Continuando a cronologia da vasta discografia do King Diamond, hoje falaremos do décimo álbum de estúdio da banda, lançado em 2002, que é uma continuação direta do clássico e aclamado Abigail, de 1987.
A banda nesse álbum conta com, além do vocalista líder e tecladista King Diamond, o guitarrista Mike Wead (que também toca no Mercyful Fate), fazendo dupla com Andy, além de contar com o retorno do baixista Hal Patino e do novato porém excelente baterista Mat Thompson.
O álbum começa com um macabro “prelúdio”, a Spare This Life, que lembra muito um filme de terror com a narração macabra de King Diamond e barulhos de trovão, que antecede a tempestade, que é a faixa The Storm, que mostra todo o peso que podemos esperar desse álbum, com destaque ao trabalho de guitarra (riffs e solos).
A terceira faixa do disco é a rápida A Mansion in Sorrow, que apesar de ser uma música menor se mostra mais complexa, com variações de tempos (indo do mais lento/rápido ao mais quebrado), tendo destaque também ao pegajoso refrão.
A “Miriam” (que por coincidência é o nome da minha mãe), continua a energia da faixa anterior, com uma pegada um pouco mais direta. É de se destacar a interpretação e dramaticidade que King Diamond dá em suas músicas, e não é diferente nessa faixa, onde podemos “visualizar” as caras e bocas dele cantando, variando entre a voz mais “gutural” a seu clássico falsete!
Com o chamado desesperado da criança a procura de sua mãe – “mommy!!!!“, Little One mostra uma atmosfera desesperadora, com melodias mais dissonantes nas guitarras, trechos quebrados instrumentais flertando com o progressivo, uma das faixas mais bacanas do disco.
Slippery Stairs inicia com ótimos riffs, se observar bem até um pouco thrash (é incrível como encontramos vários elementos musicais no disco mas sem perder a característica da banda). A música apresenta uma das passagens mais rápidas do álbum, e se até agora falei bastante das guitarras (até porque sou guitarrista e é isso que mais me chama a atenção quando escuto uma música) mas temos que destacar o trabalho do baterista Matt Thompson,pois o trabalho de variação de andamento e peso que ele imprime aqui é absurdo.
The Crypt nos faz acreditar por segundos que King Diamond irá nos apresentar uma música mais tranquila e clean… mas por pouquíssimo tempo. A faixa mistura um peso absurdo de riffs e solos até meio “psicóticos” com passagens mais calmas para conseguirmos respirar e tomar fôlego.
Iniciando de forma bem literal, com barulhos de vidros quebrando, Broken Glass freia um pouco o clima mais acelerado apresentado até aqui pela banda, mas sem perder o clima pesado, que é mantido principalmente pelo ótimo trabalho vocal de King Diamond (eu imagino a voz desse cara após um show, haja pastilha pra garganta).
More than Pain faz parecer inicialmente que a banda queria nos apresentar um segundo prelúdio, mas só parece, pois a música altera trechos mais “atuados” com diálogos com uma guitarra cheia de trêmolo e chorus (efeitos de modulações que deixa o som dela tremida e meio desafinada) com passagens rápidas e pesadas!
The Wheelchair volta com a energia que estávamos acostumado com as primeiras faixas, com belos riffs, quebras de tempo pra não perder o costume, e a agressividade e dualidade do vocal de King Diamond, lembrando em alguns trechos até nosso querido Rob Halford com seus drives agudos.
Se a intenção da banda é surpreender, eles estão de parabéns, porque Spirits logo no início já dá um “susto”, saindo do clima introdução de filme de terror com um grito inesperado de King Diamond (combina com o nome da música se parar pra pensar).
Mommy é de fato a última música do álbum, sendo a música mais lenta do álbum (que até agora só veio com som mais speed). Sabemos que velocidade não é sinônimo de peso, e o King Diamond nos presenteia com uma ótima faixa de encerramento, com uma levada mais cadenciada, ótimos riffs a lá Black Sabath, choro de criança (que tá perdida procurando a mãe coitada) e as vocalizações macabras de King Diamond.
Encerrando de fato o álbum, temos a “Sorry Dear“, fecha de forma melancólica esse maravilhoso álbum… e olha, eu não li a tradução das letras, mas pelo desespero da criança “I want to go home”… deve ter dado ruim.
NOTA: 9