O texano Joseph Michael Hill, Dusty Hill, nasceu em maio de 1949, e começou a tocar, junto com Rocky, seu irmão mais velho, quando tinha oito anos de idade. São, portanto, 60 anos dedicados à música, em geral, e ao Blues, em especial.
As matérias sobre o ZZ Top costumam se focar, em sua grande parte, na figura do guitarrista e vocalista Billy Gibbons. Trata-se de um gênio, não há dúvida nisso, mas o ZZ Top é uma trindade com a perfeição e o equilíbrio de um triângulo equilátero, onde os três lados e os três ângulos são iguais, onde cada músico influencia o que os demais farão e é influenciado de volta. Dusty é um apaixonado pelo contrabaixo e aborda-o de forma minimalista, natural de sua formação blueseira, mas com segurança e contundência ímpares para, junto ao baterista Frank Beard, criar bases sólidas para as canções de sua banda.
Não espere conseguir tirar, de Dusty, explicações técnicas sobre seus instrumentos. Ele provavelmente remeterá a pergunta para seus técnicos. O que ele irá lhe dizer, de forma muito fraterna, é que a predileção por um ou outro baixo tem a ver com o sentimento, a sensação, que ele irá lhe passar quando estiver em suas mãos. Daí provavelmente sua preferência por tocar com os dedos. Com todos os dedos! Dusty diz que usa os dez dedos para tocar e que não gosta do som da abordagem com palheta, embora já tenha experimentado e possua sempre uma dentro de seus bolsos.
O jovem fã de Elvis Presley e Little Richards teve o seu primeiro baixo aos treze anos de idade, sendo esse um modelo Kay-Bass, com braço bastante desconfortável, e que, após um ano, foi trocado por um Gibson. Mais à frente, ele adotaria o Fender Precision como seu modelo mais usual. Tocando em pequenas bandas de sua região, ele chegou a dividir o palco com bluesmen do nível de Freddy King e Jimmy Reed, antes de se encontrar com Frank Beard e formar a banda American Blues, na fase embrionária do que viria a ser o ZZ Top, podendo colocar em prática, a partir de então, a assumida influência de Jack Bruce do Cream.
Não é de se estranhar que Dusty e Billy utilizem os serviços dos mesmos técnicos, afinal é uma tradição da banda o uso de instrumentos em formatos gêmeos, alguns inclusive com uma inacreditável cobertura de pelos, tudo fazendo eco às vestimentas de palco iguais e, não dá pra deixar de mencionar, às barbas. A média de cinco baixos que ele utiliza por show é uma pequena fração da coleção de cerca de 250 instrumentos que ele possui guardados no Texas, mas Dusty não limita sua performance de palco às quatro cordas, pois também toca teclado e faz vocais de apoio, ou mesmo vozes principais em alguns clássicos de sua banda, com destaque para músicas como “Party On The Patio”, “Hi-Fi Mama” e, principalmente, “Tush”.
Respirando música em tempo integral, esse é o sujeito que, quando está nas folgas das atividades do ZZ Top, aproveita o seu tempo livre para tocar com os amigos. Em 2014, Dusty sofreu um acidente e fraturou o ombro. Sua primeira reação, ainda no chão, foi movimentar os dedos para ver se não tinham sido afetados e, quanto ao ombro, ele só descobriu a fratura após isso, quando tentou se levantar.
Assistir Dusty tocar dá-nos a impressão de que nada poderia ser mais fácil. Poderia ser uma sinfonia e ele ainda transpareceria toda aquela tranquilidade notória. A melhor definição para sua atuação só poderia vir dele próprio, ao afirmar que gosta de acreditar que toca baixo como Dusty Hill e ninguém mais pode fazer isso tão bem quanto ele. Ele é o melhor Dusty Hill que ele conhece!