Decididamente Fortaleza é hoje em dia um dos polos mais quentes (literalmente) no que se diz respeito a shows de Heavy Metal. Afinal de contas, mesmo com a crise financeira que assola a população, e apenas cinco dias após outra “cacetada” onde Arch Enemy e Kreator despejaram altas doses de peso, o Complexo Armazém se via mais uma vez lotado naquela noite de 16 de novembro. Dessa vez, com a tão esperada e aclamada reunião do Shaman.
E esse show serviu para algumas considerações. A primeira delas? Vamos lá.
A proposta desses shows não poderia ser melhor. Tocar na íntegra os álbuns “Ritual” e “Reason”, ou seja, os dois produzidos pela clássica e melhor formação que a banda já teve. Essa proposta serviu para que os velhos fãs revivessem aquele começo dos anos 2000, bem como apresentar ao vivo para os novos fãs esses clássicos do Metal nacional.
Dividido em duas partes, o show começa com as músicas do “Reason”. E aqui, poucos minutos antes do começo, os fãs puderam acompanhar um vídeo, onde André Matos explica os motivos da reunião. E sem mais delongas, a banda adentra ao palco, onde mais uma constatação obvia eu percebi. A coesão musical da banda.
Sem exageros nenhum, não parecia que a banda ficou separada por tanto tempo. Hugo Mariutti continua despejando técnica e peso em seus riffs e solos até melhor que antes. Fabio Ribeiro continua supremo nos teclados. Luis Mariutti e Ricardo Confessori continuam super afiados e sincronizados. E André Matos? Bem, simplesmente incrível a excelente forma vocal apresentada por ele.
Contudo, durante a execução do “Reason”, uma atitude, ou melhor, a falta de uma atitude me chamou a atenção. André praticamente não falou com o público, resumindo-se apenas a um “boa noite Fortaleza”. Mas isso não tirou a excelente performance musical da banda. Embora o álbum tenha em sua totalidade músicas que funcionam muito bem ao vivo, a sensação no final dessa primeira parte é a de que, naquele momento, o show iria realmente de fato começar.
Com todo e devido respeito ao “Reason”, com “Ritual” a coisa é diferente. Certamente pela áurea clássica que ronda o álbum. Lembram da coesão e pesos musicais mencionados acima? Afirmo com certeza que a versão de “Here I Am” tocada naquela noite foi uma das coisas mais espetaculares que já ouvi na minha vida. Fiquei literalmente boquiaberto ao final dela.
E foi justamente nessa segunda parte do show que André finalmente interagiu com o público. Lembrou o quanto o Ceará é importante na história musical dele, e isso, desde os tempos de Angra, e de que era preciso esperar mais um pouco para ver no que essa reunião da banda vai dar no futuro. Ou seja, o momento me pareceu ainda de indefinições.
Quase ao final, a pedido dos fãs, a banda ainda toca, para o delírio dos presentes, um trecho de “Painkiller”. Se levarmos em conta o cronograma da banda, foi sem dúvidas um presente e tanto.
Tenho a plena certeza de que todos os ali presentes saíram com dois sentimentos. O de ter assistido um show histórico e o desejo de que essa turma se junte de fato,e nos presenteie com mais álbuns e shows. Com toda a certeza, uma volta definitiva dos gigantes do Shaman deixaria a já nossa rica cena musical ainda mais forte. Vamos cruzar os dedos para que isso aconteça.
Agradecimentos à Empire Produções e aos produtores Maurílio Fernandes e Caike Falcão.
Créditos das fotos: Rubens Rodrigues
Set list;
01. Turn Away
02. Reason
03. More (Sisters Of Mercy Cover)
04. Innocence
05. Scarred Forever
06. In The Night
07. Rough Stone
08. Iron Soul
09. Trail Of Tears
10. Born To Be
11. Ancient Winds
12. Here I Am
13. Distant Thunder
14. For Tomorrow
15. Time Will Come
16. Over Your Head
17. Fairy Tale
18. Blind Spell
19. Ritual
20. Pride
