Roadie Metal Cronologia: Bruce Dickinson – Chemical Wedding (1998)

Antes de começar a falar de Chemical Wedding acho importante reiterarmos o interesse por parte de muitos músicos e bandas inglesas tais como Ozzy Osbourne, Led Zeppelin, Rolling Stones, Beatles, Black Sabbath e aqui no Brasil; Raul Seixas (junto a Paulo Coelho), pelo ocultismo de Aleister Crowley. Todos esses citados, de alguma forma manifestaram admiração por esta personalidade da magia e pode-se dizer que isso tem um significado incrível: O legado do Rock é a manifestação do subversivo, rebelde e da quebra de paradigmas sociais. É relativamente similar ao conceito da filosofia pregada por Crowley.

Leia mais sobre isso AQUI e descubra porque especialmente Bruce Dickinson, se inspirou nesta personalidade, que se tornou fonte de inspiração para vários trabalhos seus no Iron Maiden e na carreira solo.

Chemical Wedding é o nome do 5º álbum solo de Bruce Dickinson e também nome de um filme (escrito por ele) sobre uma história fictícia onde relata que  um homem através de seus estudos científicos, realiza uma experiência e acredita ter  se “encorporado”do espírito de Aleister Crowley e desde então pretende realizar o mais poderoso de seus rituais com uma “mulher escarlate” : O “Casamento Quimico” ou Chemical Wedding.

Diante de todas essas influências, vamos analisar o disco que tem seu lançamento no dia 14 de julho de 1998, e foi considerado por muitos um dos maiores trabalhos da carreira solo de Dickinson e precede o musicalmente incrivel Accident of Birth de 1997 repentindo a parceria com Roy Z (guitarrista e produtor) e Adrian Smith (um dos melhores guitarristas de todos os tempos, membro do Iron Maiden) e Eddie Casillas.

Conheça as canções:

  • King in Crimson – Não por acaso uma guitarra suja e ao mesmo tempo harmoniosa, como uma noção de velocidade (aqueles temas para filmes de aventura) abrem uma das maiores obras primas de Dickinson. King in Crimson traz a marca da parceria com Roy Z e nos leva para o começo de um álbum que certamente terá letras cheias de de simbolismos atribuído a magia e ao ocultismo. É ótimo poder ouvir novamente Adrian Smith!

 

  • Chemical Wedding – Incrivel música que tem em seu riff inicial atribuído a músicas de terror / ocultismo. Mas com o saboroso refrão:

“And so we lay, we lay in the same grave;our chemical wedding day;

and so we lay; we lay in the same grave; our chemical wedding day”

         Música bem trabalhada de fácil assimilação, curta e objetiva com um bom trabalho de execução. É a canção título e como relatada anteriormente, foi inspiração para a obra cinematográfica do qual  Bruce participou como autor e roteirista com Julian Doyle.

 

  • The Tower – Mais harmonia com guitarras possantes, marcam a identidade deste disco que tem um vocal forte e melodias vibrantes. A letra dessa música se diz respeito a carta “Torre” do Tarô Thoth* criado por Crowley, onde a mesma significa o sentido do caminho da vida para a morte.

“Lovers in the tower ;The moon and sun divided; And the hanged man smiles;

 Lovers in the tower The moon and sun divided; Let the fool decide”

 (Amantes na torre; A lua e o sol divididos; E o enforcado sorri; Amantes na torre; A lua e o sol divididos Deixe o tolo decidir)

https://www.youtube.com/watch?v=GVTeN4xs7Do

  • Killing Flor nos apresenta a beira de um novo estilo de “metal” que se assemelha o que na época chamaríamos do início do Metal Industrial, algo que permeava entre o trabalho de White Zombie e Marilyn Manson. Obviamente, que de forma sutil, pois o álbum tinha sua estrutura e propósitos bem definidos e lineares. Bem executada e com bom peso para a obra.

 

  • Book of Thel –  Com um incrivel harmonia e peso, esta música tem uma belíssima interpretação de Dickinson com toda qualidade que já conhecemos e a parceria com Eddie Casillas do grupo Tribes of Gipsies (mesmo grupo de Roy Z).  A letra se diz respeito ao ritual a obra de Willian Blake, “Book of Thel” ou “livro de Thel” ( clique AQUI para conhecer ); discutia o céu e o inferno, o espírito e o corpo e os aspectos de inteligência e moralidade.

Dickinson murmura no final:

 Some said it is Urizen – But unknown, abstracted, brooding secret; The dark power hid

 (Alguns dizem que foi Urizen – Mas o desconhecido, o abstrato, o segredo que cria. O poder sombrio se escondeu)

 Que é a próxima música…

 

  • Gates of Urizen – Esta música já aborda outra obra do alquimista Willian Blake: O livro de Urizen, sobre um “demônio” que questionava sobre a moralidade a legalidade.  Sonoramente esta canção tem uma incrivel interpretação que inicia-se como uma balada e no seu auge brinda uma subida harmoniosa com as guitarras de Adrian Smith, o puro metal. O refrão é bem marcadinho. Aproveita para cantar aí bem alto!

“At the gates of Urizen; The lader falls away; At the gates of Urizen;

 Fallen eagles blaze; At the gates of Urizen; Eternal twins are damned;

At the gates of Urizen; Separate lives begin

 

  • Jerusalem: Lindissima canção baseado no poema do escritor e ilustrador Willian Blake, que merece um carinho especial devido ao suspiro que se pretende, num álbum de grandes gritos de rebeldia. Entre os saltos dentro do Hard Rock e Metal, Bruce resgata uma das suas mais importantes influências: O PROGRESSIVO. Jerusalem é tão linda, que não por acaso ele fez uma brilhante interpretação com Ian Anderson do Jehtro Tull na catedral de Cantuária na Inglaterra.

Can Jerusalem, be rebuilded here
In this trivial time, in this land of fear
In Jerusalem, where the grail remains
Walk into the light and dissolve the chains

Jerusalém pode ser reconstruída aqui, 

Nesta época trivial, nesta terra de medo?

Em Jerusalém, onde o santo cálice permanece,

caminhe na luz e quebre as correntes

Por que “Jerusalem” é uma ode a terra dos “albions” – como eram chamados os Ingleses. É mais uma mostra do nacionalismo presente na carreira do frontman do Iron Maiden. Uma das mais importantes análises das influências de Bruce Dickinson foi também anos mais tarde revelada na canção Isle of Avalon do disco “The Final Frontier” do Iron Maiden. Leia mais AQUI. Mas qual a relação?

(veja o video de Bruce com Ian Anderson, em 2011)

Segundo as lendas, AVALON que estaria localizado na Inglaterra (país do vocalista), teria todas as condições para ser um dos locais mais “mágicos” do mundo, onde é atribuído a pedra filosofal onde a espada do Rei Artur estaria “fincada”, e ali também estariam relíquias como SANTO GRAAL e outros objetos sagrados atribuídos a José de Arimatéia. Terreno perfeito para todas as práticas e rituais de ocultismo. Portanto ali poderia se chamar uma nova “JERUSALEM”, ou um local de libertação.

O desenho da capa é atribuído a Willian Blake, que também ilustrava seus próprios livros. O título dessa pintura é: ” O fantasma de uma pulga

 

  • Trumpets of Jericho – Porrada sonora que traz de volta as influência do Heavy Metal aos trabalhos de Bruce que foi e é o vocalista de uma das melhores bandas de metal do mundo.Canção longa com letra mediana mas historicamente bem definidas.

A expressão “Trumpets of Jericho” tem três significados relevantes. Relaciona-se com as trombetas do sete cavaleiros do Apocalipse, que anunciaram o fim do mundo no novo testamento (666), a queda do muro de Jericó (com sete “buzinas” diante da arca da aliança) no antigo testamento e também de forma curiosa, um sinal emitido pelos aviões alemães na Segunda Guerra Mundial para anunciar o ataque por mísseis, causando pânico na população, chamado ataque psicológico. “Anúncio do fim”

 

  • Machine Men é composta pela indiscutível parceria de Bruce com Adrian Smith que nos premia com lindos solos. De forma conceitual, acho que esta música não deveria pertencer a esse álbum. O tema parece bem distante, com informações bem vagas sobre homens frios ou homens máquinas.  A sonoridade é impecável. Mas as letras são distante da proposta. Imagino que Bruce incluíra para dar crédito ao amigo Adrian.

 

  • The Alchemist – De volta a proposta de explorar o universo da “Lei” que influenciaria rosa cruz, maçonaria, ocultismo, magia, yoga, misticismo ; a Thelema  de Aleister Crowley é “Faze o que tu queres há de ser o todo da Lei. O amor é a lei, amor sob vontade” e as cartas do tarô são novamente representadas na música. Sela com primor este íncrivel trabalho da carreira solo de Sr. Bruce Dickinson!

 

Bruce Dickinson – Vocal

Adrian Smith – Guitarra solo, base e vocal de apoio

Roy Z – Guitarra solo, base e vocal de apoio

Eddie Casillas – Baixo

David Ingraham – Bateria, percussão

 

 

  • Fonte do trecho: http://tarothoth.blogspot.com.br/2013/12/atu-xvia-torre.html

 

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