Entre idas e vindas, o primeiro encerramento do Deep Purple, ocorreu no ano de 1976, durando 09 anos até seu retorno, logo após a tour do álbum “Come Taste The Band, terceiro e icônico disco da carreira de uma das principais bandas do mundo, esse registro marca também o fim da parceria entre os músicos Dave Coverdale e Glenn Hughes com o grupo, encerrando por definitivo o MKIII, que para muitos é a melhor fase da carreira do Deep Purple.
Começando pelo que foi o disco na carreira da banda, “Come Taste The Band”, promove pela primeira vez um guitarrista que não fora Ritchie Blackmore, o mesmo estava descontente com a sonoridade de “Stormbringer” e toda suas linhas de Soul/Funk, com isso Blackmore criou o Rainbow e informou aos integrantes que após a tour deixaria o grupo para se dedicar ao seu novo projeto, eis que ai surge uma dúvida em todo o grupo, continuar sem um dos maiores prodígios e mentor de todos os riffs da banda até então seria uma boa? A resposta foi rápida como um tiro, o grupo na época era um dos mais bem remunerados e logo deu continuidade aos trabalhos contratando Tommy Bolin para substituir Blackmore nas gravações do novo álbum.
“Come Taste the Band” foi gerado com muitos problemas internos, brigas, morte, desentendimentos e ciúmes, um dos pontos mais tristes de tudo que acerca o disco é, a morte de Tommy Bolin 8 meses após a gravação do álbum, quando em tour com o grupo, o músico sofreu uma overdose em um quarto de hotel, logo após isso, Coverdale confidenciou à Lord que não havia mais como continuar com o Purple, Lord por sua vez informou à Coverdale que não existia mais um Deep Purple, deixando a banda estagnada em um hiato de 08 anos que só seria encerrada em 1984 com o disco “Perfect Stranger” e o retorno da formação clássica do grupo.
Falando da estrutura e harmonização do disco, “Come Taste The Band” soa mais Hard Rock com toques de Soul e Funk, elementos incluídos nos dois discos anteriores, forte influência de Glenn Hughes, porém em Come Taste, o grupo explorou letras e arranjos mais comerciais, tentando com louvor, ser uma banda mais a frente das progressivas que surgiam na época com todas as suas experimentações.
O disco abre com a excelente “Comin’ Home” que é conduzida com uma levada com a cara do Purple, Coverdale dá as caras e as boas vindas de forma brilhante, refrão forte e impactante, são apenas um dos grandes indícios que o álbum seria de suma importância e excelente qualidade. Rapido e cheio de groove, essa faixa ainda tem espaço para toda uma criação psicodélica de Bolin, criando uma atmosfera extraterreste.
“Lady Luck” é cheia de Grooves do baixo e uma música mais dançante, marcando aqui essa estratégia do grupo em incluir elementos de Funk na musicalidade do Purple.
A dúvida mais pertinente na cabeça de qualquer fã da banda é, será que Tommy Bolin perduraria no grupo se estivesse vivo até hoje? Em “Gettin’ Tighter” o músico deixa claro que seu talento e qualidade não seriam motivos para gerar dúvidas. A música que começa com um hardão bem setentista, logo se transforma em um Funk/Soul regado a contra-tempos e andamentos conduzidos pelo baixo e bateria e sela também como a primeira composição e vocalização de Glenn Hughes no baixo.
“Dealer” incorpora uma linha mais Soul, com várias quebradeiras e uma passagem mais calma em seu andamento, uma música mais fraca que suas anteriores, mas mantendo a proposta do disco de soar diversificado e com vários ritmos diferente, tem suas qualidades, um delas é as partes rápida, puro Hard Rock.
Uma das harmonias mais bonitas do disco, se encontra na música “I Need Love”, além de um vocal fantástico de Coverdale, todo seu andamento é simples, mas evolutivo, a faixa vai crescendo e sempre retorno há sua estrutura inicial nas estrofes.
“Drifter” é de longe a faixa mais experimental e progressiva de todo o disco, mesmo possuindo sua base no Hard Rock, a mesma flutua com facilidade entre as psicodélicas viagens dos anos 70 ao mais moderno que existia na época em seu tratando de velocidade.
Um dos clássicos absolutos da época do MKIII, “Love Child”, é uma daquelas músicas que tiram o fôlego, vocalização forte, estrutura bem-criada, banda entrosada, condução perfeita, assim se cria um clássico e mesmo com os problemas internos na época, o Deep Purple conseguiu novamente deixar uma música em uma disco para a eternidade.
“This Time Around/Owed To ‘G” a começar pelo nome da música, essa balada é chata e com uma levada de baixo e piano, sendo a segunda música cantada por Glenn Hughes, ou seja, aqui o baixista se fez parecer e é o único destaque de toda a música, se incluiria melhor em um disco solo do mesmo, por essa faixa o disco não receberá um 10 na avaliação final.
Progressiva e cheia de swing, “You Keep On Moving”, fecha o disco com chave de ouro, provando que, não á toa, o Deep Purple merece o título de banda mais barulhenta de 1975, essa faixa é a única em que Coverdale e Hughes, cantam juntos e dividem as partes de vocalizações, uma belíssima música, selando assim o fim de uma geração que nunca mais teve oportunidade de uma reunião, ato esse de uma crueldade impensável, mesmo sabendo que Ian Gillan é fundamental para o Purple, eu me considero um dos fãs que gostaria de ver e ouvir um novo registro da banda com Hughes e Coverdale, porem isso é apenas um sonho de uma mero fã do grupo.
Tracklist:
01 – Comin’ Home
02 – Lady Luck
03 – Gettin’ Tighter
04 – Dealer
05 – I Need Love
06 – Drifter
07 – Love Child
08 – This Time Around/Owed To ‘G
09 – You Keep On Moving
Formação:
Jon Lord: Teclados/Piano/Sintetizador
Ian Pice: Bateria/Percussão
David Coverdale: Vocal
Tommy Bolin: Guitarra
Glenn Hughes: Baixo/Vocal