Discutir o tamanho e importância do Yes para o Rock Progressivo é, como diz o ditado popular, “chover no molhado”. Mas toda essa importância não impediu que vivessem seus altos e baixos na carreira, e no final dos anos 70, auge do movimento Punk, a banda estava sob fogo pesado dos detratores. Os motivos? Em primeiro lugar, o Yes era um dos maiores símbolos do exagero, do ego inflado e do pedantismo do Rock Progressivo dos anos 70. Fora isso, vinham de um álbum para lá de discutível, Tormato, de 1978, que nem mesmo os fãs conseguiram engolir muito bem.
Foi assim que a banda deu início ao processo de composição de seu 10º álbum de estúdio, intitulado “Drama”. O que poderia ser uma solução, se mostrou um problema maior ainda, já que devido as famosas diferenças criativas, o vocalista Jon Anderson e o tecladista Rick Wakeman simplesmente saíram da banda. Basicamente os dois queriam se aprofundar no que vinha sendo feito, enquanto o restante da banda queria adotar uma linha mais “direta e pesada”. Para seus lugares, vieram Trevor Horn e Geoff Downes respectivamente, ambos do grupo new wave The Buggles.
“Drama” foi lançado no dia 22 de agosto de 1980, e é desnecessário dizer que uma parte dos fãs torceu o nariz para o trabalho. O motivo? A qualidade? Não, apenas o fato de não ter Jon Anderson nos vocais. Isso aparentemente era motivo suficiente para que desaprovassem o álbum, afinal, como os demais músicos restantes poderiam ousar gravar um álbum sem o lendário vocalista. Como se o trabalho anterior, com Jon nos vocais, tivesse sido um prior de qualidade. Em suma, fã sendo fã.
Mas falando especificamente de “Drama”, ele passa longe de ser um álbum fraco, e as críticas tecidas por alguns a ele são totalmente sem fundamento. Claro que por ser um álbum de transição, carregando em si elementos do Yes tanto dos anos 70 quanto do que a banda viria a fazer nos anos 80, ele passa longe de ser brilhante, mas ainda sim é um trabalho consistente e com músicas que se deixam escutar com facilidade, até mesmo por quem não é fã da banda, como meu caso.
São 6 músicas em pouco mais de 36 minutos, onde poderia destacar “Machine Messiah”, mais pesada, mas que não abandona a sonoridade tradicional da banda, “Does It Really Happen?”, uma música que nos lembra o que o Yes foi, e apresenta o que viriam a ser no futuro próximo, com destaque para as magistrais linhas de baixo de Chris Squire, a ótima “Into the Lens”, onde Horn não tenta emular Anderson, sendo apenas ele, e Tempus Fugit, com bons riffs e ótimas harmonias vocais.
“Drama” é a prova que, quando egos são deixados de lado, boa música pode e vai ser feita.
Data de lançamento: 22 de agosto de 1980
Gravadora: Atlantic Records
Tracklist:
1 – Machine Messiah
2 – Man in a White Car
3 – Does It Really Happen?
4 – Into the Lens
5 – Run Through the Light
6 – Tempus Fugit
Formação:
Trevor Horn (vocal)
Steve Howe (guitarra)
Chris Squire (baixo)
Geoff Downes (teclado)
Alan White (bateria)
