Geralmente é o álbum de estreia que leva o próprio nome da banda, porém o Pearl Jam é tão exótico e diferente que deixou isso para quando tinha seus 15 anos de carreira.

Pearl Jam (2006) é o oitavo álbum de estúdio da banda Pearl Jam e foi lançado dia 02 de maio de 2006.  O álbum traz uma sonoridade mais agressiva, de volta às faixas do início do trabalho da banda, tendo ótimas músicas, bons refrães e ótimo trabalho instrumental.

Aliás, os solos de guitarra são muito bem elaborados e apresentam uma técnica apurada que a banda nem sempre vinha apresentando em discos anteriores.

Sem dúvida Pearl Jam (2006) – muito conhecido por sua polêmica capa onde se encontra um abacate – é um dos melhores trabalhos da banda. Infelizmente o saudosismo faz com que as pessoas tendam a ouvir apenas os clássicos das bandas. Ao falarmos em Alice in Chains, por exemplo, não são muitos que se importam com a fase pós Layne Staley (o que é um erro, pois a banda segue fazendo ótimos trabalhos). No caso do Pearl Jam, a história se repete e o saudosismo impede as pessoas de conhecerem ótimos trabalhos, dentre eles, este álbum de 2006.

Fugindo de riffs melancólicos e marcantes e optando por uma sonoridade que lembra mais um Hard Rock agressivo, a banda apresenta um disco muito mais animado e esperançoso do que apresentou no início da carreira. Aquela angústia adolescente dava lugar à experiência, junto de uma visão otimista de aprendizado, de como viver e como apresentar isto aos amantes da música: a vida vale a pena.

Isto gera uma boa reflexão, uma vez que dos grandes vocalistas ícones do Grunge de Seattle, apenas Eddie Vedder permanece vivo. Isto não quer dizer que ele não tenha passado por problemas, por tristezas, por angústias; apenas quer dizer que foi forte o suficiente para crescer com elas e superá-las e o disco fala um pouco disto.

Confira a sequência de frases da faixa de abertura do disco; aqui Vedder canta: “Eu enfrentei uma vida desperdiçada, não voltarei pra ela nunca mais. Eu escapei de uma vida desperdiçada, não voltarei pra ela nunca mais”. Este trecho relata seu amadurecimento e seu crescimento como pessoa, pois agora ele não quer desperdiçar sua vida com aquela velha angústia corrosiva, escondendo-se por trás de sexo, drogas e álcool, fugindo da realidade a todo custo e não amadurecendo com os problemas. Vedder mostra que evoluiu, a banda mostra que evoluiu.

Aliás, o Pearl Jam sempre fez aquilo que acreditava e aquilo que estava a fim de fazer. Nem todos os discos são ótimos como alguns são, porém é louvável a atitude de oferecer o produto que realmente se quer oferecer, sem temer mídia, rejeição do público ou coisas do tipo. A banda topou correr o risco e conseguiu vencer, segue lançando álbuns até os dias de hoje, segue fazendo shows pelo mundo e sempre variando repertório.

Em Pearl Jam (2006) a banda retomou a agressividade que tinha ficado um pouco de lado em trabalhos anteriores. O timbre instrumental do trabalho lembra bastante a sonoridade do Vs. (1993).

É claro que a cada lançamento da banda, o público tende a esperar um novo Ten (1991), porém isto jamais vai acontecer. É fato que a banda não quer ficar confortável em fórmulas prontas que já se provaram lucrativas e chamativas; a banda sempre optou por correr o risco e explorar sempre uma nova sonoridade.

Life Wasted é a faixa de abertura do álbum e, na minha opinião, uma das melhores músicas da carreira da banda: Hard Rock muito bem executado, contagiante, reflexivo e com um ótimo solo de guitarra, além de boa base instrumental. Aqui a banda fez o público matar um pouco a saudade do que a banda já havia apresentado no início da carreira.

Em seguida, a banda já apresenta World Wide Suicide. Aqui vemos outra faixa agressiva, com um bom refrão, ótima crescente e absurdamente contagiante. Ela foi a música inicial de trabalho do disco e certamente fez o fã criar boas expectativas quanto ao álbum. A faixa realmente é muito boa, começa com uma bateria ritmada que é preenchida por um baixo bem marcante. Aliás é o baixo que marca uma base constante e que leva a música até o fim. Um trabalho com boas nuances, uma boa levada que alterna uma calmaria com intensidade.

Já Big Wave começa com um bom riff feito pela guitarra junto do baixo, riff este que leva a música. As linhas de voz de Vedder são bem intensas, mostrando seus drives em uma região vocal mais aguda do que costuma apresentar na maioria das faixas. Mas o maior destaque fica para o solo de guitarra.

Outra que merece destaque é Inside Job, a faixa que encerra o disco. Esta faixa começa bem calma e tranquila, ganhando um pouco mais de intensidade com o passar dos minutos. A voz serena de Vedder aqui transparece uma calmaria que só é quebrada no meio quando a faixa ganha esta intensidade. Mais uma vez devo destacar o solo de guitarra apresentado aqui, sendo ainda mais bem trabalhado que o de Big Wave: bem intenso e marcante para a obra.

O trabalho é muito bem elaborado, muito bem gravado e bem distribuído, apresentando ótimas faixas e apresentando as diversas faces da banda. Com certeza um dos melhores trabalhos da geração que despontou ali no início dos anos 90.

Este é um trabalho da banda que demorei para ir atrás e conhecer. Aliás, deixo uma dica: não é só porque algum amigo ou alguém influente no meio da música diz que um trabalho não é bom que isto realmente será verdade para você; muitas vezes a pessoa não se identifica com a obra ou a mesma não mexeu com a pessoa naquele momento, mas no futuro pode ser que a pessoa passe a gostar. Falo isto pois vivi a mesma coisa com esta banda: ao perceber que muitas pessoas relevantes para minha bagagem musical diziam que os trabalhos da banda eram fracos depois dos três primeiros discos, eu acreditei e não fui atrás. Depois de muito tempo resolvi tirar minhas próprias conclusões: hoje este álbum é meu segundo trabalho preferido da banda, ficando atrás apenas do Ten (1991).

Pearl Jam – Pearl Jam
Lançamento: 02 de Maio de 2006
Gravadora: J Records

01. Life Wasted
02. World Wide Suicide
03. Comatose
04. Severed Hand
05. Marker in the Sand
06. Parachutes
07. Unemployable
08. Big Wave
09. Gone
10. Wasted Reprise
11. Army Reserve
12. Come Back
13. Inside Job

Formação

Eddie Veder – Vocais
Matt Cameron – Bateria
Stone Gossard – Guitarra
Mike Mcready – Guitarra
Jeff Ament – Baixo