Transição. Essa é a palavra que melhor define o momento vivido pelo Rush com o lançamento do seu terceiro álbum de estúdio, em setembro de 1975. Se em “Fly By Night” a banda dava indícios de um flerte com o Rock Progressivo, em “Caress of Steel”, o trio formado por Geddy Lee, Alex Lifeson e Neil Peart acrescentou uma quantidade muito mais elevada de elementos progressivos em seu furioso e altamente técnico Hard Rock.
Mais uma vez sob produção de Terry Brown, os canadenses forjaram um disco com músicas mais intrincadas e dinâmicas. Mesmo assim, engana-se quem pensa que o Hard Rock, que permeou os dois álbuns anteriores – principalmente o de estreia -, não está lá. Ele tem vez em “Caress of Steel” e pode ser conferido logo na faixa de abertura: “Bastille Day”. Pesada e que abre com um excelente, apesar de básico, riff de guitarra, além de possuir uma linha vocal marcante.
Na sequência, mais um ótimo riff, só que agora em uma música mais vibrante, com certo groove, mas que não agradou muitos os fãs, “I Think I’m Going Bald”. De qualquer modo, trata-se de uma boa composição, apesar de uma letra um tanto quanto “infantil” para os moldes do grupo. O destaque fica para o sempre excelente – mas às vezes subestimado – Alex Lifeson, que encaixa solos repletos de feeling durante a canção.
“Lakeside Park” traz texturas mais trabalhadas, é mais cadenciada e conta com uma belíssima interpretação vocal de Geddy. De quebra, e já adianta o que vem nas próximas faixas do disco. É aí entra a tal da transição. “The Necromancer”, com seus mais de doze minutos, inicia de forma mais obscura e com guitarras sobrepostas, repletas de delay e que dão todo o clima nos primeiros momentos. A banda vai crescendo junto com a canção, e o que temos até meados dos oito minutos é um Rock de extrema qualidade. “The Necromancer” é finalizada com uma melodia agradável, mas prejudicada, na minha opinião, pela utilização do famigerado fade out.
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Eis que surge a composição mais longa gravada pelo Rush até então, “The Fountain of Lamneth”. Dividida em seis partes, a música apresenta doses cavalares dos elementos presentes no som do Rush: solos de bateria, guitarras cheias de efeitos, ótimos riffs, linhas de baixo marcantes e intrincadas, belas melodias, muita dinâmica, enfim. “The Fountain of Lamneth” é épica e absurdamente maravilhosa. Um final digno de aplausos para um álbum que, infelizmente, não caiu no gosto do público e crítica à época. O álbum foi um fracasso de vendas.
Mas aos poucos “Caress of Steel” foi ganhando seu devido lugar entre os fãs e hoje recebe diversos elogios. Não se trata de um clássico, como viria a ser seu sucessor, mas é um ótimo trabalho, que serviu de impulso na evolução sonora presente nos trabalhos seguintes desses verdadeiros gênios da música mundial.
Formação:
Geddy Lee (vocal, baixo);
Alex Lifeson (guitarra);
Neil Peart (bateria).
Faixas:
01 – Bastille Day
02 – I Think I’m Going Bald
03 – Lakeside Park
04 – The Necromancer
05 – The Fountain of Lamneth