Durante os anos 1980 o Kreator cresceu e desenvolveu uma solida base de fãs. Com seus dois últimos álbuns, “Extreme Aggression” (1989) e “Coma of Souls” (1990), o Kreator já estava no hall dos grandes nomes do Thrash Metal. Aos poucos, novos elementos seriam acrescentados ao som veloz e brutal, fato que não agradaria aos velhos fãs, mas que traria novos. Até hoje não se chega a um consenso sobre as mudanças que se seguiram no Kreator. Cada fã escolhe seus vilões, as gravadoras, a ascensão do grunge e do Metal Industrial, as influências dos gostos pessoais de Mille. São muitos os vilões.
“Renewal” é um álbum com o pé no Metal Industrial e o outro no Groove Metal. Mantém o peso e bons riffs, apesar de perder em velocidade e agressividade, mas mostra outra faceta da banda. O ouvinte encontra passagens ligeiramente psicodélicas, linhas de melodia atípicas e quebras, solos não conformes e os vocais menos agressivos (durante todo o álbum). Creio que as palavras de ordem durante as gravações eram inovação e coragem, pois é preciso ter coragem para inovar dentro de um estilo que tem fãs vorazes.
Além da mudança sonora, o álbum também marcou mudanças na formação. Rob Fioretti deixa a banda por motivos pessoais depois da gravação e posteriormente, com o fim da turnê de promoção do álbum, “Ventor” também joga a toalha. Outra baixa foi na mascote “Violent Mind”. Os fãs só o veriam novamente no renascimento em “Violent Revolution” (2001).
Porém mesmo com todo o questionamento sobre as mudanças, são poucos que se dedicam a escutar “Renewal” de verdade. Alguns já chegam com suas prenoções sobre o álbum e acabam julgando sem a devida audição. “Renewal” não é um álbum ruim, certo que não é um novo “Pleasure to Kill” (1986) nem está perto do “Coma of Souls” (1990), mas dizer que é ruim, isso o álbum não é. Só não é um álbum típico do Kreator.
Enfim, não é um álbum que recomendo aos fãs de Thrash. Na verdade escuto ele a cada dois e pulando algumas faixas, mas se você tem a mente mais aberta e curte os elementos supracitados, eu recomendo.
Formação:
Mille Petrozza – vocal, guitarra
Frank Blackfire – guitarra
Roberto Fioretti – baixo
Ventor – bateria, programações
Faixas:
01. Winter Martyrium
02. Renewal
03. Reflection
04. Brainseed
05. Karmic Wheel
06. Realitätskontrolle
07. Zero to None
08. Europe After the Rain
09. Depression Unrest