Cowboys From Hell: outro clássico fazendo aniversário na semana: 28 anos!

E cá estamos nós novamente relembrando mais um aniversário de outro clássico do Heavy Metal. Na última terça-feira, 24, foi a vez do aclamadíssimo Cowboys From Hell ser o homenageado pelo seu lançamento, há 28 anos atrás. Era ainda um Pantera em transição, e, claro, se distanciando dos tempos do glam que a banda fez todo esforço para se desvencilhar deste estereotipo durante a década de 90. E nós, fãs, agradecemos e muito essa mudança radical no som da banda.

Recentemente publicamos uma entrevista de Mike Portnoy falando sobre sua relação com os membros do Pantera, já que a sua banda na época (Dream Theater) e a banda dos irmãos Abott eram da mesma gravadora. E Portnoy afirmou ainda que “O Pantera foi a única banda que carregou de fato, o Heavy Metal nos anos 90”. Tudo isso por conta deste álbum que estamos resenhando aqui.

Cowboys From Hell é o quinto álbum da carreira desta banda do Texas, e se no álbum anterior (Power Metal) em que marcava a estreia de Phill Anselmo como vocalista, as coisas davam sinal de melhoria na sonoridade da banda, aqui, as coisas começam a tomar proporções maiores, cujo o ápice seriam os álbuns Vulgar Display Of Power e Far Beyond Driven (os dois melhores em minha modesta opinião). Tudo começou aqui.

A banda entrou no Pantego Sound Studio, no Texas em fevereiro de 1990, de onde sairia somente em abril, com produção de Terry Date (e com muita ajuda de Vinnie Paul), que produziria todos os álbuns da fase áurea do Pantera nos anos 90 e o resultado que alcançaram foi fantástico.

A abertura é fantástica com a própria faixa-título e nos traz um Pantera com muita energia em uma música rápida, com riffs maravilhosos de Dimebag e trazendo uma influência imensa de Heavy tradicional, sobretudo Judas Priest (e eles nunca negaram que eram fãs da banda, tanto que Reinventing The Steel, lançado dez anos mais tarde. é uma homenagem ao álbum Britsh Steel). Não haveria música melhor para abrir o álbum.

Na sequência temos Primal Concrete Sledge, uma música curta e direta (como aquele soco na cara da capa do álbum posterior). A introdução com a bateria insana de Vinnie e depois os riffs simplesmente estupendos de seu irmão, grudam como chiclete em seu cérebro. Duvido você não repetir com a boca o som da guitarra após escutar essa música. A música cantada a velocidade da luz por Anselmo torna difícil a compreensão sem o encarte na mão. Mas é assim que é bom!

Uma tirada no pé proposital e temos a não menos excelente Psycho Holyday, uma música que já traz um pouco do Groove que caracterizaria a banda mais para frente. O destaque aqui vai para o vocal de Anselmo, cada vez mais a vontade no posto.

A quarta música atende pelo nome de Heresy… Caros, o que é isso? Que riff desgraçado de bom é esse? E sua levada mais “core”, não deixa ninguém parado no mosh. Isso levanta até defunto! Fazendo uma metáfora com essa música, mesmo sabendo que gosto é uma coisa bem pessoal, é uma HERESIA se você disser que não gosta dessa música. Simplesmente demais!

Ai temos mais uma tirada de pé, pois vem a música mais popular da banda: A não menos maravilhosa Cemetery Gates, que tem uma levada mais devagar e o refrão mais pesado, onde Anselmo dá seu show no vocal e Dimebag, não fica atrás, usando e abusando de sua técnica a serviço do Pantera.

A música número seis é uma mensagem de caos: Domination, uma música rápida, técnica, onde você provavelmente sairá pogando sozinho na sua sala ao escutar esse som. E o seu final dela com os riffs de guitarra com pesos cavalares e bem arrastados, isso já dava uma pista de como viriam os próximos álbuns da banda. Não seria nenhum exagero afirmar que esta música, junto com Primal Concrete Sledge poderiam perfeitamente fazer parte do Vulgar Display of Power. Vale a pena conferir também a versão da música tocada pelo Pissing Razors, uma extinta banda, também do Texas, que descaradamente usava e abusava das influências do Pantera em seu som.

Ai vamos para a segunda parte do álbum, que já não me agrada tanto, questão de gosto apenas, mas Shattered ainda mantém o ótimo nível do álbum, uma música rápida, com a latente influência do Judas Priest. Excelente música.

Clash With Reality é a música número oito deste álbum, é mais uma que traz um rascunho, vamos assim dizer, do Groove que seria a marca da banda nos próximos álbuns. A música não é ruim, mas é claro afirmar aqui que eles se aperfeiçoaram nos álbuns anteriores.

Medicine Man é a música que dá sequência ao play e apesar de começar com um riff absurdo de pesado, é outra música que não me agrada por completo, mas sem deixar de reconhecer a complexidade da composição e da execução da música.

Message In Blood é a música número dez deste álbum, que na minha opinião, é a música que destoa das demais neste álbum, mesmo alternando momentos de peso com outros mais de calmaria, claro, reconhecendo que os caras não deixam a peteca cair, em termos de execução, cada um em sua função.

The Sleep é a penúltima música, e embora ela tenha peso, groove, o belo alcance vocal de Anselmo, não é uma canção que me agrada.

Fechando o álbum, após quatro músicas que não agradaram tanto a este que vos escreve, temos The Art of Shedding, uma música com riffs bem intrincados, o bumbo duplo de Vinnie Paul funcionando a todo vapor, fecha o álbum em grande estilo, trazendo o peso que nos acostumaríamos a ver nos álbuns posteriores, misturados à rapidez das músicas.

Você que teve paciência de ler até aqui, não pense que eu só me dei ao trabalho de elogiar o trabalho de Phill AnselmoDimebag Darrell e Vinnie Paul, pois eu não me esqueci de Rex Brown, que fez um excelente trabalho em todas as músicas. O Pantera não era uma banda que utilizava um segundo guitarrista, então, quem segurava a onda de fazer a base no baixo enquanto Dimebag solava era Rex. Esse é um dos perigos de ser um power trio (calma, gente, eu não estou louco, o Pantera era um quarteto, mas os caras que tocavam eram três) e poucas bandas conseguem manter a coesão, principalmente na hora dos solos, então para não ser óbvio em todos os comentários sobre as músicas, resolvi aqui tecer um parágrafo inteiro a esse baixista que fez um trabalho simplesmente maravilhoso, não só aqui em Cowboys From Hell, mas nos outros álbuns da banda, mas isso é assunto para outras resenhas.

Apesar de tudo ter sido parecido perfeito, Phill Anselmo deu à revista Kerrang! Em 2010 a seguinte declaração: “Eu odiei estar no estúdio. O Pantera era uma banda poderosa ao vivo e foi um desafio tirar o som da guitarra de Dimebag e colocar num disco, (além de) ser perfeito, preciso e cantar todas as linhas de novo e de novo. Eu odiei aquela merda”. Ficamos com a seguinte conclusão: se ele odiou e ficou tão maravilhoso, imagine se ele tivesse gostado.

Enfim, Cowboys From Hell foi um divisor de águas na carreira do Pantera, alcançou a posição de número 27 da Billboard em 1992; em 2006, figurou na posição de número 11 em um ranking dos 100 maiores álbuns com guitarras pesadas de todos os tempos, pela revista Guitar World. A IGN (um portal de entretenimento que tem como foco videogames) elegeu o álbum como o décimo nono álbum de metal mais influente. E a banda ainda foi homenageada pelos cariocas do Gangrena Gasosa com uma “paródia”: os caras simplesmente batizaram um ep com o nome “Cambonos From Hell”. Um disco absurdo de maravilhoso e que abriu caminho para as obras-primas da carreira desta banda, e muito provavelmente ainda estivesse até hoje por ai, não fosse as babaquices de Phill Anselmo. Uma banda que deixa saudades. Pantera rules!

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