O black metal, apesar de não ser o mais pesado, é o estilo mais extremo do metal. Não parece, mas há uma diferença nisso. Peso concerne à sonoridade em si, mas o extremismo se trata do conjunto da obra. Ou seja, além da música pesada, os temas complexos e a abordagem agressiva acabam definindo essa extremidade.
Mesmo assim o gênero se difundiu com outros estilos, inclusive se adaptando ao tempo, o que era um tanto quanto inimaginável, principalmente em sua segunda onda, que estourou na Noruega no início dos anos 90. Logo, para resumir, o black metal ganhou tons sinfônicos, se entrelaçou com o death metal, doom metal e uma infinidade de outros subgêneros do metal, incluindo o progressivo.
O que ficou muito em voga atualmente foi a nova alcunha que vários estilos ganharam, soando atemporais, e até mesmo mais modernos, não no sentido estético, mas de abordagem. Logo, os ‘posts’ (pós) foram incorporados em diversos gêneros, e com o metal negro não tem sido diferente.
Por isso, o post-black metal tem ganhado cada vez mais força e adeptos, sendo o estilo que menos mudou sua essência, somente angariando mais teores, como a melancolia sobrepondo o ar maléfico que sempre o circundou.
Temos aqui um projeto especialista nisso, encabeçado pelo sueco músico Simon Lindgren. Trata-se da ‘one-man-band’ Tårfödd, que tem três anos de estrada e chega agora ao seu quinto disco de estúdio, este “Efterlämnade i sorg”. O disco serve como uma cartilha do post-black metal, pois traz todos os elementos fundamentais.
O álbum, que tem o título que significa “Deixado em Luto”, traz faixas inspiradas em experiências pessoais de perda e separação e reflete a jornada emocional de Lindgren após o falecimento do pai de um amigo, dando origem a canções comoventes, onde a agressividade se une a angústia, o que é bem típica.
Em mais de 1h, as doze músicas do disco trazem as guitarras ríspidas, cozinha direta, onde a velocidade é destilada em forma de sofrimento com vocais rasgados beirando a insanidade. Tudo bem timbrado, casando muito bem com a sonoridade e deixando ainda mais como o estilo pede.
O equilíbrio no tracklist é outro fator importante, já que as músicas se complementam no sentido de não sobrepor uma a outra. Aliás, a cada audição o trabalho fica mais sólido, fazendo com que não queiramos pular as faixas e aprecia-lo como um todo cada vez mais. Indicado às almas mais sombrias!
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