Após cinco anos de muita espera, os franceses geniais do Gojira estão de volta com o seu sétimo álbum de estúdio, Fortitude, que chega via Roadrunner Records.
Primeiramente, gostaria de dizer que não será um álbum que agradará todos os fãs, pois aqui temos um projeto ousado, diferente de tudo o que o Gojira já fez. Então, esqueça o Death Metal mais agressivo de Terra Incognita (2001), ou a fase de ouro com From Mars To Sirius (2005) e The Way Of All Flesh (2008), o auge técnico de L’enfant Sauvage (2012), e até mesmo o já ousado Magma (2016), pois o que temos aqui em Fortitude é algo único.
Mas não se engane em uma primeira ouvida, não é um álbum ruim, mas você, ouvinte, com certeza vai começar a audição esperando ouvir aquele Gojira de sempre, com suas influências progressivas, com riffs épicos e técnicos, com compassos loucos na bateria de Mario Duplantier, além de refrões que transformam o Mosh em uma guerra, porém, não é bem isso que você encontrará.
Faixas como The Chant, uma das liberadas com antecedência, mostram a direção que a maioria das faixas tomam: uma cadencia muitas vezes sonolenta e que não empolgam nem um pouco. The Trails também segue essa linha mais cadenciada, e infelizmente parece ser uma faixa feita somente pra preencher tracklist.
Também há faixas onde essa ousadia funciona bem, como Hold On, que é uma faixa que vai crescendo, com um riff muito característico da banda, ganha corpo no segundo minuto e um peso agradável. Nada veloz ou épico, mas é muito competente. New Found é outra que tem suas peculiaridades mas não perde o DNA da banda, uma faixa que representa bem o que dá certo no álbum. Da liberadas antes, Another World é a que mais transmitiu o que a banda busca nessa nova sonoridade, algo mais cadenciado, sem perder sua essência. Aponto ela como a que melhor representa a ideia de Fortitude.
Para os fãs Old School, já tínhamos o gostinho de Born For One Thing, Amazonia e Into The Storm, com a terceira sendo a mais bem trabalhada do álbum, mesclando muito bem o peso e, algo que não era tão explorado na banda, um refrão mais melódico. Ainda temos duas faixas que são mais pesadas e remetem ao Gojira de antigamente: Sphinx, que lembra muito o que a banda fazia na fase de ouro, com vocal mais gutural, e a faixa final, Grind, que tem o toque mais épico que a banda dá em certas faixas, ainda assim, bem menos agressiva que o normal.
Ainda que a banda deixou bem claro a proposta do trabalho, ainda é estranho ver a direção que a banda tomou em Fortitude. Não consigo enxergar uma faixa que será aproveitada em turnês futuras — talvez Amazonia e Into The Storm, e possivelmente Sphinx, mas falta aquela música mais impactante, como foram Backbone, L’enfant Sauvage, Silvera e Stranded. Os riffs, ainda magníficos, deram uma diminuída na velocidade, assim como a bateria, que era muitas vezes o diferencial, aqui se limita demais, quase não usando o segundo pedal.
A temática do álbum é magnífica, abordando temas como o desmatamento da Amazônia e como isso afeta o mundo e os nativos da floresta, além de questões do meio ambiente em geral, disso não há queixas, tudo maravilhoso, assim como a mixagem e produção que são lindas. No seu tempo, ouça mais de uma vez com calma e mente aberta, você vai encontrar uma linda obra, diferente mas ainda brilhante.
Gojira — Fortitude
Data de lançamento: 30 de Abril de 2021
Gravadora: Roadrunner
Tracklist:
1. Born For One Thing
2. Amazonia
3. Another World
4. Hold On
5. New Found
6. Fortitude
7. The Chant
8. Sphinx
9. Into The Storm
10. The Trails
11. Grind
Formação:
Joe Duplantier — vocais/guitarras;
Mario Duplantier — bateria;
Christian Andreu — guitarras;
Jean-Michel Labadie — baixo.
NOTA: 8,0
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