Metal Além da Música #14: Manguebeat

“Metal Além da Música” é um quadro criado pelos redatores Jéssica da Mata e Renan Soares com o objetivo de falar dos principais estilos dentro do Rock/Metal. A proposta é abordar características peculiares, estilo visual, ideais e mais. Como diz o título da coluna: Metal Além da Música!

O Rock e o Metal são dois dos maiores gêneros musicais que surgiram com o propósito de “protesto”, marcando a sociedade através das décadas com seu visual e atitude. Com o passar dos anos, foram aparecendo novos estilos e vestimentas especificas, e com eles, ideais sobre diversos assuntos, como política, sociedade e religião.

Punk, grunge, gótico, emo, são alguns dos estilos que vocês conhecerão por aqui, desde o seu surgimento, características, convicções e curiosidades.

Hoje, tenho orgulho de dizer que falaremos de um dos únicos movimentos do meio do Rock que surgiu genuinamente no Brasil, mais especificamente no estado de Pernambuco.

Durante um período que a música estrangeira dominava a indústria no Brasil, em 1991, várias bandas pernambucanas decidiram inovar no som da época, e dar uma nova cara ao som regional, conquistando o Brasil, e até mesmo o mundo.

Esse movimento certamente é o chamado Manguebeat, que sonoramente, misturava o Rock com diversos estilos regionais pernambucanos, principalmente o maracatu, que ficou presente principalmente com o som das batidas das alfaias. Outros ritmos inclusos nessa verdadeira salada mista de sons são o Coco, Cavalo Marinho, Hip Hop e Música Eletrônica.

Ideologicamente, o movimento Manguebeat, como o nome já diz, abordava bastante a questão da realidade dos mangues, falando tanto da importância ambiental do bioma, quanto da situação daqueles que viviam do mesmo, levantando assim várias questões relacionadas a desigualdade social.

https://www.youtube.com/watch?v=fz13_ZjDs2M

Para quem conhece o movimento, sabe muito bem que a história do mesmo anda de mãos dadas com uma banda… Aliás, com uma figura em específico, que é o cantor olindense Chico Science, que fazia parte da banda Chico Science e Nação Zumbi.

Mas claro, apenas de ser o nome mais relevante, o movimento não se resumia apenas a Chico Science e Nação Zumbi, tendo também bandas como Mundo Livre S.A, Sheik Tosado, Mestre Ambrósio, Comadre Fulozinha, e outros.

Como mencionei anteriormente, o movimento teve seu início em 1991, mas podemos dizer que o seu “marco zero” foi o Manifesto dos Caranguejos Com Cérebro, assinado pelo próprio Chico Science e por Fred 04, vocalista da banda Mundo Livra S.A.

No Manifesto em questão está presente toda a parte ideológica do Manguebeat, tendo como principais símbolos a imagem de uma antena parabólica colocada na lama do mangue, e claro, caranguejos, a principal fauna, deixando claro a inclusão da tecnologia no movimento como forma de passar a sua mensagem.

E com essa miscigenação sonora e regionalidade, o Manguebeat conquistou o público pernambucano, tendo depois conquistado os brasileiros em geral, chegando até a mostrarem esse novo som genuinamente nordestino para fora do país.

Certamente, os discos mais relevantes do movimento foram o “Da Lama Ao Caos” (1994) e o “Afrociberdelia” (1996), ambos de Chico Science e Nação Zumbi, que é o principal representante do Manguebeat.

Tanto que por isso, podemos dizer que o movimento perdeu força após a morte de Chico Science em um acidente de carro, ocorrida em 2 de fevereiro de 1997 na cidade de Olinda. O músico tinha 30 anos.

Mesmo após a morte de Chico, o próprio Nação Zumbi seguiu na ativa, agora com Jorge Du Peixe nos vocais, e até hoje a banda tem um local de prestígio principalmente na cultura pernambucana, sendo praticamente uma figura carimbada nos períodos carnavalescos, não apenas realizando shows eles mesmos, mas também tendo suas músicas reproduzidas por outros artistas, sejam eles conhecidos, anônimos, dentro ou fora do Rock. Outra banda do movimento que ainda permanece na ativa é o Mundo Livre S.A.

Apesar do Manguebeat não ter mais a mesma força no mainstream que teve em meado dos anos 90, o legado do mesmo permanece até hoje principalmente na cultura pernambucana, já que a sua música foi um símbolo de resistência para a música brasileira como um todo, que conseguiu se inovar. Isso sem falar nas próprias mensagens passadas nas letras, que ecoam até os dias de hoje.

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