Uma das coisas que mais me agradam nesse quadro Roadie Metal Cronologia, é a versatilidade. Em uma ocasião escrevemos sobre uma banda de Hard Rock, em outra sobre uma de Black Metal e por aí vai. Hoje no cardápio, por exemplo, temos o Rock Progressivo do Yes – uma banda que todos têm a obrigação de conhecer pelo menos uma música que seja!
Considerado como um importante marco na carreira da banda, ‘Fragile’ foi lançado no Reino Unido em novembro de 1971 pela Atlantic Records. Além de ser é o quarto disco na discografia do Yes, foi o primeiro a contar com o trabalho gráfico do conceituado artista inglês Roger Dean.
Sendo facilmente uma das peças musicais mais famosas do Yes, com seus 8:33, “Roundabout” inicia a nossa curiosa jornada de hoje. Claro, algumas pessoas podem apresentar uma certa reação “alérgica” quando se deparam com composições extensas, mas se esse for o seu diagnóstico, deixe-me lhe tranqüilizar, pois aqui a diversidade é tão grande, que esses quase nove minutos passam sem que nem percebamos direito!
“Cans and Brahms” é composta por trechos da 4a Sinfonia em E menor – terceiro movimento -, do compositor alemão Johannes Brahms (1833-1897), com arranjos do tecladista Rick Wakeman – até então fazendo a sua estréia na banda. Do clima erudito, a curta “We Have Heaven” transporta o ouvinte às viagens malucas dos anos 70, porém, não faria falta alguma se não estivesse no track list…
Sem mais enrolações enfadonhas, o magistral Rock Progressivo ao qual o Yes está associado finalmente retorna aos trilhos com um dos grandes momentos da audição, “South Side of The Sky”, que assim como a faixa de abertura, seus oito minutos também são imperceptíveis, graças a passagens um pouco mais pesadas e outras mais suaves (por mais simples que possam parecer, algumas notas de piano fizeram toda a diferença!).
A vinheta “jazzistica” “Five Per Cent For Nothing” foi uma pequena cortesia do baterista Bill Bruford (que logo iria entrar para o King Crimson). Seu único porém é que poderia ter sido melhor explorada. A envolvente “Long Distance Runaround” tem momentos dançantes, além de apresentar um belo dueto entre uma guitarra mais limpa de Steve Howe e o baixo envenenado de Chris Squire.
Ainda falando sobre lados opostos, “The Fish (Schindleria praematurus)” é outra das viajantes, ao passo que a seguinte, “Mood for a Day”, é uma peça inteiramente voltada ao violão clássico. Ou seja: um luxo que poucas bandas têm a capacidade de oferecer, com tanta naturalidade e talento coletivo de seus integrantes.
Já que duas das maiores faixas do álbum fizeram a minha alegria, é hora do grand finalle com “Heart of the Sunrise” e é óbvio que seus quase 11 minutos e meio não iriam me desapontar! Composta por Jon, Chris e Bill, pode aparentar ser exclusivamente instrumental, mas calma que o vocal entra ali perto dos 4:00. Nessa altura da audição o fôlego já não mais existe, porém é preciso continuar tendo bastante atenção a cada nuance e levada que acontece – e não é pouca coisa -, em uma das composições que acredito estar na enciclopédia musical de amantes do Progressivo clássico.
Antes de encerrar, apenas uma recomendação: gosta de boa música ou ainda não conhece o Yes? Então faça um favor a si mesmo e aprecie sem moderação esta obra chamada ‘Fragile’!
Faixas:
01. Roundabout
02. Cans And Brahms
03. We Have Heaven
04. South Side Of The Sky
05. Five Per Cent For Nothing
06. Long Distance Runaround
07. The Fish (Schindleria praematurus)
08. Mood For A Day
09. Heart Of The Sunrise
Formação:
Jon Anderson (vocal)
Chris Squire (baixo e vocal)
Steve Howe (guitarras e violão)
Bill Bruford (bateria e percussão)
Rick Wakeman (órgão Hammond, piano, RMI 368 Electra-Piano, Mellotron, Moog).