Helloween: As bodas de prata de “Master of the Rings”

Em 08 de julho de 1994, o HELLOWEEN lançava o seu sexto disco de estúdio. E “Master of the Rings” tinha algumas metas a alcançar: superar o fiasco que havia sido os dois álbuns anteriores, “Pink Bubbles Go Ape” (1991) e “Chameleon” (1993), fazer o novo vocalista Andi Deris, que havia chegado do PINK CREAM 69, ser bem acolhido pelos fãs que simplesmente amavam seu antecessor, Michael Kiske, além de arrumar um substituto a altura para o baterista Ingo Scwichtenberg, que havia saído da banda há pouco por problemas de saúde e acabara se suicidando. Porém, os caras conseguiram concluir essas três tarefas com êxito.

Para o lugar de Ingo, fora recrutado o excelente baterista Uli Kusch, vindo do GAMMA RAY. E com essa formação nova, a banda se juntou ao produtor Tommy Hansen e todos saíram do estúdio “Chateau du Pape“, em Hamburgo, Alemanha, com esse discaço em mãos. O disco fora lançado pela “Castle Communications“.

Em 2011, o baixista Markus Grosskopf comentou sobre o que motivou a saída de Michael Kiske:

“As pessoas pensaram que estávamos loucos para demitir um cantor como o Kiske, mas ai depois de todos esses anos e ouvindo o que ele está fazendo, eu espero que as pessoas entendam porque nós tomamos aquela decisão. Do contrário, ele teria nos empurrado na direção em que ele está indo agora e nós não queríamos isso.”

E Deris foi uma opção do guitarrista Michael Weikath, que já conhecia o cantor desde os tempos de PINK CREAM 69. E Markus Grosskopf falou de como foi o processo de composição do álbum:

“Foi muito rápido porque havia algumas canções que o Weikath fez e o Roland Grapow tinha algumas coisas e então combinado com o que o Andi Deris trouxe à banda foi muito funcional e incrível, porque tudo foi tão rápido.Nós tínhamos uns três meses para ensaiar e então o estúdio estava agendado e foi uma sessão muito rápida e eu meio que gostei daquilo. Houve também uma mudança de baterista, porque nós pegamos o Uli Kusch, mas nós ainda fizemos tudo naqueles três meses.”

Bom, e com essas informações passadas, é hora de botar a bolacha para rolar e a impressão é muito boa, porque “Master of the Rings” é um álbum bastante pesado, como nunca o HELLOWEEN havia sido até então e isso permaneceria assim até o “problemático” The Dark Ride (N; do R: o meu favorito da carreira da banda). A banda se distancia do direcionamento dos últimos dois álbuns e ainda acrescentou mais peso ao estilo que já era adotado desde os seus primórdios.

Temos a primeira faixa, que é uma vinheta e eu particularmente não gosto delas, que, em regra, são chatas. E essa tem o sugestivo nome de “Irritation“. Se você tem paciência, poderá esperar o seu 1 minuto e 14 segundos para que o que interessa possa tocar.

E a faixa que realmente abre o trabalho é a poderosa “Sole Survivor“, com Uli Kusch arrebentando nas viradas de sua bateria no início e a dupla Michael Weikath e Roland Grapow se mostrando afiada. Essa é uma música especial para mim, foi uma das primeiras da banda que eu escutei. Lembro-me que comprei uma edição da já extinta revista “Showbizz” e essa vinha com um CD encartado. Tratava-se de uma coletânea com bandas de Metal, dentre elas BLACK SABBATH, MOTÖRHEAD, URIAH HEEP, GIRLSCHOOL, BRUCE DICKINSON…E o HELLOWEEN representado através deste som. Pirei na hora e isso me motivou a comprar este disco. Um grande início.

Where the Rain Grows” mostra a banda praticando o que sabe de melhor: o seu Power Metal vigoroso, onde todos se destacam: Uli com sua bateria precisa, as guitarras com seu dueto na intro e riffs interessantes, mas Markus Grosskopf e suas linhas de baixo beiram a perfeição.

Why” traz o que seria uma novidade na época e que se tornaria uma constante na banda: as composições de Andi Deris, mais voltadas ao Hard Rock. E aqui ele acertou a mão. É uma música pesada, bem elaborada e em nenhum momento se torna pedante.

Mr. Ego (Take me Down)” é uma das melhores músicas da carreira da banda. Pesada, densa, com um andamento bem arrastado. Tudo nela é perfeito. Nem seus mais de 7 minutos a transforma em algo monótono, ao contrário, ela poderia até durar mais.

Perfect Gentleman” é outra composição de Deris, desta vez em parceria com Weikath; uma música inofensiva, mas legalzinha. Boa de se escutar quando se quer relaxar um pouco.

The Game is On” remete a banda à fase dos “Keepers…”, e com direito a tecladinhos. O fã mais saudosista vai curtir esse som, onde eu destaco mais uma vez a performance do baixista Markus Grosskopf.

Secret Alibi” em minha opinião é a que um pouco destoa do resto do disco, mas nada que coloque tudo a perder. É chatinha, mas podemos escutá-la até o final sem problemas. Ela é mais puxada para o Hard Rock.

Take me Home” tem na sua intro um belíssimo trabalho da cozinha e um andamento que lembra um pouco as bandas de Rockabilly. E com um refrão grudento e bons solos. Interessante.

Outro grande momento se dá em “In the Middle of Heatbeat“, que sem dúvida, das poucas baladas que o HELLOWEEN tem em sua discografia, esta é a melhor. Ela é melancólica e tem a sua graça sendo dessa forma.

Fechando o disco temos “Still We Go“, que excetuando-se sua intro que é bem medonha, encerra bem o disco. Com muito peso nas guitarras e a pegada Power Metal vigorante que a banda tem. Excelente canção.

E assim tivemos uma excelente audição em pouco mais de 50 minutos de um álbum que já nascia clássico. E os fãs brasileiros terão a oportunidade de testemunhar o HELLOWEEN, reforçado com as feras Michael Kiske e Kai Hansen, no Rock in Rio e em mais algumas outras datas. A banda chega para substituir o MEGADETH e esperamos que algumas das músicas de “Master of the Rings” estejam presentes no setlist. E não podemos desejar outra coisa se não longa vida aos inventores do Power Metal.

Lineup:
Andi Deris – Vocal
Michael Werikath – Guitarra
Roland Grapow – Guitarra
Marcus Grosskopf – Baixo
Uli Kusch – Bateria

Tracklisting:
01 – Irritation
02 – Sole Survivor
03 – When the Rains Grows
04 – Why
05 – Mr. Ego (Take me Down)
06 – Perfect Gentleman
07 – The Game is On
08 – Secret Alibi
0
9 – Take me Home
10 – In a Middle of Heartbeat
11 – Still We Go

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