O artista musical e compositor Steven Wayne Smith, após liberar o single “Incompatibility / Working Class Hero” pelas plataformas digitais, está de volta com um novo trabalho chamado “Tyranny of the Clock”. Trata-se de um EP que faz parte do seu projeto Kilravock. A distribuição digital ficou a cargo da Mutually Assured Records, porém, o que temos aqui é um trabalho genuinamente independente. Apresentando seis faixas, esse lançamento possui um tema central focado no “antitrabalho”, seu lançamento ocorrido em 1 de maio foi pensado estrategicamente para se encaixar no mesmo tema. Suas canções seguem uma linha ácida, quase dissonante pela sujeira na produção e algumas doses de ironia.
O disco abre com a música inédita “Who Killed Saint Monday?”, que foi inspirada nos escritos do jornalista anarquista e canadense George Woodcock. A canção possui uma estrutura rocker, embora seus riffs remetam a uma execução mais punk. Com acidez na voz e letra, Kilravock abre caminho a discursões sobre o domínio das horas em cima do trabalho. A parte irônica ou sarcástica, está em “Solidarity Forever”, uma canção que durante 1912 embalava o cenário trabalhista da época. Na versão de Kilravock, sua letra foi modificada completamente em oposição à letra original.
A música seguinte já é conhecida por quem acompanha as facetas de Smith, pois como dito por aqui mesmo, “Incompatibility” fez parte do último single. No entanto, a versão desse EP foi remasterizada e agora apresenta um som mais impactante e revigorado, embora a sujeira da timbragem ainda seja presente, preservando assim sua escência. A sua sucessora, “Working Class Hero” também recebeu novo tratamento, cabendo aqui uma sonoridade mais aberta, limpa e suave, assim como o coro que acompanha a execução acústica da música. Aqui deve-se destacar as atuações de Anna Schmidt, David Dick e Sean Soucy que se juntaram ao Kilravock nas vocalizações.
Para este lançamento Smith trouxe uma música de outro projeto seu chamado The Alliterates. “Labor Day” é uma canção punk com qualidades que a tornam poderosa. Com melodia suficiente para combinar riffs com os vocais, essa canção se enquadra no tema geral do álbum, assim como “Beg For Scraps” que faz parte de outro projeto chamado “Lucid Fugue”. Essa, entretanto, é uma simbiose entre o pós-punk e o psicodelismo que escorre em seus ouvidos em seus mais de seis minutos de duração. Quando se procura entender a arte de Wayne Smith, você acaba caindo em um mundo complexo, porém iluminado.
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