Quem ama o Rock e principalmente a cena de Seattle dos anos 90 conhece a banda Pearl Jam. Um dos maiores fenômenos da década, a banda tem em seu vocalista um ótimo compositor, além de ser um grande frontman.
Pearl Jam é aquela típica banda que já nasceu pronta. É claro que a base da banda veio de trabalhos promissores anteriores como Green River e Mother Love Bone que, por motivos diferentes, acabaram não seguindo em frente. Esta base unida a um grande músico como Eddie Vedder só poderia render ótimos frutos. E rendeu.
A banda já iniciou seus trabalhos com seu maior sucesso comercial: o disco Ten (1991) tem o número estimado de vendas ultrapassando os 20 milhões de cópias; um feito para poucos.
A banda segue em atividade até os dias atuais e já lançou o total de 11 discos de estúdio, além de trabalhos ao vivo, compilações e extras. Mas não há dúvidas que o disco Ten (1991) ainda segue sendo o preferido de muitos amantes do estilo.
Dentre as faixas presentes neste trabalho de estreia, talvez a mais conhecida da banda seja Alive. O que poucos sabem é que ali há um desabafo tão grande que Eddie Vedder chega a acreditar que estar vivo naquele momento para compor aquela música chega a ser uma maldição. Para Eddie foi uma maldição por um tempo.
O músico crescera acreditando conhecer sua própria história: pai, mãe e irmãos morando na mesma casa. O que ele veio descobrir apenas aos 13 anos de idade foi que o homem que sempre acreditara ser seu pai era, na verdade, um padrasto. Sua relação com seu padrasto jamais fora boa e Eddie sofria muito por isso. Ao crescer e descobrir que na verdade seu pai era outra pessoa fora um alívio, mas, também, uma maldição.
A maldição da música ocorre quando Eddie descobre quem realmente fora seu pai: um homem que era amigo da família e que o músico chegara a conhecer, mas sem saber que se tratava de seu pai. O problema foi que o frontman, ainda quando adolescente, recebeu esta notícia tarde demais: seu verdadeiro pai havia morrido um ano antes de sua descoberta.
Quando o refrão de Alive diz “I ohh I’m still alive” ele não comemora por estar vivo, mas sim amaldiçoa sua condição de vida de tão grande que foi sua decepção pela notícia e por não ter tido tempo de aproveitar um pouco a companhia de seu pai sabendo quem o era. Aliás, não fora apenas nesta faixa que Eddie citou a ausência do pai e a dor de não ter tido chance de aproveitar os momentos de vida ao seu lado, outras do disco e de outros também tratam sobre o mesmo tema. Porém, nenhuma é tão profunda quanto Alive e nenhum desabafo é tão forte quanto esta maldição.
O que no início fora um fardo (cantar esta música e reviver tais lembranças), com o tempo tornou-se um alívio: ao ouvir o público adotar esta música e cantá-la a plenos pulmões nos shows foi como se ela houvesse mudado seu significado, transformando-se de alguma forma positiva o fato de ainda estar vivo. E isto é real. Tanto que o Pearl Jam não é banda de fazer média com ninguém: seja público, seja gravadora, seja imprensa e, mesmo depois de anos, ainda seguem tocando esta música em seus shows. Talvez se Eddie não se sentisse mais confortável em cantá-la, ela já teria saído do repertório, assim como Smells Like Teen Spirit saiu do repertório do Nirvana, mesmo com apelo positivo popular e de crítica.
Sendo assim, é possível que ainda haja esperança na dor, haja cura em algum momento e esta traga esperança em manter-se vivo para enfrentar os problemas. Talvez o fato de Eddie se expressar e tirar de dentro de si tais angústias foram cruciais para que ele aprendesse a lidar com este problema e agora, abraçado por milhões de fãs e milhares de pessoas que também se identificam com a história, seja mais fácil encarar o problema e valorizar o fato de estar vivo.
Luka Salomão, apresentadora da rádio 89 FM e estudante de psicologia, falou um pouco sobre a história de Eddie Vedder em seu canal do Youtube, trazendo à tona o que este sentimento de decepção trouxe ao músico. O nome do quadro é Cada Caso um Caos e trata sobre grandes nomes da música e como eles reagiram diante de várias situações emocionais complexas e complicadas, trazendo uma relação de sua postura, de sua arte à sua vida em geral, discutindo os aspectos individuais e tentando entender um pouco a situação individual de cada artista.
Segue abaixo o vídeo onde ela relata sobre Eddie Vedder, basta clicar e conferir.
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