No ano em que está lançando seu décimo segundo álbum de estúdio, o Evergrey é uma referência consolidada dentro do Prog Metal. Já se vão mais de vinte anos de atividade e o vocalista e guitarrista, Tom S. Englund, é o único membro original, mas podendo desfrutar do benefício de liderar uma formação que tem se mantido estável desde 2010.
“Escape of the Phoenix” aponta diretamente para o coração dos fãs, mostrando uma banda que permanece inspirada e criativa, em um dos melhores momentos de sua carreira. Tempo e liberdade foram os fatores primordiais para que o trabalho ostentasse a qualidade que se evidencia. Tempo, porque os dias de inatividade, durante a pandemia, foram aproveitados para que todas as ideias pudessem ser desenvolvidas com calma, sem prazos definidos e sem o desvio de foco que o cotidiano em uma turnê poderia proporcionar; Liberdade, pois recém concluíram uma trilogia de álbuns temáticos que delimitou os rumos para onde a criatividade deveria apontar. Agora, com um trabalho isento dessas amarras, as letras de Englund poderiam abordar quaisquer temas que florescessem em sua mente.
“Forever Outsider” dá o pontapé inicial, com riffs pesadíssimos de guitarra. Tanto essa faixa, quanto a seguinte, “Where August Mourn”, com um andamento mais contido, já são suficientes para que possamos apreciar o quanto a banda soa coesa na junção de todas as suas partes. Todos ali possuem uma parcela equânime de brilho dentro dos arranjos.
“Stories”, por exemplo, é uma balada onde o solo etéreo se entrelaça com as notas suaves do teclado, em um momento muito bonito da música. “The Beholder”, por outro lado, desperta a curiosidade do fã antes de sua audição, pois trata-se da participação de James LaBrie, do Dream Theater, dividindo os vocais com Englund, mas, se não fosse por esse detalhe, a música não teria maiores motivos para se destacar dentro do tracklist.
“In the Abscence of Sun” prende a atenção pela forma como flui, da suavidade para o peso, sem parecer mudar a linha melódica principal. Da mesma forma, “Eternal Nocturnal” vai do riff carregado para o refrão pegajoso, e ainda coloca solos inspirados no recheio. O baixo trabalha em comunhão com as guitarras na levada principal da faixa título, confirmando que o álbum é bem equilibrado em seus polos. Os lados pesados e melódicos revezam-se harmonicamente, dando a deixa para mais uma balada prog em “You From You”.
No momento em que o disco chega perto do final, o ouvinte não espera mais surpresas, mas que faixa incrível é “Leaden Saints”! Um início que lhe engana, fazendo-lhe pensar que a banda vai colocar um pé no Thrash, então, de súbito, tudo para e o teclado faz uma reviravolta na direção para onde a música ia. O groove da faixa é muito denso e o arranjo demonstra intenções épicas. Sem dúvida, o maior destaque do álbum.
“Run” adequa-se perfeitamente para vir na sequência de “Leaden Saints” e encerrar o álbum. A sua melodia e o seu refrão possuem aquela qualidade meio Pop, aquela vibração de música de fim de show, com a necessidade de encerrar um espetáculo, ou, no caso em questão, um álbum, de uma forma otimista. Aliás, como não ser otimista em relação ao Evergrey depois de escutar o disco completo? Essa é uma banda que está no seu melhor e promete muito mais no porvir.

Escape of the Phoenix – Evergrey
Gravadora: AFM Records
Data de lançamento: 26.02.2021
Tracklist
01 Forever Outsider
02 Where August Mourn
03 Stories
04 A Dandelion Cipher
05 The Beholder
06 In the Absence of Sun
07 Eternal Nocturnal
08 Escape of the Phoenix
09 You from You
10 Leaden Saints
11 Run
Formação:
Tom S Englund – Vocal, Guitarra
Henrik Danhage – Guitarra
Rikard Zander – Teclado
Jonas Ekdahl – Bateria
Johan Niemann – Baixo