Resenha: The Obsessed – Sacred (2017)

Dentre as pioneiras do Doom Metal oitentista, a banda The Obsessed é a menos lembrada por aqui. Em meio aos atos Doom soturnos de Pentagram, Saint Vitus e Trouble, o The Obsessed foi quem sempre teve um flerte forte com o Hard Rock. Transitando facilmente entre músicas mais lentas e Hard’s mais animados, a banda lançou três álbuns de estúdio entre 1990 e 1994, e desde então não lançara mais nada inédito, até agora, com o lançamento de Sacred, via Relapse Records.

A banda fundada em 1976 e liderada pela lenda do Doom Metal Scott “Wino” Heinrich (vocais, guitarra, Saint Vitus, etc.) ficou um bom tempo de molho desde 1995, sendo retomada em definitivo no ano de 2016. Muito em parte pelo envolvimento de Wino em vários outros projetos como o próprio Saint Vitus onde é vocalista, a banda de Storner/Doom Spirit Caravan e o Place Of Skulls, banda do guitarrista Victor Griffin (Pentagram), dentre várias outras incursões. Com o anúncio do retorno do The Obsessed e da quebra do jejum de 23 anos sem lançamentos inéditos, Wino criou uma grande expectativa entre os fãs do gênero maldito em sua forma mais tradicional. E tais expectativas foram até mesmo superadas com Sacred.

Pesado, sujo e ao mesmo tempo melódico e cheio de arranjos mais elaborados, Sacred soma muitos pontos a curta e conceituada discografia do The Obsessed. A formação composta pelo guerreiro Wino, por Dave Sherman (baixo) e Brian Constantino (bateria), seus companheiros de Spirit Caravan, registrou catorze faixas, incluindo aí duas faixas-bônus, tais que, unidas, formam um disco consistente, sem nenhuma falha de evolução ou buracos, prezando sempre pela fidelidade ao Doom oitentista com dosagens generosas do Hard/Heavy setentista e momentos “motörheadianos”. Tudo aqui é guiado por riffs, como todo bom Heavy Metal deve ser. A faixa Sodden Jackal, reaproveitada de um single de 1983, reaparece na discografia da banda de Wino mais forte e robusta, transparecendo toda a morbidez do Doom. Punk Crusher é Motörhead puro, com os pedais duplos de Brian destruindo tudo em volta no refrão, contrastando com a faixa-título que vem logo a seguir, que é uma bela e letárgica psicodelia.

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Outros destaques ficam com a setentista It’s Only Money, com o instrumental repleto de groove de Cold Blood, a melancólica Stranger Things e o Hard Rock de Razor Wire (o refrão vai grudar no seu cérebro!). Wino continua se mostrando um grande compositor com arranjos bem pensados e com mão-direita bastante precisa na guitarra. Suas passagens por mil bandas diferentes dentro do cenário Stoner/Doom só fez agregar novas ideias e engenhosidade a sua cabeça pensante. Sua voz rouca continua sendo a coroa da sonoridade da banda da cidade de Maryland, EUA. A cozinha faz um trabalho fenomenal em se tratando de levadas bem tramadas e criativas, mas sem ir além do básico quando só o simples se faz necessário e suficiente. Se você ainda não conhece o The Obsessed, pode ir fundo em Sacred; agradará tanto a fãs de Doom como também a quem é chegado num Hard mais pulsante.

Os fãs do gênero lento do Heavy Metal tem muito que comemorar com a volta triunfal da lenda The Obsessed. 23 anos de espera foram ricamente recompensados através da banda de Wino, e Sacred já é sim um grande destaque do ano corrente. Após uma rápida tentativa do grupo de ser um quarteto com a entrada da bela guitarrista Sara Seraphim, 2017 começou com o The Obsessed voltando a tradicional formação em power-trio com Wino, Brian e o novo e velho conhecido baixista Reid Raley. Vida longa ao The Obsessed. E que não demorem mais 23 anos para lançar um novo full-length; porque, depois de Sacred, o fã só vai desejar se inebriar mais e mais desta obsessão.

Sacred – The Obsessed (Relapse Records, 2017)

Tracklist:

01. Sodden Jackal

02. Punk Crusher

03. Sacred

04. Haywire

05. Perseverance Of Futility

06. It’s Only Money

07. Cold Blood

08. Stranger Things

09. Razor Wire

10. My Daughter My Son

11. Be The Night

12. Interlude

13. On So Long (bônus ed. ltda.)

14. Crossroader Blues (bônus ed. ltda.)

Line-up:

Scott “Wino” Weinrich – vocais, guitarras

Dave Sherman – baixo

Brian Constantino – bateria

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