Resenha: Black Sabbath – Seventh Star (1986)

Até hoje, me parece estranho aquele negócio de “Black Sabbath Featuring Tony Iommi”. Trata-se de um arranjo entre empresários que não se preocupam tanto com a parte artística, mas sim com a financeira. De um lado, um artista querendo sentir a liberdade de realizar seu primeiro trabalho solo; de outro, uma gravadora querendo fazer um upgrade na arrecadação, sustendando-se na força de um nome consagrado. O meio termo restou nisso e pronto. O disco ingressou no catálogo do Sabbath e lá permanence até hoje, embora perceba-se algum deslocamento.

Algum ou muito, não sendo maior pelo simples fato da indiscutível legitimidade de Iommi para utilizar este nome . Após o renascimento glorioso da banda, na fase Ronnie James Dio, veio a parceria inusitada com Ian Gillan, da qual nasceu o álbum “Born Again”. Um clássico incontestável para muitos, um equívoco para outros. A opinião desses últimos ressoou com mais vibração nos ouvidos de Bill Ward e Geezer Butler que foram, aos poucos, saindo para ir comprar cigarros e não voltando mais. Iommi encontrou-se então sozinho. Criativo como sempre, não viu motivos para ficar parado e começou a conceber um trabalho onde poderia explorar ideias que talvez não fossem viáveis em sua banda. Juntou, ao redor de si, um time de músicos de primeira linha e preparou o álbum “Seventh Star”. Dentre estes nomes, o primeiro a ser sempre lembrado é o de Glen Hughes, outro ex-Deep Purple, que empregou a sua maravilhosa voz no projeto. Ao final, em nossa perspectiva atual, tornou-se inócuo ficar discutindo se o disco deveria ter estampado ou não o nome “Black Sabbath” em sua capa. É assim que ficou e ponto final. A avaliação sobre as músicas deve ocorrer sem a interferência da observância desse detalhe.

Vamos evitar a desnecessária menção sobre a capacidade de Iommi em gerar riffs e ingressar logo no rol de músicas. A primeira a se anunciar é “In For The Kill”, uma faixa que faz a progressão lógica do que era o Sabbath oitentista, adentrando, olhando de esguelha, para o Metal norte-americano daquele período. Nesse contexto, nada mais lógico, portanto, que a próxima canção fosse uma balada e “No Stranger To Love” é valorizda pelo timbre de Glen.

“Turn To Stone” é outra canção correta, mas que, caso você desconsidere as presenças de Hughes e Iommi, poderia ser confundida com algo vindo de algum dos vários seguidores de Judas Priest que infestararm o período. “Danger Zone” também não vai muito além, embora sua melodia esteja mais pendente para o Hard Metal. Juntamente com a balada “In Memory”, esse trio perfaz a parte menos memorável do álbum.

O que resta no disco faz com que o saldo penda para o lado positivo, pois além daquelas duas primeiras faixas, temos a faixa-título, com seu clima levemente épico, a mid-tempo “Angry Heart”, e finalmente, “Heart Like a Wheel”. Essa última, uma das músicas mais inusitadas da carreira de Iommi, onde ele mergulha no Blues de uma forma mais aprofundada do que qualquer coisa que tenha feito anteriormente. Tanto no lamento das bases quanto na condução dos solos. Toda a banda atuou com louvor nesse disco, sendo obrigatório fazer a menção a Geoff Nichols e Eric Singer, mas Hughes precisa ser laureado à parte, e “Heart Like a Wheel” é a sua zona de conforto. A canção permanece como um grande momento desse álbum, mas também uma das mais evidentes catalisadoras de polêmica a respeito de como o disco deveria ter sido creditado, Sabbath ou Iommi.

Uma coisa é certa: foi a partir daqui que Tony encarou de vez o status de “O Sabbath sou eu” e seguiu adiante, mantendo o nome de sua banda em evidência. Os problemas pessoais de Hughes lhe tiraram do jogo, mas o guitarrista encontrou um vocalista que foi seu parceiro por cinco álbuns, contestados por uns, mas admirados por outros. “Seventh Star” também perpetua-se nessa dicotomia, mas dividir opiniões é parte do histórico desta banda.

 

Formação

Glenn Hughes – vocal

Tony Iommi – guitarra

Dave Spitz –  baixo

Geoff Nichols – teclado

Eric Singer – bateria

Músicas

01 In for the Kill

02 No Stranger to Love

03 Turn to Stone

04 Sphinx (The Guardian)

05 Seventh Star

06 Danger Zone

07 Heart like a Wheel

08 Angry Heart

09 In Memory…

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