O Metal Voice é um quadro da Roadie Metal criado por cinco redatores, cujo o ponto em comum é o fato de serem, ou já terem sido, vocalistas de bandas de Rock/Metal. Nos textos, serão publicadas entrevistas com diversos vocalistas, onde cada um contará a sua história e trajetória até chegar no posto de frontman/frontwoman de uma banda, indo dos detalhes pessoais até o mais técnicos, com total enfoque na questão vocal. Hoje conheceremos um pouco da história e da carreira de Renato Timbó vocalista da banda Enigma Ex Machina.
Roadie Metal: conte-nos como você se interessou pelo Rock/Metal e decidiu se tornar um vocalista.
Timbó: Desde pequeno eu sempre tive muito contato com música em geral, mas não necessariamente com rock e as suas vertentes. Minha mãe gostava de muita coisa dos anos 70, era disco/jovem guarda e meu pai sempre gostou do sertanejo tradicional. Um belo dia minha mãe me apresentou Creedence Clearwater Revival e a partir dali eu comecei a traçar meu caminho. Eu sempre gostei de cantar, seja no chuveiro, karaokê e afins, e quando tive minhas primeiras bandas eu fui apenas guitarrista, mas quando veio a oportunidade, soltei a voz e nunca mais quis parar.
Roadie Metal: quais são as suas principais influências para cantar?
Timbó: No início eu sempre me liguei muito a nomes como Greg Lake(Emerson, Lake & Palmer), John Anderson(Yes) e John Wetton(King Crimson) porque eu tive uma fase muito anos 60/70, com muitas coisas de rock progressivo. Também tive uma fase mais anos 90/00 em que Mike Patton (Faith no More) e Dave Grohl(Foo Fighters) acabaram sendo grandes influencias. Atualmente, eu venho escutando bastante coisa de metal moderno, então hoje Loic Rossetti(The Ocean), Einar Solberg(Leprous), Mariusz Duda(Riverside) são os nomes que eu acrescentei a lista. Mas tem muitas outras coisas fora do âmbito rock/metal que me agradam e acabam me mexendo de algum modo.
Roadie Metal: como foi o seu processo de aprendizado vocal? Começou sozinho ou você também teve ajuda?
Timbó: Para ser honesto até o início deste ano eu sempre fui 100% sozinho. Muita cantoria no chuveiro, muita prática cantando as músicas que eu gosto e até mesmo o meu período com bandas cover foram minha “formação” no vocal. Neste ano, resolvi que era importante dar um passo a frente e estou tendo aulas de técnica vocal com a Rafa Martinelli, que estão me ensinando muito sobre o que eu sou capaz de fazer e de como eu posso melhorar naquilo que eu já sabia.
Roadie Metal: quais técnicas vocais você utiliza nas suas músicas?
Timbó: Nas músicas da Enigma Ex Machina eu tento puxar um pouco das influências de Prog Death nos vocais mais agressivos, com alguns guturais mais retos, mas ao mesmo tempo eu gosto de mesclar com um vocal mais limpo, que da uma camada a mais de complexidade no nosso som e acho que consegue dar um pouco mais de sensibilidade aos temas que tratamos.
Roadie Metal: você costuma ter alguma rotina vocal, como algum tipo de exercícios e cuidado com a voz?
Timbó: Eu trabalho como produtor de eventos de eSports, e atuo como narrador de campeonatos ao vivo, então cuidar da voz sempre foi essencial. Procuro fazer um aquecimento leve antes dos ensaios e vou aos poucos soltando mais a voz, para não forçar logo de cara e correr risco de me machucar. Tudo sempre acompanhado de água para dar aquela hidratada fundamental.
Roadie Metal: você acha que é necessário ter talento para ser um vocalista de Rock/Metal para todos os gêneros, desde o Heavy Metal ao Death Metal?
Timbó: O conceito de talento para mim é muito subjetivo. Eu já convivi em meios em que ser um vocalista parecia uma disputa esportiva, de ver quem era o melhor, ou quem alcançava as notas mais altas e coisas do tipo. Acredito que existe espaço para todos, e que, claro, vai haver alguns que se sobressaem por terem técnicas mais apuradas, ou por ter um senso de composição que para ele é o ideal, mas não gosto desse ambiente “competitivo” que existe hoje. Por fazer parte de uma banda pequena, que acabou de começar, eu tenho desejos e objetivos que eu quero alcançar, mas é apenas para poder transmitir aquilo que eu quero através da música e fazer música boa de fato.
Roadie Metal: me fale sobre sua experiência vocal na sua banda Enigma Ex Machina.
Timbó: Sempre foi um desejo meu poder fazer um som nesse estilo mais Prog Metal, mas sempre bati na trave por vários motivos, mas dessa vez, com a Enigma Ex Machina a roda girou perfeitamente. A sintonia entre os 4 membros ajuda muito, e absorver as influências uns dos outros sempre foi essencial. Então na hora de trabalhar os vocais, sempre tive muito apoio dos meninos no processo. Não vou dizer que foi fácil, tivemos alguns percalços pelo caminho, tive dificuldade em gravar algumas das músicas do nosso primeiro EP, e foi isso que me fez buscar fazer aulas e melhorar, porque eu não quero abandonar o estilo que assumimos, muito pelo contrário, quero poder explorar mais isso tudo.
Roadie Metal: qual sua opinião sobre os vocalistas que não utilizam técnicas e acham que não é necessário estudar ou ter alguma rotina de treinos?
Timbó: Eu acho que tudo é relativo ao contexto. Tem muito vocalista de banda grande que não teve nada disso e desempenha bem sua função a muitos anos e nunca ninguém ligou para isso, saca? Estudar técnica, cuidar da voz, é algo que tem de ser do interesse e do desejo do próprio vocalista. Se ele se sente bem sem isso, e se desempenha bem sua função, que seja assim.
Roadie Metal: você já teve algum problema na voz que o deixou um período sem cantar? Se sim, fale um pouco a respeito.
Timbó: Puxando pela memória, eu nunca tive nenhum problema mais sério. No máximo algum resfriado mais forte ou coisa do tipo, mas nada que uma semaninha se cuidando não resolva hahaha
Roadie Metal: caso queira, deixe suas considerações finais.
Timbó: Primeiro de tudo, muito obrigado pelo espaço pra bater esse papo, é muito importante pra nossa banda poder aparecer num site tão bem-conceituado como a Roadie Metal e pode ter certeza de que ainda vamos nos encontrar bastante. Quero convidar a todos que sigam nossas redes sociais, todas sobre o @enigmaexmachina, e curtam nosso som nas principais plataformas de streaming. Inclusive, aproveitar pra deixar em primeira mão, que estamos em processo de pré-produção de novo material, talvez alguma coisa ainda pra este ano, mas um projeto maior para 2022, onde esperamos fazer enfim nossa estreia nos palcos. Estamos mais animados que nunca e não vemos a hora de encontrar o pessoal nos rolês e poder mostrar nosso som.
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