Rock: como o estilo chegou aos confins mais distantes do Nordeste

Não importa onde seja, após o advento da internet, conhecer e consumir música que foge aos padrões do convencionalmente comercial tem se tornado mais fácil e comum do que nunca! Hoje se uma banda lança um novo material, em questão de minutos todo mundo já sabe, especialmente após o surgimento de veículos de informação como a própria Roadie Metal. Mas já imaginaram como era isso há duas ou três décadas? Fazem ideia de como era? Pois vão buscar seus Todynhos e sentem-se seus moleques catarrentos, porque eu vou contar uma história “dazanta”*!

Há muito, muito tempo em uma terra distante pra cara…   muito longe e tal! As condições de vida eram um tanto quanto inóspitas e os pais de família deixavam suas mulheres e filhos para se aventurarem nas grandes capitais em busca de emprego, retornando com algum dinheiro esporadicamente ou até mesmo se instalando por lá e depois levando a família junto. Em meio a tantas viagens, o intercâmbio cultural era inevitável. O crescimento da população de nordestinos Brasil a fora foi tomando proporções enormes e esse fator foi uma das causas da expansão da nossa cultura através do país. Luiz Gonzaga por exemplo, só foi o que foi porque encontrou demanda de público em outros estados, público este, oriundo da terrinha.

Mas assim como nosso forró foi daqui pra lá, outros estilos musicais vieram de lá pra cá. Nossos pais voltavam trazendo discos dos Ronnie Von, Raul Seixas, Erasmo e Roberto Carlos e afins (sim, quer você queira ou não, o Rock chegou ao Brasil através dessa galera).

Quase que automaticamente, a existência deste novo público fez com que as rádios tivessem obrigação de tocar tais músicas, já que era comum fulano ligar de São Paulo pra alguma rádio cearense pedindo  tal música (com tradução) de tal artista oferecendo pra fulaninha que ele queria dar uns pega. Rapidamente nomes internacionais como Pink Floyd, Scorpions, Eric Clapton e toda uma leva de artistas que são famosos por suas baladas, caíram no gosto popular. E se você é nordestino ou vive em qualquer região interiorana de qualquer estado do Brasil e torce o nariz pra essas baladas “mela-cueca”,  DEIXE DE FRESCURA! Você tem é que ser grato, pois graças a elas é que hoje você tem acesso ao seu Sepultura. Se você que é adolescente tem que aguentar seus pais gritando no seu ouvido que o que você escuta é coisa do capiroto, você nem faz ideia de como era esta mesma cena há algumas décadas! Meus pais só não mandavam o padre me exorcizar porque para isso, teriam que andar alguns quilômetros a cavalo até a igreja mais próxima, que ficava no centro da cidade que mais parecia uma selva. Voltando à nossa história, assim as novidades foram chegando e as trocas sendo feitas. Não demorou muito para bandas de forró começarem a fazer versões toscas (prática ainda comum) de clássicos do rock, fazendo assim com que a coisa se espalhasse mais ainda. Era lindo quando eu encontrava alguém em algum lugar que também ouvia as mesmas coisas, era troca de discos e fitas que tratávamos como relíquias. Nem queira saber o desespero que era quando o gravador embolava a fita no deck. Pra não falar das amizades que eram desfeitas quando algum feladagaita arranhava um disco ou estragava uma fita rara.

Música é mercado, e como tal, só entra onde há demanda pra tanto. E se a nossa cultura perdurou e resistiu bravamente até que a internet chegasse para salvar nossos ouvidos em definitivo, foi graças aos nossos velhos que desbravaram o país e trouxeram em suas malas, um monte de material legal que encontraram por onde estiveram (lágrimas de emoção caindo).

  • Dazanta= “dazantiga”
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