Mystic Circle: confira entrevista com o vocalista Beelzebub sobre o novo álbum e trabalho com ilustrador brasileiro

A banda de black metal alemã Mystic Circle lançou recentemente seu mais novo álbum “Erzdämon”, e para divulgar esse novo trabalho e falar sobre a nova fase da banda, o vocalista e multi-instrumentalista Beelzebub concedeu uma coletiva de imprensa para jornalistas da América Latina falando sobre suas influências, os novos projetos e como está sendo retornar com a banda anos depois. Ele também nos contou sobre como foi trabalhar com o ilustrador brasileiro Rafael Tavares. 

Ele já começa a entrevista falando do seu carinho por bandas brasileiras como o Sepultura e ele conta que conheceu os integrantes da banda da época quando era jovem e estava passando as férias em Barcelona, ele disse que encontrou Max e Igor na praia e eles passaram um tempo bebendo e conversando, isso muito antes do Mystic Circle, no começo dos anos 90. O vocalista também contou que conhece o Krisium, Ratos de Porão, Torture Squad e a banda de hardcore Worst, todas em diferentes momentos que foram tocar na Europa.  

Sobre o novo álbum, Beelzebub nos revelou bastante coisa sobre as influências usadas nas músicas que nesse álbum, além de trabalhar um tema comum da banda que é o anticristo e demônios, eles também irão usar grandes personagens de filmes de terror Mothman ou Skin-walker. Ele disse que começou a ver filmes de terror como King Kong, Drácula, Nosferatu, White Zombie quando tinha nove anos e era algo que ele sempre se interessou. Ele também contou que se inspirou em lugares antigos da Alemanha como castelos e locais aterrorizantes e disse ser muito fã de trilha sonoras de terror. Ele falou que era algo que ele e Blackwar queriam fazer há anos e que agora que conseguiram colocar em prática, será possível ver mais assuntos assim nos álbuns futuros da banda.  

Quando questionado se o novo álbum é uma continuação do anterior, Beelzebub explica que ele e Blackwar estão constantemente trabalhando em suas músicas e ideias para projetos, então quando eles terminam um álbum, eles já vão para o estúdio produzir o próximo. 

“Nós não ensaiamos como uma banda comum, eu me encontro com o meu parceiro no estúdio e gravamos as demos das músicas. Então já começamos direto a gravar as ideias como demos e vamos para o estúdio fazer todo. Estamos constantemente trabalhando em coisas novas. Quando terminamos o Erzdämon, as demos para o novo álbum já estão prontas. É como um desenho que você começa com o rascunho e vai adicionando mais coisas.” 

Sobre o processo de composição e sua parceria com Blackwar, o artista diz ser melhor agora com um duo, principalmente com um amigo como Blackwar, que eles acabam tendo a mesma linha de pensamento e os mesmos interesses em relação a música, filmes, livros, que eles gostam de coisas sombrias e místicas. 

“Quando estamos juntos, escrevendo músicas, nós falamos sobre outras coisas como trilhas sonoras, diretores, nós conversamos sobre muitas coisas. E o processo de composição é fácil, por exemplo, eu começo com o violão e eu tenho a maioria das ideias já na cabeça e vamos para o estúdio grava a demo, mas já em uma qualidade elevada, isso quer dizer: bateria, baixo e letras. Depois vamos para o produtor e gravamos o teclado e levamos para um novo nível mais alto e até o final. Mas também gravamos músicas em um estúdio em casa. E nós conseguimos nos divertir porque quando você tem outros músicos e todos querem dar sua opinião, é um problema. Então é melhor para nós porque temos os mesmos pensamentos e espírito. Nós compartilhamos muita paixão pela música.” 

As perguntas e respostas feitas pelas nossa jornalista Tamira Ferreira, vocês podem conferir na íntegra abaixo: 

Tamira: Você lançou o álbum em março, parabéns! E você também lançou um videoclipe, eu vi umas imagens com uma freira bem assustadora (risos). O que você pode dizer sobre o clipe, a história por trás, a gravação? 

Beelzebub: Nós fizemos em um conceito, com crânios, freiras e demônios. Tem três garotas e um padre e foi bem inspirado no terror e em coisas demoníacas. É mais como um filme. No futuro nós queremos seguir isso de fazer mais no estilo de filmes. No futuro, nós do Mystic Circle queremos sair de cena e ter mais atores para as pessoas sentirem que estão em um filme de terror. Queremos ir mais nessa direção. Eu gosto muito, nada mais consegue ter uma boa representação do álbum do que as pessoas vendo o último vídeo e depois ouvir o álbum. 

Tamira: Quando a banda começou, em 1992, eu tinha dois anos de idade (risos).  

Beelzebub: Sério? Um bebê. 

Tamira: Como você vê esses 30 anos de banda e você vê algo diferente agora? Se você pudesse falar de toda essa experiência que foi o Mystic Circle, o que pode dizer, o que aprendeu, o que vê de diferente agora com esse novo álbum? 

Beelzebub: Quando começamos a banda, nós éramos muito rebeldes, muito punk, nós éramos cinco pessoas que viviam juntos, nós fazíamos festas com heavy metal, fazíamos rituais, todas essas coisas. Agora é mais calmo. Eu e Blackwar nos concentramos na música, nós bebemos algo e fazemos música e conversamos a respeito. Cada momento tem a sua importância. Se você fala do Black Metal nos anos 90, era mais bruto, mais rebelde e toda aquela merda que estava acontecendo. Eu gosto muito da cena agora porque as pessoas são mais, sabe quando as pessoas ouvem Black Metal, mas também Heavy Metal ou Hard Core, eu gosto mais porque as pessoas são mais cabeça aberta, não é mais tão segmentado. Para mim era mais rebeldia no começo e hoje é mais meditação. 

Ainda sobre o álbum Erzdämon, ele explica que o nome significa um demônio bem maligno como Lúcifer, mas superior, ele também contou que achava que o nome soava melhor em alemão e que conseguia expressar a grandiosidade das canções, assim como o horror e a escuridão.  

A arte do álbum foi feita pelo artista brasileiro Rafael Tavares e eles tiveram a ideia de conectar as capas do álbum anterior, o mais recente e o próximo para se unirem como uma trilogia. Beelzebub também conta sobre a escolha de Tavares como artista da capa que foi ideia de Blackwar que o revelou estar apaixonado por uma pintura feita por Rafael eles ficaram muito felizes em contratá-lo porque gostaram do estilo dele ser bem único e que já falaram com Rafael sobre o próximo álbum e a vontade de trabalharem juntos. 

Para terminar, Beelzebub fala sobre voltar com o Mystic Circle depois de um hiato de 14 anos. 

“Até outubro de 2020 eu nunca pensei em voltar, eu nunca pensei em fazer músicas novas, desde 2007 essa banda tinha encerrado para mim. Nós fizemos uma turnê com o Rotting Christ, agendamos estúdio, fechamos com gravadora, mas após a turnê eu sentia que tinha acabado. Eu não tinha mais forças para a banda. Eu não faço apenas pelo dinheiro, meu espírito tinha ido, então eu precisei acabar com a banda. E agora nós voltamos, mas em 2020, no Natal, eu me encontrei com Blackwar e conversamos a respeito e começamos a compor no dia seguinte e agora vocês veem o resultado disso. O espírito voltou e eu acho que não faria sem o Blackwar, se a gente se separar, acabou o Mystic Circle. Enquanto tivermos inspiração e canções, nós vamos continuar.” 

Queremos agradecer a Nuclear Blast, Marcos Franke e a Beelzebub do Mystic Circle por nos convidar para essa coletiva de imprensa.  

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