Resenha de show: Curitiba Motorcycles trouxe Sepultura, Motorocker, Hillbilly Rawhide

No dia 09 de fevereiro aconteceu em Curitiba o Curitiba Motorcycles, que trouxe uma mistura muito conhecida do público rock´n´roll: música e motocicletas. O evento aconteceu na Live Curitiba e também contou com a Kiss Day Expo, com diversos materiais do Kiss para venda, estúdio de tatuagem e barbearia, além de produtos das bandas. Na entrada era possível ver as motos enfileiradas do lado direito que protagonizaram um ponto de parada obrigatória para os amantes do motociclismo.

O Curitiba Motorcycles apresentou diferentes estilos musicais, indo do blues ao heavy metal, passando pelo hardcore, country e rock clássico. O DJ Fefo fez a abertura musical do evento, na parte externa. Já no palco interno, Didley Duo foi a primeira banda a subir no palco. Como o nome já denuncia, o duo se apresentou com a formação de Ricardo Blasch, na bateria e Breno Teixeira com “diddley bow”, instrumento norte-americano que ajudou a difundir o blues no passado. Uma das guitarras utilizadas por Breno foi feita com uma pá.

Didley Duo. Fotografia: Angela Missawa.

A segunda banda a subir no palco foi a Fourface. Ela é composta pelo vocalista Muca, Eduardo e Zuma nas guitarras, Castor no baixo e Rodolfo na bateria. Eles tocaram covers do Raimundos enquanto o público ainda estava chegando.

Fourface. Fotografia: Angela Missawa.

Eram quase 20h30 quando a Live Curitiba se tornou palco de uma das bandas locais mais significativas de country rock. Hillbilly Rawhide trouxe a sua irreverência misturada com alegria, além dos chapéus, além do violino, banjo e baixo acústico. Na estrada desde 2003, a banda é formada por Mutant Cox (voz, guitarra e violão), Mark Cleverson (violino e voz), Osmar Cavera (baixo acústico), Juliano Cocktail (bateria e cajón) e Eduardo Ribeiro (banjo, violão, backing vocal, acordeon, mandolin e jaw harp). Hillbilly Rawhide lançou recentemente o álbum “My name is Rattlesnake”.

Hillbilly Rawhide. Fotografia: Angela Missawa.

Uma das grandes atrações da noite, o Sepultura subiu ao palco próximo das 22 horas. O público esperava impaciente Andreas Kisser (guitarra), Paulo Jr. (baixo), Derrick Green (vocal) e Eloy Casagrande (bateria). Com a promessa feita de ter um set list cronológico para comemorar os 35 anos de existência, a escolha por começar com “The Curse” seguida por “Bestial Devastation” foi aprovada pelos fãs.

Sepultura. Fotografia: Angela Missawa.

Depois da segunda música o pessoal começou a gritar “Sepultura” em coro e logo surgiu uma rodinha de mosh no meio. Na sequência veio “Troops of doom”, “Escape to the Void”, “Beneath the Remains” e “Dead Embryonic Cells”. O público estava bem participativo no show e Andreas Kisser agradeceu.

“Obrigado Curitiba. Que bom tocar aqui de novo. Nós temos uma história aqui. Não sei se alguém percebeu mas estamos fazendo um set list cronológico, desde 1984/85 até o Machine Messiah. Estamos no ano de 1993 Chaos A.D.”, disse Kisser, e logo anunciou o baterista Eloy Casagrande que deu início a “Territory”. Logo depois veio “Attitude” do aclamado “Roots” de 1996.

Seguindo a ordem cronológica, chegou o ano de 1998 que marcou a entrada do vocalista na banda. “E aí Curitiba tudo bem? Muito tempo pra tocar aqui. Muito obrigado do caralho foda mesmo. Nós vamos tocar uma música do disco de 98.”, disse Derrick anunciando “Against”, que dá nome ao álbum e “Choke”.

Derrick Green na percussão. Fotografia: Angela Missawa.

“Vocês estão prontos?”, perguntou Green. “Sepulnation”, “Corrupted”, “False”, “What I Do!”, “Kairos” e “The Vatican”. A escolhida para representar o “Machine Messiah” foi o single lançado “Phantom Self”. Mas não poderia ser um show do Sepultura sem os clássicos, certo? Certo! A banda finalizou o show com “Arise”, “Refuse/Resist”, “Ratamahatta” e “Roots Bloody Roots”.

Sepultura. Fotografia: Angela Missawa.

Quando se fala em Sepultura, a polêmica é estabelecida. Há um público muito grande que critica a formação da banda por conta da saída dos irmãos Cavalera. É impossível substituir músicos incríveis, porque arte e produção é uma coisa difícil de ser comparada e o resultado será sempre ingrato. Igor Cavalera construiu seu nome como uma lenda e portanto não se pode dizer que qualquer baterista o substituiu ou substituirá. Mas Eloy Casagrande tem se destacado cada vez mais e demonstrou ter a pegada necessária para uma banda com o cacife do Sepultura.

Sepultura. Fotografia: Angela Missawa.

Nessa caminhada que o Sepultura vem fazendo muita coisa mudou e tem sido reajustada, mas sempre com o intuito de manter a identidade da banda construída ao longo do tempo. O show do dia 09 de fevereiro deixou isso bem claro e até contribuiu para o fim do preconceito dos que estavam presentes. A produção do Machine Messiah também contribuiu para isso, e um dos elementos de um bom álbum é ter uma banda coesa e disposta a dar o melhor de si. E foi exatamente isso que o Sepultura mostrou no palco da Live no Curitiba Motorcycles.

Motorocker. Fotografia: Angela Missawa.

Quem fechou a noite foi a legendária Motorocker formada por Marcelus dos Santos no vocal, Luciano Pico e Eduardo Calegari nas guitarras, Silvio Krüger no baixo e Juan Neto na bateria. “Nós não somos uma banda de heavy metal. Nós somos uma banda de rock´n´roll e toda banda de rock´n´roll que se preze tem que ter um blues. E nós temos o Blues do Satanás.”, disse o vocalista.

Marcelus dos Santos. Fotografia: Angela Missawa.

Com uma história extensa no rock nacional, Motorocker tem público próprio que cantou todas as músicas e vibrou a cada acorde de guitarra. E no setlist não faltaram as clássicas: “Igreja universal do reino do Rock”, “Acelera e freia”, “Loco de gole”, “Curva de Rio”. “Pra fazer rock´n´roll no Brasil tem que ter muito sangue no olho.”, disse Marcelus. Ainda emendou com “Sangue no olho”, quase como uma provocação para o público que prontamente respondeu “rock na veia”, anunciando o nome da próxima música.

Motorocker. Fotografia: Angela Missawa.

Cabe aqui dizer que o vocalista tem um carisma enorme e uma boa relação com o público que se acotovelava para chegar perto do palco. Marcelus retribuiu esse carinho quase deitando no palco para cumprimentar os fãs. “Ole ole ole ole Motorocker”, a “piazada” gritava em apoio a um dos expoentes do rock curitibano.

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