Atualmente formada pelos músicos Clayson Gomes (vocal e baixo), Cristiano Placido (guitarra), Nério Vitor (bateria) e Lúcio Machado (teclado), a banda 80 Rock já está no cenário musical há quase seis anos, mantendo sempre a proposta de compor em português e executar exclusivamente seu material autoral. A sonoridade é um caso à parte, onde cada ouvinte encontrará um pouco de tudo dentro de algumas ramificações do Rock e até mesmo de fora desse universo. Confira abaixo a minha entrevista com Clayson Gomes:
Roadie Metal: Para aqueles que ainda não conhecem o trabalho da banda, quando e como surgiu a 80 Rock? E a escolha desse curioso nome, como ocorreu?
Clayson Gomes: A 80 Rock surgiu em 2013, na cidade de Sabará, região metropolitana de Belo Horizonte/MG, depois que Cristiano Placido e eu resolvemos criar um novo projeto, já que havíamos tocado juntos em projetos anteriores que, por motivos diversos, não tiveram continuidade. O projeto foi criado após dois anos longe da música – de 2010 até dezembro de 2012 – e no início tocávamos releituras de clássicos dos anos 80 e algumas poucas músicas próprias. Com o passar do tempo fomos introduzindo cada vez mais as nossas composições no repertório até que resolvemos gravar o primeiro EP (‘Nem Tudo Está Perdido’) em 2015, daí em diante passamos a ser uma banda exclusivamente autoral.
O nome se deu pela influencia do repertório que tocávamos, inicialmente clássicos nacionais e internacionais da década de 80 e também pelas nossas composições, onde o ouvinte pode perceber claramente traços bem fortes do som daquela época. Acho que isso explica a origem do nome.
Roadie Metal: Apesar de Minas Gerais possuir uma forte tradição em estilos mais agressivos do Metal – como Thrash e Death Metal –, com clássicos dos anos 80 e 90 aclamados mundialmente, a 80 Rock mostra que também existem outros caminhos musicais para serem apreciados dentro do Rock no estado. Como seria definido o som da banda e quais as possíveis influências você citaria?
Clayson: Desde o inicio queríamos fazer algo que fosse a nossa cara, mas o caminho mais óbvio seria algo em torno do Metal pesado, muito tradicional por aqui, daí pensamos e resolvemos ir para um caminho diferente, fazer algo que fosse bem próprio e tentar atingir uma sonoridade que, acima de tudo, nos agradasse em primeiro lugar, assim seguimos até agora. Quanto às influencias, cada um trouxe um pouquinho de si e por incrível que pareça todos escutavam bandas diferentes – talvez isso possa explicar o grande numero de sons que fazem parte das nossas composições. Nota-se algo em torno do Progressivo e do Hard Rock como predominantes, mas é possível também encontrar traços marcantes de musica regional.

Roadie Metal: Em relação aos shows, a banda se apresenta constantemente? E como conciliar então a vida pessoal (família, trabalho e outros afazeres) com essa rotina, que certamente incluí ensaios, gravações e apresentações?
Clayson: Sim, fazemos em média de quatro a seis shows por mês, sem contar também os shows que fazemos às vezes durante a semana em BH e região, já os ensaios ocorrem duas vezes por semana, no período noturno. Sabemos que ocasionalmente a família fica um pouco prejudicada, mas felizmente eles entendem e nos apoiam, pois sabem da dedicação e do carinho com que levamos a nossa música. Se quiser vencer, tem que abrir mão de algumas coisas, não tem jeito!
Roadie Metal: Ainda sobre as apresentações, já ocorreram convites para shows fora do estado?
Clayson: Sim o trabalho tem sido muito bem recebido fora de Minas e recentemente fomos duas vezes ao Rio de Janeiro e uma em São Paulo. Temos convites para outros estados e é sempre um grande prazer tocar fora, já que normalmente são experiências incríveis, sem falar que é muito bom poder levar sua música para outras pessoas, além de poder trocar experiências. Achamos isso tudo muito válido.
Roadie Metal: Já são dois EPs lançados (‘Nem Tudo Está Perdido’, de 2015 e ‘Destino’, de 2018), de maneira independente e com composições 100% autorais, em português. O que os ouvintes podem esperar de ambos os trabalhos e como os adquirir?
Clayson: A nossa maior preocupação foi, e sempre será, levar ao publico, através da nossa musica, uma mensagem positiva de que é possível atravessar todas as adversidades do dia a dia. Sabemos o quanto é complicado o mercado musical hoje em dia no Brasil, principalmente no quesito Rock, mas mesmo assim seguimos na caminhada que é árdua, e ao mesmo também muito prazerosa, driblando as dificuldades e os obstáculos que encontramos pelo caminho. Essa é a mensagem principal que queremos apresentar ao publico.
Passando um pouco pela sonoridade, 80 Rock é uma mistura de vertentes onde podemos levar ao publico pitadas de Progressivo, Hard Rock, Heavy, Pop Rock, mas procuramos sempre fazer algo com a nossa cara.
Estamos em todas as plataformas digitais como: Spotify, Deezer, Itunes, Google Play, Palco Mp3 e também temos nossa loja de produtos na fanpage do Facebook, onde é possível encontrar uma variedade de produtos da banda.
Roadie Metal: Do seu ponto de vista artístico, quais os prós e os contras de se compor em nossa língua, e, ainda por cima executando ao vivo apenas material próprio?
Clayson: Na verdade sabemos que existe uma pré-disposição das bandas de Rock de compor em inglês, mas preferimos apostar em escrever na nossa língua pátria e estamos obtendo bons resultados, até mesmo fora do país. Sabíamos que estávamos indo por um caminho mais complicado, pois no Brasil o público tem mais dificuldade em ouvir Rock em português, mas conquistamos uma aceitação muito boa e por isso seguimos no caminho. A cada dia vem sendo desmistificada a diferença de idioma.
Roadie Metal: Os EPs foram lançados fisicamente – e recentemente, também outros itens de merchandising, como camisas, canecas, entre outros. Atualmente, com o advento das plataformas digitais, não é possível deixar de lado esse recurso. Como têm sido os resultados de consumo da sua música, tanto fisicamente (CDs) e virtualmente?
Clayson: É verdade! Optamos por ter os EPs físicos também, pois muitas pessoas ainda gostam de possuir o disco físico e temos conseguido bons resultados principalmente após nossos shows, onde as pessoas nos procuram e acabam levando CDs, camisas, chaveiros, palhetas, canecas, etc. Nosso material no formato digital tem nos proporcionado uma visibilidade muito boa, principalmente em outros países.
Roadie Metal: Os processos de composição variam de banda para banda, indo do trabalho solitário de um músico até o envolvimento de todos os integrantes. E na 80 Rock, como acontece esse processo?
Clayson: O guitarrista Cristiano e eu somos os responsáveis pela maior parte da criação das letras, arranjos e melodias, que em seguida são apresentados aos demais integrantes. Nisso, se dá início ao processo de lapidação, onde todos participam e buscam sempre o melhor resultado. Consideramos esse momento primordial, pois novas idéias podem surgir para implementar e melhorar as músicas, onde normalmente fazemos primeiro o instrumental e deixamos a letra por ultimo. Nos sentimos mais confortáveis trabalhando assim.
Roadie Metal: Na esfera visual, vocês também demonstram interesse pelas capas dos seus trabalhos, bem como pelos vídeos promocionais. Até agora, estão disponíveis no Youtube o vídeo clipe da marcante “Felicidade” – que atingiu a marca de 50 mil visualizações – e o lyric video de “Planalto Central” – composições bem distintas entre si. Qual a sua opinião a respeito desse aspecto mais visual?
Clayson: Acho de suma importância a preocupação com o lado visual! Os vídeos têm uma aceitação muito grande entre os fãs de Rock e é uma tendência na qual a banda não poderia ficar de fora atualmente. Sempre que possível procuramos trazer alguma novidade nesse sentido para apresentar ao publico.
Roadie Metal: E sobre essas (possíveis) novidades, alguma a caminho que possa nos revelar?
Clayson: Sim, estamos em processo de gravação do terceiro EP, onde a principio devemos entrar em estúdio no mês de junho. Esse novo trabalho irá transitar entre os sons do primeiro e do segundo EP, buscando sua essência. Também estamos em fase da criação do roteiro para um possível clipe da música “Destino”.
Roadie Metal: Bom, chegamos ao fim do papo… Muitíssimo obrigado pela atenção e tempo cedido! Gostaria de deixar alguma mensagem aos nossos leitores?
Clayson: Queria agradecer pela oportunidade de poder mostrar um pouco dos bastidores da 80 Rock e tudo isso só é possível por que ainda existem pessoas que acreditam… Isso não tem preço. Agradeço também ao público que nos acompanha, que interage em nossas redes sociais e nos shows, enfim todos que de alguma forma nos ajudam a seguir nessa caminhada. Sem vocês nada disso faria sentido!!