Slash ft. Myles Kennedy and The Conspirators: confiram como foi a passagem da banda por Recife

Após quase três anos sem receber shows de rock de grande porte (tendo o último sido o Aerosmith em outubro de 2016), no dia 1º de junho de 2019, Recife voltou a sediar uma apresentação de uma grande lenda do rock em seus palcos.

Depois de receber o Guns N Roses em 2014 (antes do retorno de parte da formação clássica), o Classic Hall, tradicional casa de shows localizada na divisa entre Recife e Olinda, trouxe o Slash ft. Myles Kennedy and The Conspirators, que ali fariam o penúltimo show da turnê brasileira do novo disco “Living the Dream”, contando com a abertura da banda paulista Republica, que acompanhou o grupo nessa tour.

Confesso que eu estava cheio de desconfianças em relação a esse show, primeiramente porque a divulgação do mesmo foi muito fraca, e se tratando de evento no Classic Hall, e o fato de ser o show do projeto solo do principal guitarrista do Guns N Roses, isso não é normal. Segundo, porque conhecendo bem o público recifense, com certeza muitos iriam no show achando que a banda tocaria metade do setlist só de músicas do Guns N Roses, sem nem ao menos checar os trabalhos solos do Slash. E terceiro, porque sempre fico com a pulga atrás de orelha quando vejo a produção fazer promoção do tipo “comprando 1 você leva 2”, que normalmente é um sinal de que as vendas não estão boas.

Mas enfim, chegado finalmente o sábado do dia 1º de junho, a expectativa era grande entre os fãs e esperava-se um showzaço naquela noite.

Quando cheguei no Classic Hall por volta das 20h os portões já haviam sido abertos, e a movimentação em frente a casa era tranquila, e ao que aparentava, a produção cumpriu a risca o horário de abertura dos portões (19:30).

Da mesma forma, pontualmente às 21h, a banda Republica subiu ao palco do Classic Hall para iniciar os trabalhos daquela noite.

Foto: Luiz Fabiano

Confesso antes deles serem anunciados como a banda de abertura dos shows do Slash no Brasil, eu nunca tinha ouvido falar neles, e pelo que vi em minhas pesquisas, o Republica já é uma banda veterana, com mais de 20 anos de atividade e quatro álbuns lançados.

O som apresentado por eles junta um pouco de linhas clássicas do Heavy Metal, mas com uma pegada mais moderna.

Foto: Luiz Fabiano

Eles tiveram uma boa energia no palco, bastante presença, isso sem falar na técnica impecável. Em meia-hora de apresentação eles mostraram a razão a qual estavam acompanhando o Slash e o Myles Kennedy naquela turnê.

Os que chegaram cedo no Classic Hall com certeza viram um ótimo show de abertura, mas como já era de se esperar, a maioria dos presentes preferiram curtir o Republica mais na deles sem interagir muito, mas ainda assim valeu a experiência.

Foto: Luiz Fabiano

SETLIST:

  1. Brutal & Beautiful
  2. Black Wings
  3. Death For Life
  4. Head Like a Hole
  5. Take It
  6. Beautiful Lie
  7. Endless Pain
  8. El Diablo

Depois do fim do show do Republica, não demorou muito para a atração principal da noite subir ao palco. Meia-hora depois, às 22h em ponto, Slash ft. Myles Kennedy and The Conspirators iniciou sua apresentação ao som de “The Call of The Wild”, faixa que abre o novo disco “Living The Dream”.

Foto: Luiz Fabiano

Nesse momento, o Classic Hall já havia se tornado um caldeirão que esferveceu ainda mais com o início do show. Myles Kennedy, como sempre, deu uma aula de extensão e potência vocal, enquanto o Slash empolgava a plateia com seus riffs marcantes e grande energia em cima do palco.

Não faltou presença de palco por parte de nenhum integrante, o baixista Todd Kerns constantemente andava de canto a canto sempre pedindo empolgação da plateia, mesma coisa fez o próprio Myles Kennedy.

O setlist foi bem equilibrado com músicas dos quatro álbuns solos do Slash, incluindo também o primeiro homônimo, onde cada música havia sido gravada por um vocalista diferente (entre eles, o Myles). No caso, quatro músicas desse disco foram tocadas, sendo elas “Back From Cali” e “Starlight”, originalmente gravadas pelo próprio Myles Kennedy, além de “Doctor Alibi”, “By The Sword” e “We’re All Gonna Die”, tendo as mesmas sido gravadas originalmente por Lemmy Kilmister, Andrew Stockdale e Iggy Pop respectivamente.

Foto: Luiz Fabiano

Nas músicas citadas anteriormente (com exceção de “By The Sword”), o baixista Todd Kerns assumiu os microfones, e simplesmente conseguiu roubar a cena com a sua potência vocal e energia.

Após Myles Kennedy retornar ao palco para cantar a balada “The One You Loved is Gone”, também presente no disco “Living The Dream”, tivemos um dos pontos altos da noite que foi durante a execução da faixa “Wicked Stone”, onde Slash fez um solo de nada mais, nada menos, do que 13 minutos. Alguns amaram isso, outros acharam cansativo, mas fato é que Slash provou ter bastante resistência e rapidez nos dedos nessa performance, e para deixar o momento menos monótono, a banda o acompanhou fazendo a base.

Foto: Luiz Fabiano
Foto: Luiz Fabiano

O show transcorreu de forma bastante dinâmica, Myles pouco conversou com o público, mas mesmo assim conseguia esbanjar simpatia, e dessa forma também eles conseguiram manter o mesmo clima de êxtase do início ao fim, sem muitas quebras.

Após as faixas “Mind Your Manners”, “Driving Rain” e “By The Sword”, veio o segundo ponto do alto da noite, que também era o que com certeza muito dos presentes esperavam. A execução da música “Nightrain”, a única do Guns N Roses que entrou no setlist, fazendo todo o Classic Hall cantar junto em uma única voz.

Foto: Luiz Fabiano

A banda seguiu o set com as músicas “Starlight” e “You’re a Lie”, tendo depois iniciado a faixa “World On Fire”, onde em um momento Myles aproveitou para apresentar toda a banda, e depois Slash feito mais um solo de guitarra.

Como de praxe, aquele foi o momento em que eles fingiram que o show iria terminar, tendo retornado poucos minutos depois executando “Avalon”.

Claro, durante isso houveram aqueles fãs nostálgicos que imploraram para que fosse tocada mais alguma música do Guns N Roses, coisa que não iria ocorrer, e a banda havia deixado isso bem claro antes do início da turnê.

Para fechar a noite com chave de ouro, a banda soltou toda a energia que ainda lhe restava na execução da faixa “Anastasia”, tendo mais um solo do Slash, fazendo com que o Myles Kennedy fosse para a guitarra mais uma vez.

Foto: Luiz Fabiano
Foto: Luiz Fabiano

SETLIST:

  1. The Call of The Wild
  2. Halo
  3. Standing in the Sun
  4. Apocalyptic Love
  5. Back From Cali
  6. My Antidote
  7. Serve You Right
  8. Boulevard of Broken Hearts
  9. Shadow Life
  10. We’re All Gonne Die
  11. Doctor Alibi
  12. The One You Loves is Gone
  13. Wicked Stone
  14. Mind Your Manners
  15. Driving Rain
  16. By The Sword
  17. Nightrain
  18. Starlight
  19. You’re a Lie
  20. World On Fire
  21. Avalon
  22. Anastasia

Sobre o show em si, não há mais nada o que falar a não ser que foi um espetáculo a parte, tudo funcionou muito bem, o som estava ótimo e a banda deu o melhor de si no palco. Todos ficaram felizes com o que viram.

O público compareceu em peso, não chegou a lotar, mas havia um bom quantitativo de pessoas, o único detalhe foi um buraco que ficou em metade da front stage. Em grande parte eles interagiram bem com a banda, mas também em muitos momentos ficaram mais apáticos, tendo se animado mais quando “Nightrain” foi executada. É triste dizer que com certeza havia muitos ali esperando que o Slash enchesse o setlist com músicas do Guns N Roses.

Percebi também que a produção do show foi bem rigorosa em alguns aspectos, como por exemplo, todas as bebidas eram servidas em copos descartáveis, em hipótese nenhuma eles deixavam as pessoas circularem com garrafas e latas pela casa. Outro detalhe foi que todo mundo que tentou fazer registros com flashs nas câmeras foi chamado a atenção pelos seguranças, até mesmo aqueles que não estavam especificamente na grade.

A única crítica que faço em relação a esse show é a questão dos telões que passaram praticamente o show inteiro filmando apenas o Slash. Tudo bem que ele era o principal nome da noite, mas havia outros músicos tão competentes quanto, e imagino que quem está vendo de longe quer ver todos os detalhes possíveis do espetáculo. Não tinha câmera o suficiente para ficar filmando em vários ângulos? Tudo bem, mas pelo menos pegava a única câmera que tinha e deixava a mesma “passeando” pelo palco durante o show, tentando mostrar cada detalhe do mesmo.

No mais, essa foi uma noite inesquecível para os roqueiros recifenses, que agora aguardam pelo show do Bon Jovi, no dia 22 de setembro no Estádio do Arruda.

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