O Metal Voice é um quadro da Roadie Metal criado por cinco redatores, cujo o ponto em comum é o fato de serem, ou já terem sido, vocalistas de bandas de Rock/Metal. Nos textos, serão publicadas entrevistas com diversos vocalistas, onde cada um contará a sua história e trajetória até chegar no posto de frontman/frontwoman de uma banda, indo dos detalhes pessoais até o mais técnicos, com total enfoque na questão vocal.
Nesta nova safra de bandas brazucas, hoje vos apresento – àqueles que ainda não conhecem – um dos destaques da cena catarinense: As The Palaces Burn, que conta com o Alyson Garcia nos vocais. Vamos bater um papo, sobre sua formação musical, técnica vocal e o mercado musical atual.
Roadie Metal: Hailz Alyson! Apresente-se como músico, e apresente seus projetos atuais.
AG: Vamos lá, sou o Alyson Garcia Alves, apaixonado pelo estilo musical desde os 12 anos de idade, quando tive o primeiro contato com o heavy metal. Tenho dezesseis anos de estrada de voz cantada profissional e atualmente sou o vocalista da banda de heavy metal catarinense As The Palaces Burn.
Roadie Metal: Alyson, é notável o seu trabalho vocal com a As The Palaces Burn, principalmente no mais recente trabalho, o EP “All The Evil”, que demonstra um amadurecimento musical geral do grupo, e em se tratando das linhas vocais, chama atenção a sua desenvoltura e versatilidade. Qual o desafio de gravar esta faixa?
AG: All The Evil representa um amadurecimento em todos os aspectos para o grupo, em se tratando dos vocais, é uma música com várias nuances e isso proporciona interpretações distintas e mais emotivas. A definição da construção de cada frase, adição de drives específicos e fusão com o contexto lírico da composição foi a chave para a construção desta forte música.
Roadie Metal: Interessante mencionar que tivemos até um concurso para esta música né? Teremos, no futuro, algo semelhante para com os vocais de algum novo single?
AG: Sim, a ideia partiu do Gilson Naspolini, nosso baterista que promoveu o concurso Drum Cover All The Evil. Foi uma forma eficiente de fazermos marketing do novo trabalho e ter a participação de quem curte o nosso som. Como a fórmula funcionou bem, talvez em breve possamos aprontar algo parecido..
Roadie Metal: Ainda sobre As The Palaces Burn, como você se sente fazendo parte de uma das bandas mais promissoras do cenário catarinense?
AG: Sempre falo aos meus companheiros de banda, que é um privilégio estar dentro desse time, nosso convívio é muito divertido e didático. Acho que juntos crescemos muito. E isso se reflete nas nossas músicas. Eu Fiquei afastado das atividades musicais durante alguns anos. E o retorno com a ATPB não poderia ser melhor!
Roadie Metal: A todos que acompanham sua carreira, sabem que nada cai do céu, que os voos alcançados são frutos de muito suor e trabalho. Conte-nos como você se tornou um vocalista, e se quiser, mencione alguns de seus projetos do passado.
AG: Como a maioria, ouvia os clássicos e cantarolava as músicas nos churrascos e encontros da galera. Um amigo falou: Alyson tua voz é bacana cara! Foi ai que se iniciou a saga em garagens tentando cantar as músicas. Era empolgante conseguir reproduzir algo que já era sucesso. De garagem em garagem, fui conhecendo a galera da cidade que se sintonizava com o meu gosto musical. Com isso vieram as primeiras bandas. Assim busquei aulas de técnica vocal para entender e aprimorar o canto. Passo a passo fui aprendendo as diversas técnicas. Em seguida surgiu a banda autoral, ao qual pude criar uma identidade vocal e proporcionou o crescimento gradual. Durante o tempo ao qual fiquei sem integrar bandas, busquei estudar e fazer cursos especializados em canto rock/metal. Quando surgiu o convite para integrar a ATPB eu sabia que estava pronto para voltar!
Roadie Metal: Para chegar neste estilo particular de vocal, quais foram as influências vocais que mais lhe alimentaram?
AG: Foi um desafio criar uma identidade vocal, sendo que para isso temos inúmeras influências que conduzem os trejeitos e formas de se expressar. Mas posso apontar vozes que marcaram muito na minha formação musical, como André Matos, Sebastian Bach, Rob Halford, Glenn Hughes, Bruce Dickinson, Warrel Dane e Geoff Tate.
Roadie Metal: Percebe-se nas linhas vocais utilizadas na ATPB influências de outras vertentes do metal, mais extremas tipo scream e gutural. De onde surgiu essa ideia?
AG: A sonoridade da banda é a fusão de vários elementos e estilos, e uma das características é esse contraponto vocal, a mistura de vocais limpos, cheio de drives e horas agressivos, o que acompanha o contexto das composições. Naturalmente isso foi se imprimindo como marca registrada. O feedback dos ouvintes tem comprovado que estamos trabalhando na medida certa.
Roadie Metal: Referente ao seu estilo, que é muito versátil, como você trabalha as aplicações das linhas vocais (drives, vocais limpos, líricos) nas composições?
AG: De acordo com o conceito da música, inicio algumas formas de interpretações, a forma de cantar em um formato mais linear e limpo, em seguida vou adicionando os drives e esquemas vocais para trazer as tensões para cada verso, passo a passo vou desenvolvendo as linhas e colocando o tempero e as minhas características ficam evidentes.
Roadie Metal: Qual a sua rotina de treino e condicionamento para manter-se bem tecnicamente e ter rendimento necessário para executar as músicas da ATPB?
AG: Com a banda, iniciei outra forma de preparação e aquecimento. Como eu passeio pelo crossover vocal, preciso estar preparado para todas as manobras. Me condiciono fazendo exercícios de aquecimentos e relaxamento por métodos empíricos e específicos. No dia a dia é possível se exercitar alguns minutos para ir condicionando o organismo. Assim quando são executadas as músicas o trabalho fica mais tranquilo.
Roadie Metal: Você mantém alguma rotina que intensifique os cuidados para com a sua voz?
AG: Primeiro dormir bem, beber muita água, não consumir bebida alcoólica antes das apresentações e nas preparações, aquecimento e desaquecimento vocal.
Roadie Metal: E falando em vozes marcantes, nos conte como foi o desafio de regravar e homenagear dois grandes clássicos do metal, as músicas Abigail do King Diamond e Hall of the Mountain King do Savatage?
Dois clássicos, a responsabilidade foi enorme! Mas sabíamos que esses desafios poderiam evidenciar minhas virtudes vocais e me traria evolução. Tudo foi devidamente estudado, o meu objetivo era homenagear, adicionando minha personalidade, porém mantendo o que era mais marcante nas linhas vocais. O resultado para mim ficou sensacional, fiquei muito orgulhoso.
Roadie Metal: Quais são os seus próximos passos pessoais em relação ao canto rock/metal?
AG: O foco continua com a As The Palaces Burn, em 2021 temos muitos planos, como o lançamento do videoclipe de All The Evil, um novo single e provavelmente o novo álbum.
Roadie Metal: Que recado você deixaria para quem deseja cantar e ou ter um grupo de metal atuante?
Primeiro, comprometimento consigo mesmo e com a banda (propósito). Segundo aproveitar o tempo para investir em cursos, identificar o estilo, potenciais a serem explorados e se desafiar sempre para um novo patamar. E terceiro, agir como gente grande, ter atitudes profissionais, fazer o que tiver pela frente com o maior capricho possível. Pois o sucesso é construído e precisa ter constância.