43 minutos em que a banda destila toda a técnica e peso do Metal moderno, onde nas 13 faixas eles passeiam por vertentes como Thrash, Death, Prog, com muita melodia e os vocais insanos de Angela. Eu costumo dizer que o ARCH ENEMY bebeu em fonte similar de outra banda contemporânea, o NEVERMORE, com uma diferença sutil, a banda de Michael Amott usa mais das harmonias melódicas e flerta mais com o extremismo.
Vamos botar a bolacha para rolar, e a abertura se dá com a intro chatinha chamada “Tear Down the Walls“. Quem me lê. sabe que eu definitivamente não curto essas vinhetas que costumam abrir algumas obras, mas se o ouvinte tiver paciência, são apenas 32 segundos.
Ai temos “Silent Wars” que abre o disco de verdade. E aqui temos as palhetadas dos irmãos Amott comandando tudo e Angela insana, num som em que você pode rotular de Thrash Metal. Excelente som.
“We Will Rise” é uma música mais densa, diferentona do que se caracterizou a fase com Angela no vocal. Mas é exatamente por ela ser diferente que ela é linda, com destaque para o solo de Michael Amott, com muita melodia. Esta é presença obrigatória nos shows da banda até os dias de hoje.
“Dead Eyes See no Future” é sensacional, com riffs fantásticos em sua intro e solos igualmente sensacionais. E o refrão que é tão grudento quanto os das bandas de Hard Rock, mesmo que aqui, nem de longe seja a pretensão do ARCH ENEMY soar como Hard Rock.
“Instinct” é mais grooveada, pesadona, densa, moderna e aqui eu destaco a bateria de Daniel Erlandsson, que destrói tudo com seu bumbo duplo. As guitarras não ficam atrás com riffs “Sabbathicos”, ultrapesados. Uma das melhores músicas da carreira da banda, em minha opinião.
“Leader of the Rats” é bem modernosa, cadenciada, pesada, onde os riffs dos irmãos Amott são a tônica por aqui também.
Uma intro bem medonha anuncia “Exist to Exit“, mas logo as guitarras sombrias dão um clima de suspense e mesmo com um andamento mais cadenciado em relação às anteriores, é bem raivosa, outra das minhas preferidas.
“Marching on a Dead End Road” é uma instrumental bonitinha que além de dar uma quebrada no clima do álbum, faz ponte para a pancadaria que chefa a seguir…
…E ela chega quebrando tudo em “Despicable Heroes“, um Thrashão de levantar defunto, com riffs hipnóticos, viradas de bateria e levadas no bumbo duplo sensacionais e um som que eu duvido que alguém resista bater a cabeça ou entrar no mosh pit. Curta e grossa. Excelente.
“End of the Line” é uma música na linha melódica, porém, os vocais guturais de Angela Gossow, que dão à banda o título de “Death Metal Melódico”, do qual eu discordo. Mas a música é muito boa, com destaque para a guitarra base, excelente.
“Dehumanization” tem na sua intro a bateria com o groove espetacular de Daniel Erlandsson em que novamente a modernidade dá as caras. E a dupla de guitarristas segue fazendo um excelente trampo, mantendo o nível do nosso disco homenageado nas alturas.
“Anthem” é uma instrumental muito interessante, com menos de 1 minuto, com belíssimas harmonias de responsabilidade de Michael Amott, ela servecomo uma ponte para a faixa que encerra o disco, “Saints and Sinners“, que encerra o disco com riffs pesadíssmos e densos e tome melodia no solo, enriquecendo a composição, como é de praxe na banda.
Temos algumas versões deste álbum, algumas tem um DVD da banda de bônus. O que eu tenho é um CD bônus com três faixas ao vivo, extraídas da turnê do álbum “Wages of Sin“, e as músicas são: “Lament of Mortal Soul“, “Behind the Smile” e “Diva Satanica“, todas ótimas e as versões ao vivo ficaram matadoras.
E chegamos ao fim deste precioso tesouro que não tem uma música ruim. E como o tempo passa rápido, já são 16 anos do lançamento deste. Vamos celebrar, pois a cada ano que envelhece, ele fica melhor. Já não temos mais a Angela Gossow no vocal, sendo substituída pela competente Alissa White-Gluz e na segunda guitarra hoje está o excelentíssimo Jeff Loomis. A banda segue bem, mas saudosista declarado que sou, eu ainda prefiro essa fase aqui, em que eu escutava a banda sueca quase que na mesma intensidade que eu escutava (e ainda escuto) o NEVERMORE. E desejamos longa vida ao ARCH ENEMY.
Lineup:
Angela Gossow – Vocal
Michael Amott – Guitarra
Cristopher Amott – Guitarra
Sharlee D’Angelo – Baixo
Daniel Erlandsson – Bateria

Tracklisting:
01 – Tear Down the Wall (intro)
02 – Silent Wars
03 – We Will Rise
04 – Dead Eyes See no Future
05 – Instinct
06 – Leader of the Rats
07 – Exist to Exit
08 – Marching on a Dead End Road (instrumental)
09 – Despicable Heroes
10 – End of the Line
11 – Dehumanization
12 – Anthem (instrumental)
13 – Saints and Sinners
Bônus CD:
01 – Lament of Mortal Soul (live)
02 – Behind the Smile (live)
03 – Diva Satanica (live)
