Ao longo de sua carreira, com certeza o Type O Negative mostrou um doentio senso de humor. E o seu segundo lançamento intitulado “The Origin of the Feces” é uma prova disso. Começando pela sua polêmica arte da capa, que apresentava o orifício anal do vocalista Peter Steele, a mesma que foi considerado extremamente agressivo pelos conservadores americanos e teve de ser substituída. Confira abaixo a capa original do disco.
Se este é o fato mais curioso deste disco, você se engana, pois há muita controvérsia sobre se este disco foi gravado ao vivo ou no estúdio, mas um boato curioso que Peter teria recebido em mãos uma quantia em dinheiro da RoadRunner para gravar um álbum ao vivo, no entanto, o dinheiro foi destinado à promoção de muitas festas e orgias. Peter se sentiu obrigado a entregar um material ao vivo para a gravadora, e esse “impasse” foi resolvido regravando faixas em estúdio e, na mixagem, inseridos aplausos e diálogos para que tudo levasse a crer que realmente se tratava de um álbum ao vivo.
Bom mas falando do lado musical do disco, “The Origin of the Feces” traz 7 faixas primeiro a trazer aquela clássica sonoridade progressiva que iria a virar marca registrada nos lançamentos da banda, já que o anterior “Slow, Deep and Hard” ainda trazia a sonoridade do Carnivore, antiga banda de Peter.
O disco abre com “I Know You’re Fucking Someone Else” com seu mais de 10 minutos de duração, e realmente fica difícil de acreditar que não se trata de uma gravação ao vivo, na minha opinião essa é a melhor faixa do disco. Me lembrou uma mistura de Pink Floyd, com progressões mais tensas, com um punk rock a lá estilo Ramones e Misfits, com uma bela interpretação de Peter e destaque para os solos do guitarrista Kenny Hickey. A sua sucessora “Are You Afraid” segue a mesma sonoridade da anterior, porem mais direta com menos de 3 minutos de duração.
“Gravity”, que na verdade se trata de uma versão retrabalhada de “Gravitational Constant”, do disco de estreia, e também conta com uma curiosa interrupção do show por causa de uma ameaça de bomba. “Pain” retorna com os andamentos rápidos alternados de tensas e arrastadas progressões, destaque para a performance do baterista Sal Abruscato, que trabalha em algumas partes com um pedal duplo bem marcado, que me agradou bastante. Na sequência “Kill You Tonight”, outra faixa direta, e a mais pesada do disco, trazendo uma pegada doom metal no final com destaque para o solo de guitarra de Kenny Hickey.
O disco tambem conta com dois covers, “Hey Joe” de Jimi Hendrix, esta que foi carinhosamente renomiada “Hey Peter”, e tambem uma quase irreconhecível “Paranoid” do Black Sabbath, esta incluída apenas no relançamento do disco no mesmo ano em que ela foi registrada, o qual contou com a nova capa.
Enfim, podemos concluir que “The Origin of the Feces” é um disco repleto de polêmicas, pode não ser lá um grande disco ou um clássico, mas é um bom e divertido disco de se ouvir, e que em minha opinião é superior a seu antecessor “Slow, Deep and Hard”, mas o melhor ainda estaria por vir.
Peter Steele – Vocal, baixo
Josh Silver – Teclados, vocal
Kenny Hickey – Guitarra, vocal
Sal Abruscato – Bateria
Johnny Kelly – Bateria em “Paranoid”
- “I Know You’re Fucking Someone Else”
- “Are You Afraid”
- “Gravity”
- “Pain”
- “Kill You Tonight”
- “Hey Pete”
- “Kill You Tonight” (Reprise)
- “Paranoid”
