O rock, como bem se sabe, nasceu na América do Norte. Foi, porém, na Inglaterra, que ele se desenvolveu com amplitude. Desde o advento de bandas como Beatles, Rolling Stones e Who, passando pela fúria do Punk Rock, a efetivação do Heavy Metal, e culminando, mais à frente, na leva de bandas do pós-punk, como Killing Joke, Cure, PIL e Joy Division, a ilha sempre esteve à frente. Entre todos esses segmentos, e alguns outros, o Rock Progressivo foi um dos mais importantes movimentos. Genesis, Yes, King Crimson, Van der Graaf Generator, Jethro Tull… Se tentarmos relacionar os baluartes da primeira grande leva do estilo, os primeiros nomes que nos virão à mente deverão, inevitavelmente, ser britânicos.
O Gentle Giant pode não ter alcançado a mesma popularidade que alguns nomes acima, mas artisticamente revelou-se um grupo difícil de ser superado. Na contramão de uma das principais características do estilo, a banda raramente apresentava canções de longa duração. A grande maioria de suas músicas transitam naquela faixa entre quatro a seis minutos, chegando a dez minutos em poucas ocasiões, o que, de certa forma, reforça a admiração que seu trabalho inspira, pela capacidade de conseguir, de forma tão natural, inserir tantos elementos dentro de uma composição concisa sem fazê-la parecer uma colcha de retalhos.
E havia muito a ser inserido dentro da musicalidade do Gentle Giant. Música clássica, folk, barroca, Blues, Hard Rock e Jazz, em grandes quantidades. Ornamentados por letras poéticas, proferidas por um desempenho vocal cheio de contrapontos, onde a banda quase inteira inseria suas vozes. Assistir uma apresentação do Giant era presenciar uma verdadeira dança das cadeiras entre músicos virtuosos que, a cada canção, ficavam rodiziando pela gama de instrumentos a sua disposição, bem como rodiziavam também os vocais principais entre Phil Shulman, Derek Shulman e Kerry Minnear.
Toda a obra da banda ficou condensada no período compreendido entre 1970 e 1980. Nesse intervalo, houve apenas mudança de baterista e a saída de Phil Shulman, fatos que ocorreram em 1972 e, após os quais, a formação seguiu sem mais mudanças. Em sua estreia, o Gentle Giant já demonstrava a personalidade do que viria oferecer no futuro, aumentando apenas a complexidade de suas canções. Aqui, eles abriram o álbum com “Giant”, que apresenta fraseados típicos do Jazz, e seguem para um de seus maiores clássicos, “Funny Ways”, uma faixa com características de música de câmara, pontuada por violinos.
“Alucard”, bem como “Why Not?”, respondem pelo lado mais Hard do disco, com a inconfundível utilização de escalas de blues na parte final desta última. “Isn´t It Quiet And Cold?” tem toques medievais e um interessante acompanhamento feito por xilofone em um tipo de melodia que o Queen costumava visitar esporadicamente e que faz a passagem para “Nothing At All”, a faixa mais extensa do disco, com harmonias vocais que lembram os Beatles e com um solo de bateria em sua parte intermediária, fundindo-se com o acompanhamento de um piano que surge para deslanchar em uma integração perfeita entre dois instrumentos de aspectos harmônicos tão diferentes.
“The Queen” é uma pequena intervenção instrumental, onde a banda parece querer reforçar sua origem inglesa, e está no final do disco justamente para coroar o gigante em seu nascimento. Um gigante literal que, por sua gentileza e candura, reinou no universo musical de uma década repleta de gigantes simbólicos.
Formação
Gary Green – Guitarra solo, Violão, Flauta e vocais de apoio
Kerry Minnear – Teclados, Mellotron, Baixo, Violoncelo, Sintetizador, Vocal e Percussão
Derek Shulman – Vocal e Baixo
Phil Shulman – Saxofone, Trompete, Flauta doce, Vocal
Ray Shulman – Baixo, Violino, Guitarra, Percussão e vocais de apoio
Martin Smith – Bateria, Percussão e Xilofone
Músicas
- Giant
- Funny Ways
- Alucard
- Isn’t it Quiet and Cold?
- Nothing at All
- Why Not?
- The Queen