O tempo realmente passa muito rápido. Sem perceber, encaminhamo-nos para três anos do lançamento de “Savagery”, álbum de estreia da banda cearense Steel Fox, que, à época, já trazia na bagagem uma história de vinte anos. Entendendo que não é hora de descansar, o quinteto, agora renovado, soltou seu mais novo e excelente trabalho, “Red Snow”.
De antemão, a capa, muito boa e trazendo o mesmo guerreiro presente em “Savagery”, em uma excelente ilustração do já consagrado artista Alcides Burn. Na parte sonora, dez novas demonstrações de técnica, melodia, velocidade e amor pelo estilo, que pegarão os aficionados por Power Metal em seus pontos mais sensíveis. O álbum abre com “Dreams of the Innocent”, seguindo o mesmo padrão de começar “full speed ahead”, tal qual no disco anterior. O intervalo entre os lançamentos foi suficiente para que os novos integrantes, Tiago Rezakk (guitarra) e Bosco Lacerda (bateria) se ambientassem por completo e, o que se ouve, é um quinteto absolutamente entrosado.
Esse entrosamento, inclusive, é perceptível quando vemos os créditos das músicas e percebemos que todos participaram do processo criativo, em uma faixa ou outra, sendo apenas Daniel Camelo, guitarrista fundador, o compositor onipresente. Independente, porém, de qual integrante colaborou para determinada música, o que sobressai é a percepção de que o disco soa coeso como um todo. As dez faixas se comunicam entre si, perfazendo um conjunto sem pontos fora da curva.
“Blades of Revenge” vem na sequência, tangenciando o Thrash Metal, com guitarras que soam como ferramentas afiadas. Em “Requiem for a Murderer” a velocidade diminui um pouco, trazendo aquele necessário tom de variedade ao disco, dentro de uma música que expõe a clara influência do Manowar sobre a Steel Fox. Esse andamento se mantém pela faixa seguinte, “Hellish March”, com uma atuação bem precisa de Bosco e do baixista Philipe Praciano.
A velocidade incisiva retorna com a faixa título, onde Tiago e Daniel distribuem palhetadas e solos de bom gosto, fato que se repetirá no ataque massivo de “The Man Without King” e na cativante “City of Hell”. Chegando nesse ponto do disco, já deveríamos ter falado da atuação magnífica de Robson Alves, uma das grandes vozes do estilo, seja qual for a abrangência geográfica que você esteja considerando.
“Raging Tides” inicia com muita contundência e demonstra que o Steel Fox sabe trabalhar suas referências, convertendo-as para um resultado com cara própria. A faixa possui elementos que mesclam Running Wild e Iron Maiden, mas sem que finde por se assemelhar com qualquer um dos dois. A banda demonstra muita inspiração para criar tantas levadas velozes e jamais soar repetitiva, tal qual verificamos em “The Clash of Worms”, já perto do final. Nesse momento, vem à lembrança a existência de tantos e tantos discos que começam extremamente bem, mas que, depois da terceira ou quarta música, apresentam o material menos empolgante. Isso não ocorre aqui! As faixas vão se sucedendo e o álbum parece ficar cada vez melhor, até o efetivo ápice que acontece em “Night People’s Curse”. Que música, que porrada, que encerramento!
Como já foi dito, foram muitos anos crescendo, evoluindo e desenvolvendo seu poderio nos palcos antes do primeiro álbum. “Red Snow” é mais do que uma sequência. É uma confirmação e, ouso dizer, um termo de compromisso. O que vier da Steel Fox, no futuro, será avaliado tendo este disco como referência. É um ponto alto, mas eu sei que eles superam.

Red Snow – Steel Fox
Data de lançamento: 07.05.2021
Gravadora: STF Records
Tracklist:
01 Dreams of the Innocent
02 Blades of Revenge
03 Requiem for a Murderer
04 Hellish March
05 Red Snow
06 Raging Tides
07 The Man Without King
08 City of Hell
09 The Clash of Worms
10 Night People’s Curse
Formação:
Daniel Camelo – guitarra
Robson Alves – vocal
Philipe Praciano – baixo
Tiago Rezakk – guitarra
Bosco Lacerda – bateria