Nesta ultima quarta feira, no Hard Club Porto, Porto – Portugal (e a Roadie Metal esteve presente),ocorreu um show com a banda Orphaned Land, banda que representa hoje o movimento de imponência do Metal Oriental, no seu melhor estilo.
Antigo conhecido dos portugueses, o Orphaned Land mais uma vez traz aos lusitanos a performance genuína de um grande homem (Kobi Farhi), com foco no seu trabalho pela disseminação do metal num ambiente hostil, voltado para Guerra de etnias que circudam o mundo do Oriente Médio.
As bandas foram: SystemHouse 33 da India, Subterranean Masquerade de Israel e fechada pelo Orphaned Land, nesta sequência.
A banda Orphaned Land é tradição destacável no movimento que institui este estilo musical no meio onde vivem.
O grande hit da banda é All is One, verdadeiro hino de liberdade numa terra devastada pela dualidade de judeus e muçulmanos que assola os problemas politicos e religiosos do país.
“As pessoas devem ser julgadas por seus corações e sinceridade interior, não por suas crenças religiosas”.
Três anos se passaram desde o lançamento de The Never Ending Way Of Or WarriOR (Produzido por Steven Wilson – Porcupine Tree) e, nesse período, a Orphaned Land percorreu o mundo, levou sua mensagem ao povo e, quase 20 anos depois, seguiram em frente. para fomentar sua reputação como banda com grandes objetivos ideologicos.
Algo além do death metal melódico, do black metal e do folk metal, o Orphaned Land não baseia sua música em mitos sobre os quais outras bandas cantam; eles se concentram em situações no mundo real que estão acontecendo aqui e agora.
Seria difícil encontrar outros músicos em Israel que tenham influenciado tantas pessoas fora das fronteiras do país e, no olho de posições religiosas opostas, estamos falando de oposição direta à ideologia de guerras por pertencer à terra prometida à Abraão, segundo o velho testamento.
Não há como escapar do fato, no entanto, de que a música da banda derrubou essas barreiras e unificou uma comunidade. Não era uma banda nova ou uma banda de jazz que unisse as pessoas; era uma banda de heavy metal do Oriente Médio chamada Orphaned Land.
Muitos fãs de metal sentiam fortemente o compromisso da banda em convidar o mundo árabe para ouvir sua música, apesar da resistência e das proibições dos países da Liga Árabe. Milhares de pessoas de todo o mundo já assinaram a petição e isso foi mérito dos fãs.
“Nunca imaginei que um dia um bando israelenses seria seguido por milhares de muçulmanos de todo o mundo”, diz o líder Kobi Farhi, observando que a Orphaned Land é a orgulhosa ganhadora de quatro Peace Awards emitidos por seus irmaos turcos.
“Se fizermos um show em Istambul, na Turquia – que é o único país muçulmano onde podemos tocar – as pessoas vêm do Irã, Egito, Líbano e Jordânia só para nos ver. Enquanto uns tantos desses paises são inimigos que são pensam em disputas, outro vem nos ver e nos admirar”
“Eu diria que historicamente os judeus e árabes são irmãos porque somos todos descendentes de Abraão, mas o conflito e as diferenças são tão grandes que nos esquecemos disso. A nossa música é o instrumento para lembrar as pessoas de que somos todos um. Eu nunca imaginei que inimigos sangrentos abrissem os olhos para esta causa.
É por isso que o título do álbum é All Is One. ”
As letras de Orphaned Land são carregadas politicamente a maior parte do tempo, através de um consenso entre todos os pontos de vista, numa clara pretensão pela paz através da música.
All Is One foi mixado pelo aclamado Jens Bogren (Kreator, Amon Amarth, James LaBrie, Projeto Devin Townsend, Opeth) e foi gravado em três países diferentes: Israel, Turquia e Suécia.
Ironicamente, países que são judeus, muçulmanos e cristãos, respectivamente, fortalecem a mensagem de unidade da Terra Órfã (Jerusalem) através da música.
Mais de 40 músicos foram usados para aperfeiçoar o som de All Is One, incluindo 25 cantores de coral e oito violinos clássicos, viola e violoncelistas da Turquia. Farhi, por sua vez, considera All Is One “o maior álbum que fizemos até hoje”.
Para abrir esta tour foram convidados o Subterranean Masquerade. Criado em 1997 com a ideia de misturar rock progressivo, doom metal e rock psicodélico inspirado nos anos 70, o Subterranean Masquerade cria música com limite entre o metal extremo e a atmosfera do Pink Floyd e do Iron Butterfly. Embora não seja uma idéia tão pioneira por si só, a visão de libertar a música do metal das fronteiras do gênero, envolvida pela grande produção, é o que muitas vezes faz a música da banda soar como um carnaval de diferentes cores e aromas … um baile de máscaras!”
No show, a apresentação de um telão com mandalas, incensos espalhados no palco, atmosfera de meditação leva nos tão profundamente às religioes e filosofias orientais, que vê se o qual importante o habitat místico encontra-se consistente com a expressão da música no habitat em que eles vivam entre o espiritual e o pagão.
O Systemhouse 33 também nos impressionou logo na entrada, com um metal brutal e com letras altamente filosóficas que pautavam a crítica aos movimentos diversos de difusão religiosa que pode ser um tanto quanto massiva e com regras humanistas desesperadas, num mundo real cheio de guerras e problemas sociais.
Em tempos de Páscoa é importante entender que o planeta parece muito preocupado com suas questões materiais, enquanto os países orientais travam lutas extremas de sobrevivência ideológica e religiosa, num misto incansável de defesas filosóficas onde ao final de tudo o que se pretende é uma vida digna, que respira aliviada no movimento de protesto da arte, aquela que salva todas as pessoas. Salva as pessoas na sua liberdade de expressão, ainda que num mundo egocêntrico, ninguém tenha a real percepção da miséria e dos ambientes de guerras que não cessam, como um carma insolúvel criada por padrões de orgulho gerados por competições de poder.
Seja na terra prometida por Abraão sempre em conflito, seja na Índia assolada pela miséria, a força de artistas deste calibre devem ser valorizados, por serem líderes da paz e o respeito entre os povos, mesmo que por um grito de socorro para o mundo ocidental ou um abraço aos amigos orientais, que entenderam aquilo que realmente importa: Somos todos um!
FELIZ PÁSCOA!