Se há uma banda que sempre procurou abordar temáticas históricas na maior parte de suas letras, essa banda é o Iron Maiden, que conquistou seu espaço no Heavy Metal mundial cantando letras sobre grandes momentos históricos da humanidade.
E o mais interessante é o como eles conseguem trabalhar bem musicalmente em cima das temáticas, e o melhor exemplo disso será a música que iremos falar agora nesse texto.
A música em questão se trata da “Empire Of The Clouds”, presente no disco “The Book Of Souls” (2015), último lançado pela donzela de ferro até o momento.
A faixa já chama atenção inicialmente pelo fato dela ter nada mais e nada menos do que dezoito minutos, sendo a partir daí a faixa mais longa de toda a discografia do Iron Maiden. De início a pessoa pode achar cansativo ouvir uma música tão longa quanto essa, mas há uma razão para ela ter essa duração toda, e se trata do fato de ser uma música muito bem trabalhada, tanto na questão sonora quanto em questão de letra, vocês entenderão melhor isso agora.
A letra da música tem como temática a história do R101, esse que foi um dirigível britânico construído em 1930 pelo governo inglês, e que na época era considerado o maior já feito no mundo, sendo superado cinco anos depois pelo dirigível alemão LZ 129 Hindenburg (que por incrível que pareça, teve o mesmo fim trágico). O R101 foi construído como parte de um projeto do governo inglês para desenvolver aeronaves civis capazes de fazer longos trajetos no Império Britânico, o dirigível foi construído por uma grande equipe de engenheiros.
Após alguns voos teste, a aeronave finalmente faria sua viagem inaugural rumo a Índia no dia 5 de outubro de 1930, onde acabou passando por uma grande tempestade enquanto sobrevoava a França, que arrancou seu revestimento externo e deixou os reservatórios de hidrogênio abertos, causando consequentemente um incêndio que derrubou o dirigível, provocando a morte de 48 das 54 pessoas a bordo. o acidente fez o programa de desenvolvimento de dirigíveis britânicos fosse encerrado.
E além da história em si, o mais interessante da música é o como ela é trabalhada, com uma intro feita no piano. Em sua letra, Bruce conta detalhadamente e de forma poética, todas as etapas que o R101 passou desde sua construção até a sua queda, isso sem falar nos momentos de “transição” em que a música passa, representando sonoramente cada momento da aeronave (sua decolagem, o incêndio, sua queda e por ai vai).
Como curiosidade extra, acho que vale ressaltar um projeto que o vocalista Bruce Dickinson participou em 2014, onde nele, foi construído um dirigível chamado “Airlander”, que segundo eles, seria a maior aeronave do mundo que conseguiria ficar no ar por dias e iria oferecer eficiência de combustível com poluição sonora mínima, sem ser preciso uma pista de pousos de decolagens para a mesma.
Mas, por que estou ressaltando isso? Porque como o projeto foi feito durante a mesma época das gravações do “The Book Of Souls”, essa pode ter sido uma das inspirações para Bruce escrever essa faixa, principalmente por conta do trecho final:
“The dreamers may die, but the dream lives on”
TRADUÇÃO:
“Os sonhadores podem ter morrido, mas o sonho ainda vive”
Logo abaixo, você verá um vídeo fanmade da faixa em questão, onde o autor conta detalhe por detalhe da história do R101 durante a execução da música: