“Another Perfect Day” é o sexto álbum da banda Motörhead. O trabalho foi lançado no dia 04 de junho de 1983 e foi lançado pela gravadora Roadrunner Records.
A formação da banda neste álbum contou com Lemmy Kilmister no vocal e baixo, Brian Robertson na guitarra e Phil Taylor (Philty Animal) na bateria.
“Another Perfect Day” foi o único álbum da banda a contar com o guitarrista Brian Robertson (ex-Thin Lizzy, ex-War Horses), que havia sido contratado na turnê anterior para substituir “Fast” Eddie Clarke. A vinda do novo guitarrista trouxe para a banda uma sonoridade mais hard, trazendo linhas mais melódicas nas músicas.
Os anos 80 começaram complicados para o Motörhead. O guitarrista “Fast” Eddie Clarke havia deixado a banda no meio da turnê do disco anterior, em 1982. Com isso, a banda teve que correr para procurar outro guitarrista para substituí-lo. A escolha de Brian Robertson não foi por acaso: em uma entrevista durante um documentário do Motörhead chamado “The Guts and the Glory”, o baterista Taylor disse “Eu não o conhecia muito bem, mas sempre achei que ele era um dos melhores guitarristas do mundo”.
O trabalho de Brian Robertson convenceu tanto os outros integrantes que ele fora convidado a fazer parte da banda em definitivo. Porém, Robertson havia dado algumas condições: dentre elas, ele gostaria que o som do álbum soasse mais melódico do que os trabalhos anteriores. “Eu queria fazer algo um pouco mais melódico com isso e eles me disseram para ir em frente, então comecei a escrever”, disse Robertson ao PennyBlackMusic em 2011.
Brian Robertson realmente mudou um pouco a cara do Motörhead. Lemmy não estava acostumado em ver um guitarrista demorando 17 horas para fazer uma faixa de guitarra; Brian Robertson, detalhista como era, fazia isso.
A crítica considera o trabalho muito bom, mas ressalta que o mesmo não fora compreendido pelo público. Muito disso se deve às características da sonoridade particular dele, uma vez que nos álbuns anteriores, essa sonoridade mais melódica não aparecia com tanta evidência e frequência.
“Another Perfect Day” se inicia com a “Back At The Funny Farm”, uma das melhores músicas do álbum, quiçá da banda. Ela se inicia com o tradicional baixo de Lemmy bem marcado, fazendo os fãs se lembrarem de músicas consagradas como “Ace of Spades”, por exemplo. A música é bem rápida e apresenta fortes características marcantes da banda, como faziam em trabalhos anteriores, porém é nítida a diferença da guitarra. O solo final, harmonioso e bem melódico, deixa um recado para os fãs: a sonoridade do trabalho mudou.
Na segunda música, “Shine”, já notamos que o timbre mais denso da guitarra de outrora fora trocado por algo mais vivo, mais alegre e dinâmico. A introdução bem batida e marcada é uma característica bem marcante da faixa. A guitarra com solos bem longos e riffs bem elaborados ao longo da faixa também apresentam o cartão de visitas do novo guitarrista.
“Dancing On Your Grave” chega mais calma e leve e parece que dará um “descanso” daquele ritmo frenético das duas primeiras faixas. Porém não é bem assim que as coisas acontecem. É claro que as duas músicas apresentam mais peso e velocidade, porém ela não fica muito atrás não, sem falar dos seus solos longos e, aparentemente, intermináveis. Talvez a música com as melhores linhas de guitarra do álbum.
“Rock It” já nos remete à sensação das duas primeiras faixas, com seu ritmo bem frenético. Além dessas características de velocidade que nos remetem ao Speed Metal mais clássico e, por que não, ao Hard Rock, o solo de guitarra é bem marcante.
A faixa seguinte, “One Track Mind”, começa com uma sonoridade mais calma. A introdução faz com que o ouvinte preste atenção e entre nessa “viagem”, pois, aparentemente, é um momento quase de descanso, tendo em vista a velocidade do restante até aqui. É uma das mais cadenciadas, se não for a mais cadenciada do álbum. O refrão é muito bonito e realmente marcante. A banda sabe trabalhar bem seu lado mais “balada” para dar uma calmaria ao disco, nem que esta calmaria não seja tão calma assim, pois Robertson não deixaria a oportunidade de colocar seu solo diferenciado e longo nela também.
A sexta faixa é nada mais, nada menos aquela que dá nome ao trabalho: “Another Perfect Day”. Como é a faixa que traz o nome do álbum, cabe a ela ter a responsabilidade de capitanear o trabalho todo, sendo referência. Novamente notamos características de Hard Rock no trabalho, com uma levada constante, com solos bem melódicos e longos. O solo inicial, que traz a música ao seu peso característico, é um dos melhores do álbum todo. Ele dita o ritmo da música toda. A música segue em sua levada, passado pelos seus versos e solos de guitarra, até chegar a uma parte mais suave onde as características daquele comecinho voltam à tona para dar uma pausa na música. Nesse momento, parece que a música está caminhando para seu final, porém ela volta com tudo e, talvez, com até mais vontade do que estava apresentando até então. Uma das melhores do álbum, com certeza.
“Marching Off To War” é a sétima faixa do trabalho e já começa apresentando velocidade, transições e solos bem rápidos e melódicos. Uma música muito bem trabalhada, agressiva, com um destaque muito forte para a guitarra. A sonoridade lembra muito Judas Priest.
Em “I Got Mine” vemos que a banda tira um pouco de peso do trabalho, mas mantém sua velocidade. Ela tem um riff de guitarra que vai acompanhando a música e dita o ritmo dela. Aqui, mais uma vez podemos destacar o solo de Robertson, que conseguiu fazê-lo casar muito bem com a música no todo.
Em “Tales of Glory” vemos a música mais curta do álbum. É como se ela tivesse que ser curta para ser mais direta ao ponto e falar de uma vez para que veio. Ela é da mesma linha da “Rock It”, sendo bem rápida e frenética.
“Die Your Bastard” encerra o álbum e tem o início como o início da primeira, apenas com um riff de baixo de Lemmy. Nessa faixa ele canta um pouco mais ”arrastado” do que em outras. Ela apresenta uma sonoridade mais crua, sem todo aquele brilho constante da guitarra com riffs abertos e alegres ao longo dela. Mas ela continua rápida, frenética e tem o seu solo do meio acompanhando a ideia da música num todo e fugindo das características mais alegres de outras faixas.
O álbum é realmente sensacional e merece um espaço marcante na carreira do Metal em geral e, obviamente, da banda. Talvez Lemmy não tenha gostado muito do guitarrista ou de suas ideias, tanto que ele acabara saindo da banda ao final de 1983, porém o trabalho deixado por ele foi suficiente para mostrar sua qualidade e apresentar uma sonoridade diferente para a banda.
Formação:
Lemmy Kilmister – vocal, baixo
Brian Robertson – guitarra
Phil Taylor – bateria
Faixas:
01. Back At The Funny Farm
02. Shine
03. Dancing On Your Grave
04. Rock It
05. One Track Mind
06. Another Perfect Day
07. Marching Off To War
08. I Got Mine
09. Tales Of Glory
10. Die You Bastard!