Passado o período carnavalesco no Recife, o Burburinho Bar, localizado no bairro do Recife, voltou a abrir as portas na terça-feira, dia 12 de março, dia do aniversário de Recife e Olinda, para o projeto “Terças de Burburinho”, trazendo mais duas bandas autorais locais para apresentarem seus trabalhos, sendo na ocasião os grupos Six Clowns e o NFCE.
Como o nome já diz, o projeto ocorre todas as terças-feiras, e está em seu terceiro ano de existência, tendo passado por um período de hiato entre setembro e dezembro do ano passado, tendo esse ano retomado as atividades com força total, com shows marcados até o mês de julho.
Segundo Elpídio Diniz, gerente do Burburinho e idealizador do projeto, de início, o “Terças” abrangeria algo muito mais do que simplesmente as apresentações das bandas autorais locais, tendo também exposições de artes, poesia, literatura, brechó, teatro, e outras coisas, realizando uma união de tribos.
De acordo com Elpídio, nos oito primeiros meses do “Terças” funcionaram da forma que havia sido idealizada, tendo inclusive parcerias como a faculdade Aeso, mas por falta de “braços” para ajudar a tocar o projeto a frente, o formato acabou se reduzindo aos shows das bandas autorais.
E após o período de hiato entre setembro de dezembro de 2018, o projeto voltou as atividades com o produtor e músico Mau Victorino tomando a frente das produções dos shows.
Com isso, a intenção do Burburinho é de retomar a ideia inicial do “Terças” aos poucos, inclusive com a criação de uma página onde as bandas poderão mandar seus materiais, e indicar também artistas de todos os tipos para acompanha-los em suas apresentações.
Agora, falando finalmente das apresentações do dia, que ficou por conta do New Metal da Six Clowns, e da banda NFCE (Não Fale Com Estranhos) com uma sonoridade que tem sido intitulada de “New Rock”.
De início as apresentações estavam marcadas para se iniciarem às 20h, mas por conta de problema técnicos, acabou atrasando uma hora.
Com isso, a Six Clowns subiu ao palco do Burburinho às 21h com a promessa de colocar a casa abaixo com o peso do seu New Metal.
Se eu fosse escolher um termo para descrever o show da Six Clowns naquela noite, com certeza seria “direto ao ponto”, pois foi assim que a apresentação transcorreu, com muito som e pouca conversa fiada.
A banda, formada em 2004, mas que retornou as atividades recentemente, mostrou seu som pesado com riffs de guitarra fortes, e guturais marcantes durante a meia-hora em que se apresentaram.
Apesar do grupo se auto-denominar “New Metal”, achei que o som deles se aproximava bem mais da sonoridade do que muitos chamam de “Deathcore”, com guturais do início ao fim e alguns breakdowns.
Com um setlist de apenas sete músicas, a apresentação acabou sendo bem rápida, tendo durando em torno de 30 minutos. Sendo assim, sob clima de descontração entre o grupo e a pouca plateia presente, a Six Clowns encerrou seu bom show botando ainda mais peso em sua música final.
SETLIST:
01 Intro
02 Six For Evolution
03 Spurious
04 O Som do Palhaço
05 Conflito Interior
06 Te Desprezo
07 Sua Criação
Após a Six Clowns deixar o palco, não demorou muito para que o tudo fosse preparado para a segunda atração da noite, que seria da banda do bairro de Peixinhos, Olinda, NFCE (Não Fale Com Estranhos), que apenas na passagem de som já mostrava como seria a pegada do show, com bastante peso também.
O NFCE apresenta um som nomeado por eles de “New Rock”, tendo um pouco de influência de “Red Hot Chilli Pepper”, “Rage Againt the Machine”, e com uma sonoridade com linhas de Hardcore. A banda se destacou no cenário local após vencer o concurso “De Primeira” com a música “O Infinito”, promovido pelo antigo programa “Interativo” da emissora local “TV Jornal”.
Enfim, independente do “rótulo” da música deles, uma coisa posso dizer em relação a apresentação. Não faltou energia do início ao fim.
Com certeza, o maior destaque da noite foi a presença de palco monstra do vocalista Fagner Santos, que simplesmente não parava de se movimentar, parecendo até que ele tinha tomado um Red Bull misturado com café puro antes de começar o show.
Digo também sem nem pensar duas vezes que a presença de palco de Fagner foi bem a nível de Freddie Mercury, eterno vocalista do Queen, tendo o vocal do NFCE conseguido levantar até mesmo a pequena plateia que acompanhava o show no Burburinho naquela noite.
Após 14 músicas um pouco mais de uma hora de show, o NFCE encerrou o Terças de Burburinho do dia na mesma energia em que iniciou sua apresentação.
SETLIST:
01 NFCE
02 I Wanna Be
03 Será que Vamos Nos Salvar
04 Guerreiros da Paz
05 Voltar a Sonhar
06 A Vida
07 O Infinito
08 Quando Pensamos que Não É Real
09 Tudo Por Você
10 O Amor que Você Não Conquistou
11 Guerreiro Derrotado
12 Nenhum de Nós
13 I Hate You
14 Cala a Boca Mané
Por conta das duas apresentações, podemos dizer que o balanço da noite foi positivo, mesmo com o baixíssimo público presente no Burburinho (se resumindo ao pessoal das duas bandas e uns poucos conhecidos dos mesmos). Mas, por conta disso, o clima na noite ficou bem mais intimista tendo vários momentos de descontração entre as duas bandas e a plateia.
E o baixo público pode ser justificado facilmente pelo fato de ser uma terça-feira, dia bem complicado para as pessoas que trabalham, e também por ser o primeiro Terças após a pausa de carnaval, onde muitos provavelmente torraram toda grana que tinha (e que não tinham) nos festejos de Momo.
Segundo o produtor Mau Victorino, mesmo o projeto ocorrendo em uma terça-feira no Recife Antigo, costuma dar um número considerável de gente nas apresentações. Mas naquela ocasião, a ressaca de carnaval provavelmente pesou.
Outro detalhe interessante da noite são as músicas tocadas entre os intervalos de cada show, onde é colocado uma playlist apenas com bandas autorais locais, para acentuar mais a ideia do projeto.
Sendo assim, que ocorram cada vez mais “Terças de Burburinho”, pois são com pequenas ideias assim que a cena local de uma cidade consegue forças para sobreviver.
E claro, para os que se interessar, próxima terça-feira tem mais som autoral no Burburinho Bar com as bandas “Yellow Threat” e “Manolo e o Hospício”.